Pista de skate construída por meio de mutirão completa cinco anos

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Mobilização foi fundamental para reforma de espaço 

Esporte olímpico desde 2021, o skate consiste na prática de manobras radicais, mas também é um estilo de vida para praticantes. Na Maré, o esporte é bem praticado embaixo do viaduto da Linha Amarela, no local batizado como Espaço Cultural do Pontilhão. Conquista veio há cinco anos, quando um grupo se mobilizou e conseguiu a construção de uma pista, batizada de Maré Favela Skatepark, que serve de lazer e entretenimento para a prática da modalidade para frequentadores.

Entre a Vila dos Pinheiros e o Morro do Timbau, a prefeitura tinha construído uma mini ramp, ou seja, uma pista de nível intermediário no formato U, mas os frequentadores desejavam ir além, com uma completa. Para o sonho virar realidade, o Coletivo Skate Maré, formado em 2015 por amigos que praticam o esporte, entrou em contato com o grupo Make Life Skate Life, que trabalha com projetos de pistas em locais de vulnerabilidade social. Dessa forma o coletivo criou uma campanha de benfeitoria em maio de 2019 com o objetivo de arrecadar fundos para compra de todo o material necessário. Após um mês da campanha, os voluntários internacionais já começaram a chegar para o início das obras, em forma de mutirão. Eles se uniram aos voluntários locais, chegando ao total de 20 pessoas.

Após 21 dias de trabalho voluntário, a Maré Favela Skatepark ficou pronta e começou a ser usada, mas a inauguração foi realizada em agosto. “Eu acredito que a construção desta pista foi muito importante para a Maré, muito além do movimento do skate, revitalizando um espaço que era abandonado e muito escuro. Com a construção da pista, o local chamou não só atenção da galera do skate, mas criou-se uma nova praça, sendo um novo polo de encontro para as pessoas. O projeto alavancou o movimento cultural de jovens, muito além do skate. Tenho muito orgulho de ter participado disso, de ter visto o quão impactante foi para o ambiente”, conta Gabriel Medeiros, cria da Vila dos Pinheiros, membro do Coletivo Skate Maré.

A iniciativa e a mobilização do coletivo podem servir de inspiração para outros projetos se reerguerem e acreditarem que é possível fazer uma mudança significativa, não tendo soluções financeiras. “Quando esse projeto surgiu, a gente não pensava no que se tornaria, em um novo espaço de encontro, eventos ou para reunir família. A gente pensava em ter uma pista para andar de skate e a consequência acabou sendo muito maior”, conta. Ele detalha que o apoio veio de diversos lugares, como de outros coletivos locais, de esqueitistas profissionais e da Rio Ramp Design, que costuma fazer os projetos das pistas, que desenharam a rampa da Maré.

Formando novos esqueitistas

Rayssa Leal, de 16 anos, é a esqueitista medalhista olímpica brasileira mais jovem. Ela conquistou uma legião de fãs e de crianças que se inspiram na garra que mostra nas manobras. Para incentivar essas crianças, os voluntários do Coletivo Skate Maré criaram uma turma de aula do esporte. “A gente se juntou sem nenhum tipo de renda para poder dar aula para as crianças. Temos apoio dos pais, de ex-alunos, de esqueitistas próximos com doações e da loja Maré Skate Shop, que fica perto da pista, sendo de um dos fundadores do coletivo, que acabamos usando como sede e guardamos os skates e tudo mais. Um diferencial das aulas é o número de meninas que cresceu bastante, sendo inclusive a maioria”, expõe Medeiros.

Para Renato Cafuzo, morador da Maré, escritor e frequentador do Espaço Cultural do Pontilhão, o lugar é muito simbólico. “O pontilhão é um lugar debaixo da ponte que tem uns shows de rap, forró e rock, roda de rima, bares, brinquedos, quadra de futebol, pensado também nas pessoas à noite, numa parada mais underground, mas ao mesmo tempo a pista, por ela acolher crianças que estão querendo aprender skate, também traz automaticamente uma galera mais nova”, diz. Ele destaca que a filha é aluna da escolinha de skate e que já foi professor voluntário, que isso é uma interação social. “Levava ela ao parquinho e, depois de um tempo ela queria um skate e eu a ensinei a andar. Está lá até hoje, são quatro anos de uma ligação muito forte com o território da Maré”, completa.

O amante do Pontilhão destaca que o lugar é uma rede de apoio, que acolhe diversas gerações. “Quem leva as crianças para as aulas geralmente são as mães, as avós e tem muitos pais. Isso reforça muito o laço dos pais com as crianças, assim, esse acompanhamento paterno, que é um estigma tão complexo, aqui é uma coisa que é trabalhada com muito carinho, fomentado por todo esse clima do pontilhão”, comenta. Ele ainda acrescenta que a pista fortaleceu o sentimento de apropriação do lugar, de carinho, de cuidados com a iluminação, com grafites e manutenção dos equipamentos, criando um ecossistema social de convivência de pessoas.

Bodas de madeira da pista

A pista de skate completou em 2024 cinco anos e durante esse período o coletivo teve todo um cuidado com o equipamento, realizando os pequenos reparos necessários. Para realizar essas manutenções, o coletivo recebe doações de ex-alunos, atletas, responsáveis das crianças e moradores que utilizam a pista. Quem quiser conhecer ou ajudar o coletivo, é só ir ao local aos sábados, de 10h as 12h, quando acontece as aulas ou visitar o Instagram: @csm_coletivoskatemare.

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