Maré de Notícias #95 – dezembro de 2018
Oito brasileiros participam de evento jornalístico em Medellín e fazem intercâmbio para troca de experiências
Por Hélio Euclides
Durante sete dias de intercâmbio, oito comunicadores de favelas e periferias do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte participaram de oficinas, palestras, mostras documentais e exposições fotográficas do Festival Gabriel García Márquez, conhecido como Festival Gabo de Periodismo, um dos maiores eventos de jornalismo da América Latina, realizado nos dias 03, 04 e 05 de outubro, em Medellín, na Colômbia. Os comunicadores populares presentes foram Raul Santiago, do coletivo Papo Reto; Lidiane Malanquini, da Redes da Maré; Gabi Coelho, da Voz da Comunidade; José Cícero da Silva, do Di Campana; Michele Silva, do Fala Roça; Thaynara Santos, da Agência de Notícias das Favelas; Artur Romeu, da Aurora; e Hélio Euclides, do Jornal Maré de Notícias/Redes da Maré,
Apesar do prêmio ser realizado em três dias, os comunicadores brasileiros estiveram presentes em terras colombianas por uma semana. O objetivo também foi conhecer a periferia da cidade e perceber como os colombianos se mobilizam em busca da superação de seus desafios. Perceber semelhanças e diferenças nos campos de mobilização popular, comunicação comunitária e segurança pública. De acordo com o Anuário Estatístico de Medellín, de 2005, a cidade tem uma população de 104.450 habitantes, dos quais 67,2% estão abaixo dos 39 anos de idade. Segundo a Pesquisa de Qualidade de Vida do mesmo ano, o estrato socioeconômico predominante é 2 (baixo), que compreende 38,5% das residências; seguido pelo estrato 1 (baixo-baixo), que corresponde a 30,3.
Seis dos brasileiros chegaram no dia 30 de setembro, os outros dois no dia seguinte. Logo se uniram aos outros para as visitas e atividades selecionadas pelo guia e ativista Faber Andres. Embora alguns membros falassem espanhol, e tivéssemos a ajuda de Faber, o desafio de uma nova língua até poderia ser um obstáculo, mas a vontade de aprender superou qualquer dificuldade.
Da Maré para Medellín
Eu, Hélio Euclides, e Thaynara Santos chegamos às terras colombianas no final da tarde de primeiro de outubro. A atividade era a visita à Rádio Latino Stereo FM 100,9, que atua também na internet. O veículo é uma rádio exclusiva de salsa, com programas seletos para um ouvinte que espera o incentivo da cultura. O ritmo evoluiu ao longo dos anos e décadas e foi acoplado com a tecnologia que temos hoje. Mas em Medellín existe a Latino Stereo que continua a viver com a salsa antiga, aquela que tornou esse gênero fantástico e soa todos os dias, com uma programação em torno de todo esse movimento chamado Salsa Brava.
Visitamos as instalações da estação de rádio Latino Stereo, conversamos com seus locutores e resgatamos um pouco da memória em torno desse gênero que mudou o mundo latino e fez o mundo inteiro dançar. A locutora Nari Sanchez demonstra alegria em atuar na rádio. “Os ouvintes se tornam nossa família, há uma conversa com eles, e sentimos que há uma resposta do nosso trabalho. Está no ar com a nossa cultura, faz o coração bater forte e o meu trabalho é uma paixão. Nosso trabalho é uma responsabilidade, e com, o passar do tempo, os ouvintes nos conhecem pela rádio, que transmite sabor latino”, confessa. O seu colega e fundador da rádio Jairo Luis Garcia ainda se emociona ao falar da emissora. “Quando comecei ainda era estudante, meu sentimento era de medo. Agora, temos a paixão pelo trabalho. É muito lindo o carinho do ouvinte, que é diferente do de outras emissoras”, resume.
