Segundo dia de operação policial na Maré atinge pelo menos 8 favelas do conjunto

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Essa é a quinta operação policial que acontece na Maré em 2023

Por volta das 5h da manhã desta sexta-feira (3), moradores das favelas Parque União e Nova Holanda já eram surpreendidos pela presença de agentes e veículos blindados do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) na região. Ainda no início do dia eram diversos os relatos de moradores que tiveram suas residências violadas por policiais, sem mandados; além de famílias intimidadas e ameaçadas por agentes do Estado. 

No início da tarde a operação se expandiu para as favelas Baixa do Sapateiro e Vila dos Pinheiros, com registro de muitas trocas de tiros. A assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar não confirmou ou enviou informações sobre a expansão da ação. Até o fechamento deste texto registramos atuação policial nas favelas Parque União, Nova Holanda, Rubens Vaz, Parque Maré, Baixa do Sapateiro, Vila dos Pinheiros, Conjunto Pinheiros e Salsa e Merengue. O Batalhão de Ações com Cães também participou da ação.

Este é o segundo dia seguido em que milhares de moradoras e moradores da Maré lidam com o impacto de operações policiais que dificultam o acesso à diversos direitos. Nesta quinta (2), a operação da Polícia Civil aterrorizou crianças e adolescentes que ainda estavam no turno escolar. Essa é a quinta operação policial que acontece na Maré este ano.

Após o recente retorno às aulas, no pós carnaval, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação, hoje 41 unidades escolares suspenderam as atividades presenciais e prestam atendimento remoto aos alunos. A Secretaria Estadual de Educação informou que o Colégio Estadual Professor João Borges e o Ciep Professor César Pernetta tiveram as aulas suspensas “em virtude da insegurança”.

O Centro Municipal de Saúde Vila do João e as Clínicas da Família Jeremias Moraes da Silva, Augusto Boal e  Adib Jatene interromperam o funcionamento nesta sexta-feira (3). A Clínica da Família Diniz Batista dos Santos manteve o atendimento à população, com a suspensão de atividades externas realizadas no território.

A assessoria da PMERJ informou em nota que a motivação da ação seria a “prisão de criminosos e a apreensão de armas de fogo”. Porém, é importante chamar a atenção para algumas das normas estabelecidas pela ADPF das Favelas, que visa diminuir a violência e letalidade das operações policiais, e que mais uma vez foram desrespeitadas na operação desta sexta-feira. 

O Maré de Direitos, projeto do Eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré, que acompanha e acolhe moradores que tenham sido vítimas de violações de direitos, segue em plantão de atendimento nas sedes da organização.

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