Tratamento de câncer é prejudicado pela pandemia

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Como apoio, campanhas Outubro Rosa e Novembro Azul conscientizam a população sobre exames preventivos

Por Thaís Cavalcante em 19/10/2020 às 10h50

A saúde pública enfrenta a pandemia do novo coronavírus tomando atitudes de adaptação: prioriza hospitais, leitos e atendimentos para pacientes infectados pela covid-19. Essa urgência imposta fez outras urgências terem as suas realidades alteradas. Pessoas passaram a diminuir o cuidado com a saúde em geral para se prevenir apenas contra a covid-19. O medo de pegar a doença trouxe também consequências, como o abandono de tratamento, atendimentos suspensos, cancelamento de exames de rotina e até o falecimento em decorrência de doenças não tratadas. Um desses tratamentos que passaram por interrupção foi o de pessoas com câncer, tendo em vista que muitos pacientes são do grupo de risco.

Das campanhas de prevenção e conscientização sobre o câncer, Outubro Rosa e Novembro Azul são as mais conhecidas. A partir do compartilhamento de informações, essas campanhas encorajam mulheres e homens a realizar exames de prevenção de câncer de mama e próstata, principalmente através dos exames de toque retal, a colonoscopia e a mamografia. Essa orientação é importante porque a partir do diagnóstico precoce, há mais chances do paciente ter cura e viver melhor. 

Esse cuidado integral com a saúde é fundamental, seja no período de tratamento de uma doença ou na prevenção dela, através de consultas e exames de rotina. De acordo com estimativa da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS), o risco de morte por câncer teve aumento de 20% devido às complicações sociais que dificultaram o acesso e priorizaram o atendimento aos doentes de covid-19. 

O tratamento oncológico precisa, inicialmente, da realização de diagnósticos, consultas periódicas e exames. Mas durante a pandemia, as rotinas de todos os pacientes foram alteradas para ajudar na diminuição do contágio do coronavírus. Por outro lado, a urgência do tratamento de câncer continuou e outros desafios foram encarados, seja pelos equipamentos de saúde, seus profissionais ou pelos próprios pacientes.

Dr. Gélcio Mendes, Coordenador de Assistência do Instituto Nacional de Câncer (INCA), afirma que entre as estratégias necessárias para enfrentar este período de pandemia estão o adiamento de consultas periódicas entre três e seis meses, a testagem para covid-19 em pacientes que precisam fazer cirurgias agendadas e o acompanhamento de pacientes em casa pela equipe de cuidados paliativos. O medo paralisou muita gente. “Tem uma quantidade grande de pacientes que ainda estão para fazer o diagnóstico, exames e procedimentos. Essa não é uma realidade só nossa, é do mundo inteiro”, contou o médico. Com a reabertura gradual das atividades, o esperado é que esses pacientes voltem com suas consultas nos próximos meses. Já aqueles que pegaram a covid-19, estão aguardando a recuperação da doença para voltar ao INCA.

Como o paciente com câncer deve agir no dia do tratamento durante a pandemia?

  • Ter somente um acompanhante, com menos de 60 anos, se possível. O acompanhante não poderá ter sintomas de resfriado ou gripe;
  • Tentar manter distância de outras pessoas, mesmo da equipe de saúde;
  • Não ficar próximo de outros pacientes;
  • Evitar circular pelo hospital;
  • Não ficar no local de tratamento por mais tempo do que o necessário;
  • Manter as recomendações de prevenção como lavar as mãos com água e sabão, na sua ausência, usar álcool em gel; cobrir nariz e boca com lenço ao tossir ou espirrar – se não for possível, deve usar o antebraço como barreira e não compartilhar objetos pessoais.

Fonte: Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Outubro Rosa e Novembro Azul na Maré

As iniciativas globais de cuidado com a saúde da mulher e do homem são discutidas em todo o mundo e também aqui na Maré, demonstrado o cuidado com os moradores através de ações dos equipamentos de saúde e seus profissionais. Mas com o cenário em que o distanciamento social é a atitude mais indicada, essas ações de prevenção e cuidado na favela precisaram ser repensadas.