No dia 2 de outubro, recebemos mais um colaborador na jornada, o ativista Gerardo Perez, que nos levou a Comuna 8. Ela é formada por construções populares e é considerada um dos bairros mais representativos do Vale do Aburrá. Possui uma área de 577,74 hectares e uma densidade de 180 habitantes por hectare. As comunas ficam situadas em montanhas, semelhantes aos morros cariocas, só que muito mais elevadas. Pode-se comparar Medellín com uma bacia, na qual as comunas ficam nos pontos altos.
O local foi considerado um dos lugares com pior condição social durante muito tempo. Sofreu com a violência. Primeiramente, a do narcotráfico. Nos anos 1980, vieram os conflitos, os paramilitares a invadiram e depois a polícia ocupou o território. Ocorreu uma intervenção com o propósito de trazer um novo projeto urbanístico, batizado de Ruta de Campeones. O objetivo era evitar a construção de novas casas e ocorreram remoção para criação de um parque, que é uma área de lazer. Ações que só contribuíram para aumentar a tensão social.
Percebemos que as comunas representam a resistência. Esses espaços, em 1970 pouco a pouco, começaram a ser ocupados. Ao caminhar pelas comunas, entendemos que existe um movimento popular, ou melhor, uma força comunitária muito bem organizada, que talvez falte às favelas cariocas. Eles conseguem melhorias, como água potável, escola (que foi reconhecida pelo governo), posto de saúde e creche. Contudo, também temos muito em comum. Um exemplo é a biblioteca comunitária, onde o morador Jorge Emilio, de 75 anos, organizou livros dentro de casa para fortalecer a cultura da comuna. “Meu sonho era transformar um local que no passado era de muita violência, num espaço de leitura crítica”, avalia. Esse fato lembrou o trabalho de Geraldo de Oliveira, da Biblioteca Comunitária Nélida Piñon, em Marcílio Dias, que alugou um espaço com o mesmo intuito.
Na parte da tarde a visita foi à Casa Morada, um coletivo em rede sem o desejo de fazer negócios, sem a intenção de lucro. Funciona como uma habitação, com atividades, com alianças para criar, para curtir, para conhecer. O objetivo do nome morada é assemelhar ao verbo habitar. Habitar o outro, habitar a própria vida, habitar em movimento. Os frequentadores pertencem sem ter que possuir. O prédio roxo, que lembra a Redes da Maré, oferece ao jovem, na grande maioria da Comuna 13, diversas atividades de cultura e lazer.
Um dos trabalhos da casa é a Rádio Morada Stereo, que tem o slogan: as vozes dos sonhadores. Tivemos a oportunidade de uma bela entrevista, onde falamos do Brasil, e do que esperávamos da Colômbia. No segundo andar, se encontra a Casa de Las Estratégias, um centro de estudo que busca evidências, com pesquisa e livros para a conquista de políticas públicas. Não há laços com o governo ou empresários, com o receio do controle dos conteúdos. O objetivo é fortalecer as parcerias com as outras organizações sociais, respeitando cada uma, acreditando no fortalecimento das organizações por meio dos dados relacionados de cada um dos coletivos.
A Casa das Estratégias é um centro de estudos que dialoga com métodos qualitativos e quantitativos. A equipe combina economia, política, engenharia, matemática e econometria para resolver um problema, realizar uma avaliação ou um diagnóstico. Um dos trabalhos é o La Outra Medellin.com um estudo que mostra a necessidade de espaço de lazer mínimo para certas localidades. Em outra vertente, se criou o mapa da vida com relatos de familiares de vitimados.
Os jovens que frequentam a Casa Morada tentam mudar o ambiente, como deixá-lo mais alegre, como fizeram com o grafite no Cemitério Paroquial De La América. “Um espaço de tristeza, onde a comunidade nos permitiu transformar um local de medo em lugar de vida. O grafite quer contar o que o território passa, no nosso caso, a Comuna 13”, conta Ghido Alma, grafiteiro da instituição Casa Morada. Na entrada do cemitério há uma imagem do mar com figuras indígenas, intitulada De Regresso, do artista Jomag. Nos muros dos cemitérios foram colocadas várias mudas de plantas, criando uma parede verde, viva. Isso foi feito também no prédio ao lado, do Instituto Educativa Benedikta Zur Nieden.
