O plano inclui uma série de ações para monitorar os níveis de calor e reduzir os efeitos da crise climática na cidade
O último sábado (21) marcou oficialmente o início do verão, que no Brasil também chega junto com as férias escolares e festas de fim de ano. Mas, nem tudo é agradável: a cidade do Rio, já muito conhecida por ter “verão o ano todo”, tem tido dias de sol ainda mais cruéis nos últimos anos, com impactos que afetam diretamente a qualidade de vida da população.
Para mitigar os efeitos da crise climática, a prefeitura do Rio de Janeiro criou, por meio de decreto, o Comitê de Desenvolvimento de Protocolos para Enfrentamento de Calor Extremo (CDPECE). Em seu plano de contingência, o órgão diz que o acompanhamento dos Níveis de Calor (NC) é uma medida para melhor demandar a atuação de outras esferas governamentais quanto aos riscos à saúde.
Protocolo de Calor
O Protocolo de Enfrentamento ao Calor Extremo é uma resposta às altas temperaturas sentidas, literalmente, na pele. Em parceria com órgãos de saúde, sanitários e defesa civil, o plano inclui uma série de ações para reduzir os efeitos da crise climática, buscando entender as vulnerabilidades individuais e comunitárias. As unidades de saúde já têm sido reforçadas com equipes capacitadas para atender casos de desidratação e outros problemas relacionados ao calor, bem como priorizar o atendimento aos grupos de riscos (gestantes, idosos, crianças e imunossuprimidos). Os avisos para ondas de calor serão dados com antecedência por meio de sistemas de monitoramento meteorológico, permitindo que as autoridades preparem a cidade para a chegada de temperaturas extremas.
No último dia 16, ainda na primavera, a cidade do Rio de Janeiro entrou no segundo dos cinco níveis de calor. O NC2 se caracteriza por temperatura entre 36° e 40°, por um ou dois dias consecutivos e mais de quatro horas diárias. Com a chegada do verão as preocupações são ainda maiores: “No município do Rio de Janeiro, em 2023, foram observados os maiores registros contínuos de temperatura desde 2003. Em 2024, a observação já se repetiu, com previsão da ocorrência de cada vez mais eventos climáticos severos” , alerta a prefeitura.
Maré 40°
Ainda que a crise climática seja globalizada, o racismo ambiental escancara que para alguns tudo pode ser ainda pior. Ao andar pela zona sul da cidade, logo é possível notar a arborização trazida pelas árvores, mesmo em dias quentes, mas basta alguns minutos no “outro lado da cidade” para perceber que as mudanças climáticas não são iguais para todo mundo.
Em cartilha lançada pelo projeto EcoClima, da Redes da Maré, é possível notar que as Ilhas de Calor evidenciam as desigualdades sofridas pela população de um mesmo município. Segundo a pesquisa, “o desconforto térmico causado pela forma como o espaço urbano é produzido, afeta, não só o meio ambiente, mas também põe em risco a saúde de nós, moradores de favelas e periferias”.
Com a qualidade do ar cotidianamente inferior devido a territorialização das três principais vias expressas da cidade ao redor da Maré, as Ilhas de Calor intensificam o acúmulo de poluentes causado pela baixa qualidade do ar, assim agravando a possibilidade de problemas respiratórios em moradores. Além disso, o fenômeno pode alterar os padrões climáticos locais, interferindo na formação de nuvens e chuvas.
Para minimizar os impactos das alterações do clima, o projeto incentiva o desenvolvimento de espaços verdes na comunidade, e políticas públicas que trabalhem para um melhor planejamento urbano sustentável.
Se cuida, morador!
Principais recomendações:
- Aumente a ingestão de água ou de sucos de frutas naturais, sem adição de açúcar, mesmo sem ter sede;
- Consuma alimentos leves, como frutas e saladas;
- Utilize roupas leves e frescas;
- Evite bebidas alcoólicas com elevado teor de açúcar. Pode provocar desidratação;
- Evite a exposição direta ao sol, em especial, das 10h às 16h;
- Informe-se sobre os níveis de calor na cidade do Rio de Janeiro por meio das redes sociais e sites do Centro de Operações e da Secretaria Municipal de Saúde
Maiara Carvalho é estudante de Rádio e TV da Universidade Federal do Rio de Janeiro e faz parte do projeto de Extensão Conexão UFRJ com o Maré de Notícias.