Uma pessoa morre e três ficam feridas em 15ª operação policial na Maré

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Cerca de 5 mil atendimentos médicos são cancelados e pelo menos 13729 alunos ficam sem aula na Maré nesta terça 

O dia dos moradores da Maré foi iniciado nesta terça-feira, 4 de julho, com a 15ª operação policial do ano. Às 5:20h da madrugada, disparos de tiros, veículos blindados da polícia militar e um helicóptero da polícia civil interromperam o cotidiano dos moradores de parte das favelas do conjunto – da região que vai do Conjunto Esperança à Baixa do Sapateiro. 

Além dos danos e impacto no cotidiano dessas milhares de pessoas, até o momento do fechamento dessa matéria, foram registradas três pessoas baleadas, entre elas uma mulher de 46 anos e um jovem de 18 anos, morto. Uma mulher grávida que estava nas proximidades da região também foi atingida e foi levada para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha.

Direitos violados:

O direito à educação também é, mais uma vez, bruscamente violado no Conjunto de Favelas da Maré. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação, 39 unidades escolares suspenderam as atividades nesta terça-feira, impactando 13729 alunos. Não foi possível contabilizar o número de alunos que também são impactados ao não conseguir acessar unidades escolares fora da região, além das unidades de ensino privado do território e as atividades educacionais que acontecem em diversas organizações sociais na Maré.

As clínicas da Família Augusto Boal, Adib Jatene, Jeremias Moraes da Silva e o Centro Municipal de Saúde Vila do João acionaram o protocolo de acesso mais seguro e também suspenderam o funcionamento na manhã desta terça-feira. Cada uma dessas unidades de saúde recebem, a média de 1200 a 1500 atendimentos diariamente. 

A operação conta com equipes do Comando de Operações Especiais, que abriga o BOPE, O BAC, o BPCHOQUE e o GAM , que apoiam a Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), da Polícia Civil. Não há informação oficial sobre a motivação da mesma. No entanto, veículos de comunicação informaram que o motivo da operação foi cumprir mandados de prisão.

Manobras para desrespeito a determinações federais:

Na segunda semana de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do ministro Edson Fachin, reafirmou a obrigatoriedade da instalação de câmeras em uniformes dos agentes policiais de todos os batalhões de polícia do estado do Rio de Janeiro. No momento, o governo do estado informou em nota ao Maré de Notícias que iria cumprir a decisão do Supremo Tribunal Federal dentro dos prazos estabelecidos pela Corte, que se encerrou no último dia 23 de junho. No entanto, na operação policial desta terça-feira, não foram identificadas câmeras acopladas nos uniformes dos agentes que circulam o território. Ambulâncias para socorro a possíveis vítimas também não foram identificadas.

Também nesta terça, o governador do estado do Rio de Janeiro publicou o decreto 48.585, que cria novas regulamentações para o compartilhamento e os pedidos de acesso aos dados e imagens produzidas pelas câmeras.  No início do ano, Castro chegou a afirmar que “recorreria até o fim” da decisão do plenário do STF que determinou a instalação das câmeras em todas as unidades das forças policiais, sem exceção. 

A Redes da Maré publicou uma nota sobre A falta de legalidade das operações policiais no Rio de Janeiro, em resposta à operação policial desta terça-feira, 4 de julho.

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