Esses jovens produzem o jornal La Outra. Um periódico que investiga o que o governo faz ou deixa de fazer. Além disso, o jornal é uma escola de comunicação em formação. Os jovens da Comuna 13 resistem sozinhos, sem investimento do poder público. Ao final da apresentação do jornal, cada comunicador brasileiro também exibiu o trabalho que realiza na terra natal.
Nesse mesmo dia, ainda visitamos a redação do Jornal Universo Centro, que fica em cima de um bar. O jornal, que já chegou a edição 100, nasceu há dez anos no Centro da cidade da união de amigos. O grupo, cansado da imprensa tradicional, tinha o desejo de criar um jornal de manifesto, para se expressar. Eles almejavam mostrar que era possível a realização desse jornal. O jornal tem 11 edições por ano, com uma equipe formada por oito jornalistas obstinados, que não lucram com o produto. Um projeto colaborativo que até então já reuniu 450 pessoas, na produção de textos. No geral, são 30 colaboradores em média por edição. São 20 mil exemplares, distribuídos gratuitamente em 400 pontos. Para garantir recursos, a equipe vende livros que contam a história do jornal e pôsteres das capas.
Os comunicadores brasileiros no prêmio
A maioria das palestras do prêmio eram localizadas no Jardim Botânico de Medellín. Já no caminho para o Jardim Botânico, encontramos uma praça com um monumento que retratava a luta das mulheres, intitulado: Hacia La Igualdade. A estátua, criada pela artista Olga Inês Arango, é uma homenagem a conquista do voto feminino, que em 2007 completou 50 anos na Colômbia.
Ao chegar ao local nos deparamos com um pequeno exemplo de que o mundo ainda tem solução. A confiança de um vendedor que deixou suas mercadorias sem ninguém tomando conta. O cliente pegava os biscoitos e deixava o valor de 2 mil pesos.
Enfim, no dia 3 de outubro começou o Festival Gabriel García Márquez de Jornalismo, o conhecido prêmio Gabo. Uma maratona das melhores histórias da América Latina. Uma sequência de conversas com os finalistas do prêmio Gabriel García Márquez nas categorias cobertura, imagem, texto e inovação.
Estávamos na abertura da categoria cobertura. Nela, falou-se da importância das coberturas jornalísticas, com necessidade de planejamento para um bom resultado final. A segunda mesa foi sobre a categoria imagem, com a represente brasileira, Adriana Zehbrauskas. Ela foi uma das finalistas do prêmio, com um trabalho que retrata a vida das prostitutas de idade avançada. Algumas estão alojadas em abrigos no México. “O meu trabalho foi de mostrar a história pelas imagens. Não quero retratar o que leva uma pessoa a ser prostituta, até porque não podemos apontar. É bom fazer o que temos vontade, então trabalhei o tema nas horas vagas e publiquei essa história. O que mais demora não é a realização das fotos, conversa e entrevistas, mas o contato e a conquista da confiança. A fotografia fascina e nesse trabalho mostro a trajetória de vida e a luta contra o preconceito. É essencial na profissão contribuir para um olhar profundo, que colabore com a caminhada. Há dificuldades da profissão, mas é preciso se dedicar para se aprofundar nos projetos”, explica a fotógrafa.
A terceira mesa veio com a categoria texto e marcada por temas fortes, como o poder do petróleo e a conversão religiosa dos guerrilheiros. A tarde foi aberta com a categoria inovação, marcada pelo trabalho que ilustrava as balas perdidas na cidade do Rio de Janeiro. Seguida pela mesa “Nicarágua”, sobre a luta do povo desse país pela liberdade e diálogo. Segundo os palestrantes, há um autoritarismo dos partidos políticos. Eles ainda mencionaram que centenas de cidadãos já perderam a vida em protestos contra o governo local.
