Fórum Permanente Sobre população Adulta em Situação de Rua e Fórum Interinstitucional de Atenção ao Uso de Álcool e Outras Drogas promovem encontro para discussão sobre avanços, retrocessos e possibilidades neste campo
Jessica Pires
O seminário reuniu cerca de 400 pessoas no Teatro Odylo no Campus Maracanã da UERJ, na terça dia 10, para um intenso debate sobre o cenário, avanços e retrocessos sobre as políticas de álcool, outras drogas e a população de rua envolvendo assistentes sociais, estudiosas e usuárias da rede de apoio, e no público muitos estudantes e profissionais da área.
A primeira mesa do seminário, “Perspectivas do cuidado em saúde mental e uso prejudicial de álcool e outras drogas”, chamou atenção para o trabalho de pesquisa e produção de dados sobre quem são, e quantas são, as pessoas que fazem o uso abusivo de álcool e outras drogas e em em situação de rua. A condição de gênero e raça também foi um fator abordado. De acordo com Rita Cavalcante, assistente social, doutora pela UFRJ e professora da Escola de Serviço Social da UFRJ, o uso de drogas contribuem para atenuação do sofrimento e por isso a reflexão sobre gênero e raça são importantes. Às necessidades de pessoas LGBTQI+ também foram citadas no debate por Beatriz Brandão dos Santos, doutora em Ciências Sociais pela PUC Rio e pesquisadora do Ipea na Pesquisa Nacional sobre Metodologias de Cuidado a Usuários Problemáticos de Drogas.
Já no segundo debate “A vida na rua e as experiências em Redução de Danos”, os desafios do cuidado do trabalho da redução danos em pessoas em situação foram abordados por Valeska Holst, médica pela PUC/RS que atua na estratégia de saúde da família/ Consultório na Rua, Lorrani Sabatelly, travesti, agente de promoções de saúde e redutora de danos, e Lídia Marins, psicóloga do Caps AD III Miriam Makeba. Valeska, que também apoia a gestão da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde, enfatizou às deficiências das políticas públicas do campo, e a forte ameaça que a rede vem sofrendo devido à falta de investimento.
“Eu sou modelo do que o trabalho da redução de danos feito num CAPS pode fazer com uma pessoa em extrema vulnerabilidade social”, finalizou Lorrani Sabatelly, ao compartilhar a trajetória que foi de pessoa em situação de rua e no uso abusivo de drogas. O seminário foi encerrado com homenagens à mulheres que marcaram a luta por direitos no campo da saúde mental, gênero e muitas outras questões como Marielle Franco e Nise da Silveira.
O Fórum Permanente Sobre População Adulta em Situação de Rua e Fórum Interinstitucional de Atenção ao Uso de Álcool e Outras Drogas promovem atuam há mais de 20 anos no Rio de Janeiro e reúnem organizações da sociedade civil que se interessam pelo debate de políticas públicas sobre este tema. O Espaço Normal, espaço da Redes da Maré, referência no atendimento à população em situação de rua e usuários de crack e outras drogas na Maré também faz parte dos dois fóruns.
O Atenda, uma ação coletiva que reúne organizações para atividades de acolhimento na cena de uso de drogas da passarela 9 na Avenida Brasil, também foi mencionada no seminário. A ação é realizada nas tardes das segundas-feiras e conta com a participação do Espaço Normal, CAPS AD III Miriam Makeba, CAPS Carlos Augusto Magal, Consultório na Rua e Centro POP (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua). O objetivo é integrar o atendimento das frentes da rede de apoio e construir reflexões sobre as experiências atendidas e ouvidas na ação.
O Espaço Normal fica na Rua das Rosas, 54 na Nova Holanda, na Maré , telefone 3105-4767