Presidentes de associações de moradores da Maré formam fórum para pensar soluções para o lixo

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Por Hélio Euclides em 02/07/2021 às 6h

Editado por Dani Moura e Edu Carvalho

Os presidentes das associações de moradores das 16 favelas da Maré tiveram uma reunião para discutir políticas de saneamento básico, tendo como foco o problema tópico do lixo. O encontro faz parte do Fórum de Associação dos Moradores e ocorreu na manhã de ontem (30/06), no Centro de Artes da Maré, com organização do Eixo de Desenvolvimento Territorial da Redes da Maré. Os participantes avaliaram o serviço de limpeza urbana e ao final deram sugestões.

No Fórum, foi discutido o trabalho realizado no território pela Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb), com o estudo dos artigos 3 e 5 do estatuto da empresa, que fala sobre exploração de serviços e atividades. Na segunda parte da reunião foi avaliado a estrutura da companhia na Maré. Por não ser uma gerência, a unidade da Nova Holanda é classificada como divisão, subordinada ao bairro de Ramos. A divisão Maré é responsável pelo território do Conjunto Esperança até a Praia de Ramos. Já Marcílio Dias ficou destinada a outra divisão. 

Segundo dados da Comlurb, a equipe da divisão Maré é formada por um gerente de divisão, um encarregado, dois agentes de limpeza e serviços urbanos, um técnico de limpeza urbana, nove operadores de máquinas leves, um operador de tratores e máquinas, um auxiliar de serviços gerais, cinco vigias, 71 garis e 47 trabalhadores comunitários. O Eixo de Desenvolvimento Territorial mapeou o resultado junto aos profissionais da empresa e constatou que na realidade são apenas 41 garis. Outro dado é que o número de garis para o território seria de 100 garis concursados. Os números causaram estranhamento para os presidentes das associações, que questionaram o número de garis concursados e comunitários apresentados pela Comlurb, pois não percebem essa atuação efetiva no território.

Na parte de equipamentos, a Maré conta com uma pá carregadeira articulada, um caminhão roll on, três caminhões basculantes P6, quatro caixas compactadoras de 15 metros cubos, um caminhão compactador P5A, cinco minis basculantes P26, dois caixas caçambas de 30 metros cúbicos, seis caixas metálicas de cinco metros cúbicos, 145 caixas metálicas de 1.200 litros, três ceifadeiras e um poliguindaste. O problema é que o material pode ser emprestado a outras gerencias do município, ou seja, nem sempre o equipamento está disponível para ser utilizado no território. Um outro ponto foi levantado por Marcos William, gerente da Comlurb na Maré, no Quarto Encontro de Saneamento Básico, realizado em maio, pelo Projeto Cocô Zap. William explicou que o trator mais novo utilizado para a coleta domiciliar, é de 2002, com outros com 40 anos de vida.

Propostas para a melhoria

O grupo conversou e surgiram algumas sugestões. Entre elas, que os questionamentos devem ser resolvidos primeiramente por vias administrativas. Ao não obterem as respostas necessárias, o segundo passo é procurar o apoio do Ministério Público. Um possível ato pode ser a construção de uma Ação Civil Pública referente à limpeza urbana. 

Um dos questionamentos é que a empresa tenha o tratamento igual, comparando a Maré com o restante da cidade. “Queremos pelo menos o básico, que hoje não ocorre. A Maré precisa de mais investimento em recursos humanos e maquinário, com aquisição de mais tratores e caminhões. Outro ponto, é a poda de árvores e capinação das escolas, que não são realizadas desde o ano passado. Também é necessária a implantação da conservação de praças no território”, sugere Gilmar Junior, presidente da Associação de Moradores da Nova Holanda.

Uma outra proposta é de mobilização da população, com a sugestão de que sejam feitas fotos datadas para encaminhar ao serviço 1746. Essa iniciativa surgirá de uma campanha no Maré de Notícias impresso para que moradores acessem com mais regularidade o serviço 1746 por meio eletrônico e por telefone. Por fim, presidentes indicaram como solução para a melhoria na qualidade da varredura, que as próprias associações assumiriam o apoio administrativo do projeto Gari Comunitário.

Para Shyrlei Rosendo, mestre em educação e políticas públicas e membro do Eixo de Desenvolvimento Territorial da Redes da Maré, o encontro foi positivo. “Foi ótima a reunião, principalmente para organizar as ideias sobre o que queremos para o território. A partir daí, podemos organizar as pautas para reivindicações necessárias”, conclui. Estiveram na reunião 11 presidentes de associações, representando 14 favelas. 

Saiba mais sobre o fórum 

O Fórum das Associações de Moradores existe desde 2010, com encontros dos presidentes das 16 Associações de Moradores da Maré. O objetivo é a construção de uma agenda de trabalho positiva, coletiva e integrada, visando a melhoria da qualidade de vida dos moradores da Maré. Nessas reuniões são identificadas e debatidas diferentes reivindicações da população do território. O fórum é uma iniciativa estruturante do Projeto Maré que Queremos. 


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