O dia foi finalizado com a mesa “As Mulheres Transformadoras no Jornalismo”, com a representante brasileira Natália Viana. A discussão foi sobre a luta das mulheres para a conquista de seu espaço na sociedade e contra a violência. Uma luta que chegou ao jornalismo, espaço no qual elas precisam derrubar estruturas para serem valorizadas. Foi feita uma pesquisa com 10 leitores de um jornal, sobre a confiança, e oito disseram acreditar mais em jornalistas do sexo masculino. “No Brasil uma vitória é o crescimento dos movimentos feministas, que fortalecem a luta”, disse Natália Viana.
No dia 4 de outubro, o trabalho foi aberto com um tema forte. A mesa “Jornalismo contra a Corrupção”. Para a descoberta e divulgação de fatos, são essenciais os jornalistas investigativos, para que esse mal da política seja combatido e os envolvidos sejam punido. A manhã foi encerrada com a mesa “Os mistérios das Audiências”. Nela, o jornalista brasileiro Pedro Burgos lembrou que é necessário um maior engajamento do profissional de jornalismo. Mas que é necessário ética em todos os departamentos, para que não seja usado o artifício da audiência acima de tudo. Qual o papel do jornalismo na democracia? “Vejo os projetos vindo de uma velha mídia, e, com isso, nos comunicamos menos. É preciso investir no público”, acredita.
Já na parte da tarde, na mesa “Jornalista Apesar de Tudo”, Ignacio Escolar detalhou que é mais fácil falar do poder econômico, pois o poder político tem braços de manobra. Ele é fundador e diretor do El Diário da Espanha, com mais de 33 mil sócios que mensalmente pagam por informação de qualidade, transparente e independente. “As redes sociais nos facilitam financeiramente, pois podemos nos comunicar sem custos. O Twitter tem uma vertente mais jornalística. O jornalista não pode ser substituto da polícia e da justiça. O jornalista faz o seu papel de investigar, mas não substitui a lei”, revela o palestrante.
Por fim, a mesa “Jornalismo Performático” trouxe o jornalista argentino Sebastian Hacher. Para ele, o jornalismo necessita de investigação, narração, interpretação e criação. Ele falou da importância de se encontrar novas formas de se comunicar. “Muitas vezes, para se passar a mensagem ao receptor é preciso criatividade, com novos métodos. Para esse trabalho, foi criado o laboratório de jornalismo performático, que revela a inclusão de vários elementos da arte ao jornalismo”, expõe. Contudo, esse pensamento foi muito contestado por jornalistas mais experientes, gerando muito debate.
No último dia do festival, os trabalhos foram abertos com a mesa “Desafios Éticos no Jornalismo Atual”. A jornalista chilena Mônica González destacou que o jornalista precisa informar qual o caminho certo a seguir e nunca ser corromper. “O profissional de jornalismo sofre com os desafios de ética nas redações, mas é preciso lembrar sempre que a profissão é uma vocação de serviço público para a construção de uma cidadania”, conta.
Em seguida, houve a mesa “Africamericanos”, com o fotógrafo brasileiro Bruno Morais. Ele fez uma exposição no local, que retratou a religiosidade de matriz africana. Na sua fala fez crítica ao momento fascista no Brasil e a quebra de uma placa de rua, de uma líder, Marielle Franco, uma violência contra o corpo negro. Ele destacou o momento de escravidão do Brasil e que o fim foi camuflado, já que os fazendeiros precisavam de mão de obra barata. Outro momento da história foi a reforma do prefeito Pereira Passos, onde não se podia ter imagens africanas, andar descalço e praticar capoeira. “Até hoje, essas imagens africanas estão presas num quartel da polícia. Hoje, a violência contra o negro é visível nas favelas, com operações policiais que sempre acarretam em balas perdidas, e atingem, na maioria das vezes, pessoas pobres, mulheres e negros”, afirma.
