Crianças também aparecem homenageando vítimas infantis da violência policial em territórios periféricos
Maiara Carvalho*
O videoclipe This is Maré, idealizado pelo coletivo Dance Maré, foi ao ar na última semana através das redes sociais de Raphael Vicente, principal idealizador do projeto. Nele, é possível visualizar a pluralidade do que é ser morador de favela, e em especial, as diferentes vivências do que é ser morador da Maré. Na escolha da trilha sonora, o grupo de dança constrói, em paralelo, o imaginário dos ‘apagados pela sociedade que lutam a cada dia pelo seu lugar’, descrito na música “This Is Me”, do musical “O Rei do Show”.
Completando 10 dias hoje, desde a publicação, o vídeo conta quase 30 mil curtidas. O que ninguém imagina é que a ideia desse clipe é bem mais antiga do que o famoso clipe de Waka Waka, lançado em 2022. Raphael conta que aos poucos foi aprimorando o roteiro: “Seria um clipe feito para o mês da dança, mas foi tomando uma proporção tão grande, a produção foi ficando maior que levou mais tempo para ser finalizado”.
Para tornar realidade o clipe do Dance Maré, foi necessário mobilizar uma equipe dedicada a fazer dar certo, como é o caso de Raiane Gomes, moradora da Maré que trabalhou nos bastidores, e garante que todos os mínimos detalhes foram pensados de forma cuidadosa. Para ela, a produção feita pelo coletivo de dança retrata a realidade vivida no território, ao mesmo tempo em que ajuda a desmistificar os estereótipos impostos em moradores de favela: “Mostrar a Maré através da cultura acaba permitindo que as pessoas de fora conheçam essa riqueza que a gente tem aqui, sabe? Essa resiliência e a criatividade como um todo, acaba possibilitando mostrar as nossas histórias, as nossas perspectivas de forma autêntica”.
O Dance Maré possui oito dançarinos, mas para este projeto foram convidados mais dez, representando estudantes e trabalhadores da favela, além de 26 bailarinos que participaram das cenas finais. Em um determinado momento do clipe, crianças também aparecem homenageando vítimas infantis da violência policial em territórios periféricos.
(*) Maiara Carvalho é estudante de Rádio e TV da Universidade Federal do Rio de Janeiro e faz parte do projeto de Extensão Conexão UFRJ com o Maré de Notícias.