Contação de histórias, exposição de fotografias, oficinas de arte e apresentações musicais movimentaram a quadra da escola
Roberto de Oliveira
“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”, já dizia o educador Paulo Freire. E é na transformação de seus alunos que o CIEP Hélio Smidt vem investindo há 25 anos. Hoje, na comunidade Parque Rubens Vaz, a instituição de ensino conta com uma equipe de 30 professores para ensinar a 630 alunos, distribuídos em turmas da Educação Infantil ao 6º ano do Ensino Fundamental.
Antes de ser inaugurado, o CIEP Hélio Smidt foi irregularmente ocupado por pessoas que não tinham onde morar. Isso porque as obras da escola ficaram paradas, até que moradores e outras lideranças locais organizaram reuniões com Órgãos da Administração municipal para discutir o problema da falta de moradia popular e reivindicar o término da construção. “Eu ainda me lembro das inúmeras reuniões com Órgãos do Governo Municipal, moradores e outras liderança locais, para discutir o problema da falta de moradia popular e reivindicar o término da construção do CIEP.” recorda Ernani Alexandre, ex-aluno e professor da escola por 10 anos. Naquela época, havia falta de unidades escolares na Maré, então em 30 de abril de 1992, enfim, a escola foi inaugurada.
Para festejar os 25 anos, uma grande festa com alunos, ex-alunos, professores, pais e amigos da escola aconteceu 05 de maio. Atividades de contação de histórias, exposição de fotografias, oficinas de arte e apresentações musicais movimentaram a quadra. Com direito a bolo de aniversário.
A Surpresa
Na porta de uma das salas, havia um quadro com uma foto e a biografia de Hélio Smidt, presidente da Varig entre os anos de 1980 e 1990. De passagem pela escola, Francisco Dantas, que trabalhou na companhia aérea e conheceu Hélio Smidt, diz que foi pego de surpresa. Motorista da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, ele foi ao CIEP levar uma representante da Prefeitura. “Eu não sabia que existia essa escola com o nome dele. Eu trabalhava na manutenção e o Dr. Hélio sempre foi muito envolvido com a empresa e com os funcionários. Entrava nos aviões para saber se estava em condições de transportar passageiros e tratava todo mundo de forma igual”, conta Francisco.
Há 15 anos trabalhando no CIEP Hélio Smidt, Alexandra Pinheiro se considera uma professora muito exigente. Nas aulas, usa filmes, músicas e outras formas de educar. “Todos dizem que eu sou chata, e alguns têm até medo de mim, mas no final reconhecem que dar limites também é querer bem”, diz a professora. Para ela, o aluno da Maré deve ser tratado da mesma forma que qualquer aluno em qualquer outro lugar da cidade. Exatamente por ser alvo de preconceitos, busca valorizar a cultura local e a capacidade do aluno: “Eles têm de ser tratados de igual para igual, para enfrentar o mundo de frente”.
O comando
Ela foi professora do CIEP e assumiu a direção da escola com apenas 25 anos. “O desafio é trabalhar para a comunidade escolar, não só o aluno, mas os responsáveis, funcionários e moradores do entorno. Os pais participam dos eventos e dão um retorno muito bom, que dá um gás pra gente acreditar que estamos no caminho”, disse a diretora Natássia Gonçalves, de 28 anos, que pretende continuar chamando a comunidade para participar mais e mais das atividades na escola.