Débora Chaves, enfermeira e coordenadora de enfermagem do UPA24h da Maré, acredita na importância dessas ações. “Realizamos campanhas de saúde em consonância com o calendário de atividades do Ministério da Saúde, através de ações preventivas, nos meses definidos por cores. Elas buscam chamar a atenção e conscientizar as pessoas sobre a importância do autocuidado. Nossa dinâmica baseia-se na orientação da prevenção, através de abordagem objetiva e ações direcionadas para a detecção precoce de doenças oncológicas e demais comorbidades”, declara.

Sobre as campanhas Setembro Amarelo (depressão e suicídio), Outubro Rosa (câncer de mama), Novembro Azul (câncer de próstata) e Dezembro Vermelho (HIV), ela completa: “O cronograma das unidades é elaborado com a participação de palestrantes que possuem domínio e conhecimento dos temas”. A UPA24h da Maré é uma Unidade de Pronto Atendimento 24 horas, vinculada à Secretaria de Estadual de Saúde e sob gestão da Organização Social de Saúde Viva Rio. Sendo referência em atendimentos de urgência e emergência de baixa e média complexidade. Por isso, suas ações em campanhas de prevenção são adicionais àquelas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Este ano, as ações da SMS na campanha Outubro Rosa se intensificam em outubro com a prática do acolhimento, orientação e conscientização da saúde da mulher sobre o câncer de mama e de colo do útero. Praticadas diariamente em Clínicas da Família e Centros Municipais de Saúde, foram interrompidas no primeiro semestre por causa da pandemia, mas retomadas em julho e reforçadas neste mês. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) do Rio de Janeiro também desenvolve ações em seus hospitais para prevenir e detectar desses tipos de câncer nas mulheres. Seja com a iluminação de prédios públicos como alerta, a disponibilização de material impresso e digital sobre o tema, discussão sobre violência contra a mulher e webinar.

Campanhas de prevenção virtuais

Conheça as campanhas virtuais que apresentam depoimentos, orientações, encorajamentos e informação sobre prevenção e cuidados, além de alertar a sociedade sobre os riscos  de se adiar o cuidado com a saúde, deixando de realizar exames e tratamentos oncológicos em geral. 

  • Campanha “Câncer não faz quarentena”: parceria entre a Femama, Instituto Oncoguia e Movimento Todos Juntos Contra o Câncer. www.pfizer.com.br/cancernaofazquarentena.
  • Campanha “O Câncer não espera. Cuide-se já.: parceria entre o Instituto Oncoclínicas e com sociedades de especialidades médicas. www.ocancernaoespera.com.br

Doação de sangue 

Por causa da pandemia, os bancos de sangue da cidade do Rio de Janeiro diminuíram, mas o número de pacientes que precisa, não. No INCA, houve queda de quase 50% na doação de sangue e plaquetas. A população tem um papel fundamental para mudar isso. Algumas das soluções encontradas para minimizar esse impacto foi o uso de carro móvel para doação, a campanha “Hemorio em casa” e a ação de desconto em aplicativos de transporte particular.

UNIDADE DE COLETA E TRANSFUSÃO DO HOSPITAL FEDERAL DE BONSUCESSO

Endereço: Avenida Londres, 616 (Bonsucesso – RJ)

Dias e horários: Segunda a sexta, entre 7h30 e 12h

Telefone: (21) 2561-3473

SEDE INCA

Endereço: Praça Cruz Vermelha 23, segundo andar (Centro – RJ)

Telefones: (21) 3207-1021 ou 3207-1580, entre 8h e 15h

HEMORIO

Endereço: Rua Frei Caneca 8, (Centro – RJ)

Dias e horários: Segunda a domingo, entre 7h e 18h

Telefones: (21) 2332-8611 ou 2332-8612 ou 2332-8613 

NÚCLEO DE HEMOTERAPIA DO HOSPITAL FEDERAL DOS SERVIDORES DO ESTADO

Endereço: Rua Sacadura Cabral, 178 (Centro – RJ)

Dias e horários: Segunda a sexta, entre 7h30 e 12h30

Telefones: (21) 2291-3287 ou 2291-3804

NÚCLEO DE HEMOTERAPIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO

Endereço: Rua Professor Rodolpho Paulo Rocco 255, 3º andar (Ilha do Governador – RJ)

Dias e horários: Segunda a sexta, entre 7h30 e 13h30

Telefone: (21) 3938-2312

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