Profissão: youtuber

Data:

Maré de Notícias #91 – 01/08/2018

Três crias da Maré no caminho da “profissão do futuro”

Maria Morganti

Likes, compartilhamentos e comentários se transformaram em ferramenta de trabalho para jovens como Bianca Andrade, a dona do blog “Boca Rosa”, Ana Helena Pisponelly e Renato Cafuzo. Os três são “crias” da Maré e youtubers. O trabalho de produzir vídeos sobre qualquer assunto e de onde estiver, para a rede social YouTube, foi transformado em profissão após a revolução digital, e caminha para ser uma daquelas chamadas “profissões do futuro”.

Segundo o Relatório YouTube Insights 2017, divulgado em julho do ano passado, o site atingiu a marca de 98 milhões de usuários mensais no Brasil, sendo que 35 milhões só nos últimos dois anos. O levantamento afirmou que 96% dos jovens entre 18 a 34 anos acessam a plataforma, e 76% dos brasileiros consomem vídeos de moda e beleza. E foi falando de moda e beleza que “Boca Rosa”, a Bianca Andrade, ex-moradora do Parque União atingiu cinco milhões de inscritos no YouTube e mais de seis milhões de seguidores no Instagram. Já foi protagonista de sua própria peça de teatro, colunista do programa “É de Casa” da TV Globo e estrela de peças publicitárias de uma grande empresa de telefonia.

Não se mete, Marilene

Conhecida também como “próspera”, Ana Helena Pisponelly tem mais de 100 mil inscritos no seu canal – o que a fez receber do YouTube uma plaquinha e ter acesso a um estúdio para criação de conteúdos. Ana Helena ficou conhecida depois que seu vídeo viralizou nas redes sociais. Nas imagens, ela aparece deitada, falando sobre quando um cantor olhou pra ela durante um show. No relato, Ana Helena diz que seu namorado, que estaria do seu lado da cama, teria ficado com ciúmes, porque o artista “estava olhando pra ela”. Até que a jovem é interrompida pela mãe, que diz que “não tem ninguém aí”. Nesse momento, Ana Helena responde o que virou o bordão: “Não se mete, Marilene”.

Produtores de conteúdo

“Se você trabalha com conteúdo, tem de ficar postando direto. Por exemplo, vai fazer um mês que não posto um vídeo novo no YouTube, mas eu fico postando no Instagram. Mesmo eu não colocando vídeo, o meu número de inscritos no canal só aumenta e, se eu continuar, a tendência é só crescer. Infelizmente, eu gravo quando surge uma vontade. Se eu falar que vou postar, acabo não postando, é no meu tempo. Não tinha de ser assim, tinha de ter um compromisso, mas eu acho que assim pode acabar caindo na rotina, e eu não consigo. O meu trabalho é bem espontâneo, tenho de estar com aquele espírito de querer fazer”, relata Ana Helena. Mas nem tudo são flores. “Eu fico mal com comentários negativos. Às vezes, alguém manda mensagem no direct do Instagram me ofendendo. Quando acontece, eu fico chateada. Eu estou tentando trabalhar isso, de não me abalar, porque é a minoria que faz”, desabafa a “próspera”. 

Renato Cafuzo, “cria” do Morro do Timbau e hoje morador de Jacarepaguá, tem um canal no YouTube com mais de 600 inscritos, que aborda super-heróis e quadrinhos com protagonistas negros, o Niggek. Em um dos vídeos, ele apresenta a história da irmã gêmea negra da Mulher-Maravilha e, em outro, comenta o filme “Pantera Negra”. “É raro ver pessoas negras na mídia. Na ficção isso também acontece. Eu acho preocupante demais não darmos a devida atenção ao que é criado ou transmitido às crianças que estão desenvolvendo seus próprios valores ali enquanto sonham. Quando fiz o canal, em janeiro, fiz pensando em propor esse diálogo”.

Profissão rentável?

Apesar de já ter seu canal monetizado, ou seja, já receber dinheiro por número de visualizações e inscrições, a “próspera” Ana Helena não revela quanto ganha, mas diz que não se sustenta com os vídeos. “Não é nem por causa do dinheiro, porque eu não vivo de vídeo, é porque eu fico muito feliz quando eu posto uma coisa e a galera começa a comentar e os comentários são uma coisa mais engraçada que a outra. Ao receber mensagens como eu recebi ontem, ‘poxa Ana, eu estava muito triste e você me alegrou; os seus stories são a única coisa que me alegra na semana’, eu fico pensando: será que vale a pena desistir disso tudo? ”

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