Hélio Euclides
Pescadores não podem mais atracar e aportar seus barcos para carregar e descarregar carga e embarcar passageiros. Pedaços de concreto estão na eminência de fechar a saída de esgoto, que desemboca na Baia de Guanabara. Em Marcílio Dias, o cais dos pescadores começou a ruir e o fim pode estar próximo.
“Ficamos sem um local para desembarcar. Vejo uma tragédia anunciada, já que o espaço é aberto, e podem ocorrer acidentes com crianças. Já vieram diversos secretários do governo que deram esperança, mas até agora nada. Devem voltar perto da eleição, para pedirem votos. Não é uma obra cara, mas não temos como reconstruir”, revela Helder Anselmo, presidente da Associação de Pescadores de Marcílio Dias.
Luciano Aragão, vice-presidente da Associação de Moradores de Marcílio Dias está com receio de o esgoto travar. “O prefeito atual veio quando ainda era candidato e fez promessas, mas até agora nada. Se cair toda a estrutura a comunidade vai boiar em cocô. Queremos que a CEDAE venha, dê um parecer técnico e desvie o esgoto”, almeja. Apesar da proximidade com a Estação de Tratamento de Esgoto da Penha, a comunidade tem suas águas jogadas no mar. “Até o esgoto da Marinha vai para a Baia. Se tivesse um tratamento, o local teria mais peixe, melhor qualidade de vida, não entendo porque não é feito”, reclama.
De quem é a responsabilidade?
A CEDAE mencionou não haver relação do cais com a empresa. Que vistorias feitas anteriormente, junto com a Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente, constataram que a responsabilidade pelo cais é da Marinha e a tubulação obstruída não é de rede de esgoto, mas galeria de águas pluviais. A Fundação Rio-Águas disse que a questão não é de sua competência. A Fundação Instituto de Pesca informou que o cais pertence a uma cooperativa privada de pescadores. Completou que, tendo em vista a estrutura não pertencer ao patrimônio público, o Estado não tem como utilizar recursos dos cofres oficiais para sua recuperação. A Marinha do Brasil, por meio do Comando do 1º Distrito Naval, informou que a Capitania dos Portos encaminhou uma equipe de Inspetores Navais ao local. Ao constatar a precariedade das instalações, interditou o referido cais para atracação de embarcações, notificando a Colônia de Pescadores Z-11, a fim de promover a sua regularização. A Associação de Pescadores de Marcílio Dias confirmou a visita da Capitania dos Portos, e aguarda instruções para saber quais providências tomar.