O encerramento da manhã foi com a mesa “O Poder da Sátira Jornalística”. Falou-se que a caricatura é a válvula de escape, que precisa ser valorizada, pois usa investigação jornalística. A sátira contribui para o debate público e o exercício democrático. É um gênero jornalístico que participa da crítica política. À tarde, acompanhamos a mesa “Rotas de Conflitos”. O jornalista Óscar Parra mostrou sua criação, em conjunto com uma equipe, de uma plataforma que estuda casos de massacre na Colômbia. “Para se avançar no estudo dos conflitos armados é indispensável o estudo de dados e aprofundamento na reconstrução da memória. O projeto narra histórias da vida, a partir dos testemunhos e dados captados. É um projeto jornalístico sobre a situação de conflito. Um dos dados é que na Colômbia aconteceram 728 massacres ocorridos de 1982 a 2013. Numa só cidade foram 34 massacres. A equipe conseguiu o depoimento de 40 sobreviventes e familiares, histórias valiosas de vida. “É importante se criar ferramentas para estudo de dados da violência. A divulgação dos fatos pelo jornalismo é importante para a efetivação de dados”, conclui.
Das 23 palestras oferecidas no Jardim Botânico de Medellín, acompanhamos 14 delas. Com o encerramento das mesas, ficou marcada a fala do jornalista mexicano, Daniel Moreno. “Nossa profissão é uma metodologia. O jornalismo é mais do que uma inspiração de vida. É bonito o amor à profissão, mais precisamos mais do que isso, é necessário lembrar que somos servidor do leitor. O jornalismo é um princípio de vida, e, por isso, não podemos mentir, temos que ter o respeito ao leitor, só assim poderemos olhá-lo de frente”, finaliza.
Os momentos finais do intercâmbio
No sábado, dia 6 de outubro, o grupo visitou uma feira de produtos locais, a intenção era conhecer a cultura dos artesãos, que deixavam expostos os seus trabalhos. Na parte da tarde, ocorreu a visita ao Carabantu/Cepafro, instituição que defende a cultura afrodescendente em Medellín. Fomos recebidos por Milo Castilho, Cristian Lewis, Angela Jimemez, Ramon Perea e David Cabezus. A instituição declarou que no país há muito racismo, é preciso uma luta constante. O trabalho é feito nas comunas e em cinturões de misérias. O grupo criou o primeiro sindicato de mulheres negras domésticas. Também foi feito um estudo para se identificar povoados de negros e a presença de 4.500 indígenas em Medellín. Para o incentivo ao resgate da história e da cultura, a instituição exibe filmes afro e proporciona cursos de fotografia e cinema.
No domingo, dia 7 de outubro, já de malas prontas, o grupo ainda arrumou um tempinho para apreciar a cidade. A metade retornou a Comuna 13, que conheceram no primeiro dia, o objetivo era entender a economia local. O restante do grupo visitou o Museu Casa De La Memória, que tinha a Exposição Memórias Vivas. Ela faz refletir sobre momentos de violência e violações dos direitos humanos, que fazem parte da história da Colômbia. O museu retrata o desaparecimento de pessoas, as mortes de indivíduos anônimos, de professores e jornalistas. Ressalta que violência traz traumas para todos os envolvidos.
O que cada um dos oitos comunicadores sentiu no intercâmbio pode ser entendido pelas palavras de Michele Silva, do Fala Roça. “Essa experiência abriu meus olhos para as questões da América Latina e como elas são parecidas com as questões do nosso país, seja sobre violência ou sobre cultura, tudo é muito parecido. Me sinto mais parte de um continente do que de um único país desde então, e quero continuar participando de ações que integrem mais povos, como essa”, reflete.