Projeto forma jovens da Maré em Esportes Eletrônicos

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Iniciativa gratuita também promove trocas culturais com jovens indígenas e de ONG premiada como a melhor do Brasil na categoria esporte

Por Samara Oliveira

Trabalho ou diversão? A verdade é que dá para ir para os dois caminhos no mundo do E- sports e até juntar as duas atribuições de uma vez só. Há quem queira apenas se aventurar e conhecer o mundo dos esportes eletrônicos e há quem enxergue como uma oportunidade de mudar de vida. Isso mesmo, mudar de vida através dos games. Para os responsáveis de adolescentes que leem o Maré de Notícias nós temos explicações e evidências para afirmar isso. Em pesquisa rápida no Google sobre o quanto rende esses campeonatos do mundo tecnológico pode se ver que os jogadores brasileiros (ou players como são chamados) que mais lucraram com premiações com e-sports em 2021 arrecadaram, U$ 202 mil.

Para chegar ao nível de competir não é fácil, mas não é impossível. Acreditando nisso que o Instituto Vida Real, em parceria com a Lenovo Brasil lançou o projeto “Todo Mundo Joga Junto” uma formação em jogos on-line (Valorant, Fortnite e League Of Legends) em que os alunos são conectados a uma sala virtual com professores especialistas, e em seguida partem para a prática do jogo. São quatro aulas de duas horas por dia da semana. 

“Além da formação e a prática nos jogos, o projeto pretende promover uma interface multicultural onde os jogadores convivem com culturas, saberes e costumes diferentes, e refletem sobre essas diferenças”, conta Arthur Pedro, pedagogo e diretor educacional do Instituto Vida Real.

O jovem Allan Carlos, de 13 anos, se interessou pelo mundo de E- sports vendo vídeos na internet. Depois que um amigo contou sobre o projeto do Instituto ele se inscreveu e já está nas aulas desde o início do projeto, há dois meses. 

“Estou achando uma boa experiência e o que eu acho de mais interessante das trocas culturais são as gírias diferentes das outras pessoas”, conta o aluno. Perguntado se vê a atividade como hobby ou oportunidade de trabalho, não pensou duas vezes em responder a segunda opção. O jovem afirmou que recebe todo incentivo dos pais.

Allan Carlos, de 13 anos, é um dos jovens mareenses que participa da formação.

Além da sala do Instituto que fica na Nova Holanda, na Maré, outras salas que participam da formação se dividem entre um território indígena chamado Tekoá Itaty, no Morro dos Cavalos em Santa Catarina e outra na Fundação Esportiva Educacional Pró-criança e Adolescente (EPROCAD), em Santana de Parnaíba, São Paulo. Esta última foi premiada como a melhor ong do Brasil na categoria esporte, no Festival Internacional de Inovação Social. Hoje o projeto atende, aproximadamente, 110 alunos, divididos nas três estações.

Pensando na continuidade da iniciativa, há boas perspectivas por parte do Instituto como afirma Arthur “O projeto está na primeira turma, que terá duração de 6 meses. Após esse período, a ideia é seguir com a formação para mais jovens, e utilizar o conhecimento e as habilidades dos primeiros jogadores formados, como multiplicadores. Os próprios jogadores poderão contribuir com os próximos alunos do projeto, e assim, seguir com esse legado”, afirma esperançoso. 

Os interessados devem acompanhar o andamento do projeto e as possibilidades de novas turmas, no perfil @institutovidareal no Instagram, ou acessar o site https://institutovidareal.org.br/. Para as inscrições, basta comparecer na unidade localizada na Rua Teixeira Ribeiro, nº 904, Fundo – Maré, ser maior de 12 anos e apresentar CPF, identidade própria e do responsável e comprovante de residência. Para os maiores de 18 anos, é só apresentar os próprios documentos. 

Sobre o Instituto Vida Real 

O Instituto Vida Real “nasceu” em 2004, após uma equipe de um documentário formada por cineastas e jornalistas chegar à comunidade Nova Holanda, uma das dezesseis favelas que compõem o Conjunto de favelas da Maré para filmar sobre o tema da educação de jovens em situação de risco e em conflito com a lei. Essa equipe conheceu o líder comunitário Sebastião Antônio de Araújo, que trabalhava como inspetor em um colégio estadual e tinha o desejo de construir algo para tirar os meninos e meninas da vida do crime. O desejo de Antônio e sua luta contagiaram todos os envolvidos nas filmagens, que, a partir desse momento, resolveram apoiá-lo na criação de um projeto voltado para adolescentes dessas comunidades. 

Criou-se, então, o Projeto Vida Real, que começou a desenvolver atividades de reforço escolar, informática, palestras e o encaminhamento de adolescentes para cursos. Em 2005, a ONG Instituto da Criança passou a apoiar o projeto, possibilitando que o Vida Real organizasse sua estrutura operacional e ampliasse seu funcionamento e sua equipe de trabalho. A partir de 2006, em função da ampliação progressiva de suas ações, o projeto é formalizado e passa a ser a organização não governamental sem fins lucrativos Instituto Vida Real.

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