Sem dinheiro, Hospital Clementino Fraga Filho paralisa atividades

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Corte de verbas atinge unidade na Ilha do Fundão, levando à diminuição de leitos e de pessoal 

Por Hélio Euclides e Rebekah Tinôco*

Mesmo cedo, quem chega ao Hospital Clementino Fraga Filho (HUCFF, conhecido como Hospital do Fundão) se depara com uma enorme fila que dura quase toda a manhã, elevadores parados, emergência fechada e a sala de observação onde doentes se amontoam para passar a noite em cadeiras de plástico e de rodas. Um cartaz na recepção explica o motivo do cenário de carência e superlotação: redução de profissionais.

Os cortes que atingiram as universidades e institutos federais nos últimos anos foram recorrentes, mas conseguiram, em dezembro, levar o caos às contas das entidades de ensino: com o novo bloqueio de R$ 244 milhões pelo governo federal, elas ficam impossibilitadas de pagar a luz, funcionários terceirizados, contratos de serviço e até mesmo bolsistas.

 “As pessoas responsáveis pelos prontuários e por anotar ordem de chegada não estão trabalhando. Virou uma bagunça, os pacientes e os médicos é que precisam se organizar”, relatou um paciente.

Uma funcionária terceirizada, que preferiu não se identificar, disse que não sabia se ainda era uma funcionária ou se estava trabalhando sob aviso prévio: “Recebemos o último pagamento em novembro. No hospital ninguém sabe o nosso futuro. Está um caos, não estamos indo trabalhar, pois não temos dinheiro para passagem e alimentação.”

O que diz o hospital

Contatada, a assessoria de imprensa do Hospital Clementino Fraga Filho disse que “o hospital é o maior da cidade do Rio de Janeiro em volume, com  800 atendimentos ambulatoriais e, em média, 20 cirurgias, diariamente. Além disso, há mais de 300 pesquisas em andamento.” 

A direção-geral do HUCFF negou que existam registros de pacientes sendo atendidos em local inapropriado. “No auge da pandemia o hospital chegou a ter 310 leitos ativos, devido a verba suplementar do Ministério da Saúde destinada ao combate ao coronavírus.” A unidade informou que não teve como estender os contratos dos profissionais temporários e, por isso, a unidade reduziu o número de leitos para 186 leitos já em setembro.

*Aluna comunicadora do Programa de Extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com o Maré de Notícias.

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