Ronda Coronavírus: Brasil torna-se o epicentro da pandemia

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O Brasil passou a casa de meio milhão de casos e se tornou o epicentro da Covid-19 no mundo. Maré é a favela do Rio com maior número de casos

São  95 dias desde o primeiro caso oficial e o Brasil atinge 519.704 diagnósticos nesta segunda-feira (01), segundo o Ministério da Saúde, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. O Brasil também soma 29.534 mortes. Com isso, só perde para EUA, Reino Unido e Itália no total de vidas perdidas para a doença. Somos um dos únicos países a ainda registrar mais de mil novas mortes pela doença diariamente — isso aconteceu quatro vezes na última semana.

Números de casos da doença

A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro informa que registra, até esta segunda-feira (01/06), 54.530 casos confirmados e 5.462 óbitos por Coronavírus (Covid-19) no estado. Na capital são mais de 30 mil casos e 5 mil mortes. A taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 na rede SUS do Rio é de 91%.

Maré é a favela do Rio com maior número de casos. Segundo dados oficiais são 211 confirmados e 52 mortes. O conjunto das 16 favelas da Maré só está atrás da Rocinha em números de mortes. Ao todo são 1.358 casos nas favelas da cidade e 308 mortes, segundo dados oficiais.  

Prefeitura libera plano de retomada

 A prefeitura permitirá, a partir desta terça-feira (2/6), que cariocas caminhem no calçadão das praias e pratiquem esportes no mar e em centros de treinamento . Também estão autorizados a funcionar templos religiosos, lojas de móveis e concessionárias de automóveis. O plano de reabertura, anunciado pelo prefeito Marcelo Crivella, terá seis fases e deve ser concluído em agosto.

Trabalho durante a Pandemia

Durante a pandemia, 11 milhões de brasileiros continuam saindo para trabalhar em setores essenciais, como saúde, transporte e alimentos. Ramon Costa, 24 anos, mora no Morro do Timbau e sai de casa de segunda a sábado para trabalhar como fiscal de loja em uma farmácia em São Cristóvão. “Infelizmente, no mês passado fiquei com sintomas leves da Covid-19, mas graças a Deus já me sinto bem hoje. Continuo me cuidando, usando máscara e álcool em gel. A empresa também disponibiliza para a gente se prevenir ainda mais”, relata Ramon. As vendas também aumentaram. “Desde o começo da pandemia, temos muita procura de álcool em gel, máscaras, remédios comuns e medicamentos de uso contínuo”, conta.

No trabalho tudo vai bem, mas Ramon se preocupa com a rotina de sua favela nesse período. “Vi que a Maré é a segunda favela em que pessoas estão morrendo por Covid-19 e ainda vejo que as pessoas estão sem máscaras. Ela continuam nos bares cheios e bailes cheios, como se nada estivesse acontecendo”.

Ramon Costa durante o trabalho na farmácia em que trabalha. Crédito: Arquivo Pessoal.

SE VIRA NOS TRINTA

Cristiane Silva, moradora do Parque União, ficou desempregada e com o coronavírus a situação ficou pior. Mas com criatividade e persistência criou uma nova forma de gerar renda. Ela está fazendo bolos com todos os cuidados necessários para não haver contaminação e entrega com uso de máscaras. Uma maneira de se manter e também manter a saúde.

Cristiane Silva começou a fazer bolos em casa para conseguir se manter durante o isolamento social.

NOTÍCIAS FALSAS 

Sete em cada 10 brasileiros já acreditou em uma notícia falsa sobre a pandemia, segundo estudo sobre fake news realizado pela Avaaz, uma rede de mobilização social. São cerca de 100 milhões de pessoas lendo, compartilhando e agindo de acordo com o que vê na internet.

Amanda Araújo, 25 anos, é moradora da Maré e professora de inglês. Ela acredita que os grupos de WhatsApp são a ferramenta mais usada para esse tipo de atitude. “Geralmente, pensamos que aquele conhecido não falaria algo de má fé ou não compartilharia algo sem saber. Não acho que quem compartilha seja de culpado, mas é necessário ver se é verdade para não enganar outras pessoas. Principalmente aqui na favela, onde não são todos que têm acesso à informação ou à internet”, relata Amanda.

Portais de notícias como Maré Online, data_labe, Podcast da Maré em Tempos de Coronavírus e até as gravações que circulam em carros de som pela favela em parceria com a Fiocruz, são algumas das iniciativas existentes no Conjunto de Favelas da Maré que podemos citar como produções de conteúdo confiáveis para informar os moradores.

Amanda enxerga a produção local como uma alternativa possível. “Os jornais comunitários são importantes para saber a real situação das comunidades, porque as informações nesses veículos são mais aprofundadas sobre ações comunitárias ou coisas que estejam acontecendo que a mídia tradicional não daria muita atenção”.

Cartilha para moradores de favela

Uma cartilha feita por morador da comunidade Pereira da Silva, no Rio, orienta moradores de favelas no combate ao coronavírus. O texto é de Marcos Furtado com orientações de prevenção à Covid-19 adaptadas para a realidade das comunidades. Faça o download!  Além do guia digital, o jornalista Marcos Furtado produziu uma série de cinco vídeos com os conteúdos da cartilha. Assista agora.

Tomógrafo na Maré

Neste sábado um tomógrafo foi instalado na Maré, mas mesmo com inauguração, o equipamento não tem prazo para começar a funcionar. Veja na matéria de Hélio Euclides e Thaís Cavalcante. 

Campanha Maré Diz Não ao Coronavírus

Nesta última semana, como parte da Campanha Maré diz NÃO ao Coronavírus, foram entregues para a população das 16 favelas da Maré mais 2.556 cestas de alimentos, 2.556 kits de higiene pessoal e de limpeza, 11.300 máscaras de tecido feitas por costureiras da Maré, 3.936 frascos de álcool em gel e 2.100 refeições para pessoas em situação de rua. No total, nesses dois meses, foram entregues 15.440 cestas básicas e 15.300 refeições, 40.768 frascos de álcool em gel e 25.500 máscaras de tecido para a população das 16 favelas da Maré.  Mais informações no site da Redes da Maré.

Nenê do Zap

Até os nenês já sabem que não dá para descuidar em tempo de coronavírus. Com os números em alta, a única coisa possível de se fazer para melhorar essa situação é ficar em casa. Confira a dica de hoje do Nenê do Zap.

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