Surto de olhos vermelhos

Data:

Maré de Notícias #87 – abril de 2018

Verão vai embora, mas cariocas ainda sofrem com a conjuntivite

Hélio Euclides

Quando olho no espelho, os meus olhos tão vermelhos, de tanto chorar, de tanto chorar”. Essa letra do pagode de Netinho de Paula reflete, em parte, o que passam muitos cariocas. Além da vermelhidão, os olhos ficam lacrimejantes, sensação de corpo estranho ou areia no olho, coceira e inchaço nas pálpebras. Quem arriscou conjuntivite, acertou. Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, oficialmente não há dados, embora existam muitos casos, o que é comum depois de festas como o Carnaval, quando há muita aglomeração e pouco cuidado com a higiene.

 Andando pelas ruas da Maré não é difícil encontrar pessoas que estejam com a doença. “A maioria dos atendimentos é de pacientes com conjuntivite. Percebemos que há um surto. O doente deve sempre procurar a unidade mais próxima de casa, para passar pelo atendimento médico. Depois recebe um informativo e orientações”, revela a agente de saúde do Centro Municipal de Saúde João Cândido, Rosemere de Lima.

Como se proteger

Por ser altamente contagiosa, é comum a disseminação em núcleos familiares e ambientes de trabalho, entre outros. As medidas de controle incluem higiene das mãos, evitar tocar os olhos, desinfecção e individualização de objetos de uso pessoal, como maquiagem, toalhas, travesseiros e óculos.

Segundo informe da Secretaria Municipal de Saúde, há um momento de surto de conjuntivite constatado, pois estão sendo registrados casos em diferentes pontos da cidade, assim como em diversos outros municípios. Para atender a esse aumento de casos, comum nesta época do ano, a Secretaria fez alerta em toda a rede assistencial, atenção hospitalar e primária. A Secretaria informou que a doença não faz parte da Lista Nacional de Notificação Compulsória, o que dificulta a mensuração do número de casos.

Willian Nascimento é a segundo caso de conjuntivite na família. Ele diz que “incomoda muito e que os sintomas são ardência, coceira, e fica remelado”. Ele e sua esposa não foram ao médico. “Acho que peguei no vento. Começou do nada, e só percebi quando os olhos ficaram vermelhos. Aí fui na farmácia, comprei soro e gazes”, conta Isabel Brito. No entanto, a recomendação dos especialistas é não se automedicar e procurar as clínicas da família ou os centros municipais de saúde.

O paciente contaminado deve ser afastado de suas atividades habituais, evitando a transmissão para outras pessoas. “O médico indicou quatro dias de repouso, pois estava com os olhos fechados, parecia que um bicho tinha me mordido. Começou com um olho e passou para o outro. Retornei ao trabalho, mas o chefe recomendou o meu retorno à unidade de saúde. Sou operadora de caixa e há receio de contágio”, conta Sabrina Dias. Outro caso de afastamento de trabalho é de Itamar Bonifácio, funcionário de uma transportadora: “é complicado, começa com o olho ardendo, vermelhidão e vem o inchaço. Os sintomas aparecem rapidamente. O incômodo é ainda maior com a sensação de areia no olho. Para piorar, quando abaixo a cabeça dói”.

 O que é conjuntivite

A conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva, a fina membrana transparente que reveste a parte branca dos olhos e o interior das pálpebras. Pode ser causada por vírus, bactérias, fungos ou por reações alérgicas. É uma doença muito comum, principalmente nos meses de verão, pois a umidade e o calor favorecem a disseminação do vírus. O paciente também apresenta dificuldade de abrir os olhos e maior sensibilidade à claridade e, por isso, o uso de óculos escuros ajuda a diminuir o desconforto.

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