“TRÓIA” NAS OPERAÇÕES POLICIAIS CAUSA TERROR NA MARÉ

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Há alguns anos, as operações policiais realizadas pelas unidades do Comando de Operações Especiais (COE) da polícia militar se caracterizam pelo longo período de duração provocando horas de tensões no território, limitando a circulação dos moradores da Maré, além do esgotamento físico e mental dos policiais que permanecem longos períodos nestas ações. Até agora em 2019, registramos  06 operações com essa característica . Estas operações policiais tem seguido um padrão: se inicia no final da madrugada, quando as ruas ainda estão escuras; é marcada por intensos confrontos armados e seguem no período da tarde de maneira silenciosa com os agentes transitando a pé pelo território, entrando nas casas e revistando celulares sem mandados judiciais, quebrando carros e ameaçando os moradores. Nessa dinâmica, aparentemente a operação se encerra no fim da tarde até que no início da noite os moradores são surpreendidos pela retorno dos agentes do Estado com forte aparato bélico, intensos e violentos confrontos armados que se estendem ao longo da noite. Relatos dos moradores dão conta que nessas ocasiões, policiais militares permanecem escondidos nas casas, fazendo famílias reféns e ocupando as lajes, até o retorno das tropas no período da noite. Essa  prática, conhecida como “Tróia” se repete com o uso de snippers que escondidos na laje das casas da Maré, alvejando moradores no retorno da operação policial. No mês de junho a Maré passou por três dias de operações consecutivos quase que ininterruptos. Na ocasião, foi informado à Polícia Militar e ao Plantão Judiciário sobre esta dinâmica das operações do Comando de Operações Especiais, porém, não houve qualquer mudança nesse padrão violento de conduta dos policiais na Maré. Pelo contrário, as operações marcadas pelo uso da “Tróia” e snippers nos telhados das casas  vem se intensificando.Nessa sexta-feira (02.08) a Maré sofreu com mais de 16 horas de operação policial que atingiram principalmente as  favelas da Vila dos Pinheiros, Conjunto Pinheiro, Morro do Timbau, Baixa do Sapateiro, Conjunto Bento RIbeiro Dantas, Nova Maré, Conjunto Esperança, Vila do João e Salsa & Merengue. Pela segunda vez na mesma semana, moradores amanhecem sob intenso tiroteio e voos rasantes do caveirão voador. Por volta das 04h40 da manhã, a região começou o dia sob intensos confrontos armados.  A operação seguiu a mesma estratégia das últimas: Confrontos armados na entrada; ao longo do dia, policiais circulando pelo território com registros pontuais de tiros, moradores tensos com atuação dos agentes do Estado que praticavam violência física e psicológica ao longo do dia.   Até que por volta das 17 horas a sensação era de  ter acabado a operação policial. O cotidiano foi sendo retomado aos poucos, algumas famílias retornavam do trabalho, outras saíam para trabalhar, as crianças voltaram a brincar na rua.  Por volta das 19hrs, dois carros blindados retornaram para as favelas Vila dos Pinheiros e Salsa & Merengue surpreendendo moradores com intensos e violentos confrontos armados. Moradores relatam que policiais ficaram escondidos nas lajes como estratégia de retomar a operação na parte da noite. A equipe da Redes da Maré identificou algumas áreas com tiroteios ininterruptos por quase duas horas.Moradores procuraram a Redes da Maré e relataram que policiais agrediram algumas pessoas  na localidade Fim do Mundo, na Vila do Pinheiro, ameaçaram dois jovens no Parque Ecológico, além de deixar baleado um moto-taxista.Ao longo do dia a equipe do Maré de Direitos recebeu denúncias de violações de direitos fundamentais: dano ao patrimônio, violência física, psicológica, ameaça, invasão à domicílio entre outras. Revoltados com a situação, moradores fizeram manifestação na Linha Amarela contra as violências ocorridas ao longo do dia.Além disso, 3 unidades de saúde tiveram suas atividades suspensas durante todo o dia, devido a insegurança no território. Por volta das 21hrs os confrontos cessaram, no entanto, a sensação dos moradores ainda era de apreensão e a certeza de que o direito à Segurança não chegou para os moradores da Maré. 

Confira no link abaixo o artigo produzido pela diretora da Redes da Maré, Eliana Sousa Silva e o subcoordenador do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Rio de Janeiro e autor da Ação Civil Pública da Maré, Daniel Lozoya de título “Segurança no Rio: direito não chegou à favelas e periferias”. O texto traz análises sobre a atual conjuntura da segurança pública No Rio de Janeiro, sobretudo na Maré, principalmente após a suspensão da Ação Civil Pública.

http://www.nexojornal.com.br/ensaio/2019/Seguran%C3%A7a-no-Rio-direito-n%C3%A3o-chegou-a-favelas-e-periferias

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