A segunda reportagem sobre a Primeira Infância traz, no Maré de Notícias, informações sobre a importância da atenção ao bebê ainda no útero e à mãe, garantindo a saúde dos dois e criando laços afetivos
Maré de Notícias #107 – Dezembro de 2019
Flavia Veloso
Na primeira reportagem da série sobre a Educação na Primeira Infância – Edição 106 -, o Maré de Notícias explica que a atenção da família à criança da faixa etária que vai até os 6 anos de idade é crucial, pois nesse momento são formados os tecidos neuromusculares, tornando um período propício para absorver informações e fixá-las.
O desenvolvimento de um feto ocorre de forma muito rápida, portanto, é importante que a mãe se cuide desde o início da gravidez. Ela deve revisar e atualizar, se preciso, sua própria carteira de vacinações e é aconselhável que proporcione a si mesma uma melhor alimentação e suspensão ou moderação com o consumo de bebidas alcoólicas. São atitudes que a mantém saudável e também evitam que o bebê se exponha a riscos que possam acompanhá-lo por toda a vida, como problemas motores, de inteligência, habilidades para absorver conhecimentos e até na saúde física ou emocional.
Recomenda-se uso de ácido fólico desde o início da gravidez, para que a formação do feto não seja prejudicada. “Por uma questão nutricional, aqui no Brasil, é comum que as gestantes tenham baixo nível de ácido fólico no organismo, já que não temos suplemento dessa substância nos alimentos”, explica Luiz Celso Vilanova, neurologista e professor da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Embora não sejam totalmente conclusivos, existem estudos que buscam provar se os sintomas de estresse e ansiedade vividos pela gestante geram consequências negativas à criança depois do nascimento e até mesmo na vida adulta. Má formação do sistema nervoso central, prematuridade e baixo peso ao nascer são alguns dos problemas que podem ser causados pelo estresse da mãe.
Os injustos fatores externos
A gravidez não é um acontecimento fácil. As, aproximadamente, 40 semanas da gravidez são, sem dúvida, um período desafiador para a mulher. Mesmo nas gestações sem quaisquer complicações sérias, gerar um ser dentro de si mexe com o funcionamento de todo o corpo da mãe.
Segundo o médico e professor, é entre a 22ª e 24ª, mais ou menos, que os sentidos do bebê começam a ficar atentos. Ele ouve os sons exteriores, a voz da mãe e até consegue sentir os batimentos cardíacos maternos. É a fase em que as pessoas já podem socializar com a criança e começar os laços afetivos com ela.
Naturalmente, a mulher fica mais ansiosa e preocupada durante a gravidez, e ainda há fatores externos que influenciam o emocional de uma gestante, principalmente quando ela vive em situações socioeconômicas que não a garantem direitos básicos. O baixo poder aquisitivo pode restringir o acesso à saúde e à educação, expondo os pais e a família a diversos riscos.
De acordo com o Dr. Luiz Celso Vilanova, isso também está associado à depressão materna e até à rejeição da família pela criança. “O bebê, no útero, acaba absorvendo os conflitos emocionais”, completa o neurologista. Por esse motivo, o apoio das pessoas mais próximas tranquiliza o momento de quem está gestando, sendo crucial para amenizar as questões externas.
Acompanhamento gratuito
Todo o período do pré-natal pode ser feito de maneira gratuita no Brasil, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), que é gerido, no Rio de Janeiro, pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O serviço prestado às gestantes da cidade é o programa “Cegonha Carioca”, que faz o acompanhamento desde o pré-natal até o parto, realizando exames e garantindo o melhor cuidado à mãe e ao bebê.
O programa proporciona estrutura e ações educativas a quem está gestando e a seu companheiro ou companheira, para que a gestante seja dignamente acolhida nesse período de intensas mudanças. Fazer uso desse equipamento pode ajudar na orientação das famílias, para melhor ponto de partida e acolhimento ao novo membro que vai chegar.