Além do teto no chão, Clínica de Saúde da Vila do João não tem equipamentos básicos
Hélio Euclides – 01/10/2020
Parece mentira, mas a situação do Centro Municipal de Saúde Vila do João é pior do que se imaginava. No dia 26 de setembro, o Maré de Notícias mostrou o desabamento do teto de gesso e o acúmulo de mofo nas paredes da unidade, mas voltando à CMS, o que parecia ruim ficou ainda pior.
A promessa feita pela Secretaria Municipal de Saúde de que as obras seriam iniciadas com o cessar das chuvas não aconteceu. Apesar do sol há uma semana, até agora apenas o resto do gesso foi retirado. Funcionários, todos os dias, olham para o céu e torcem para que não tenha nenhuma nuvem de chuva. Até o momento, um consultório e a sala de odontologia continuam interditados. E nada mais foi feito.
E problema vai além da reforma. A sala de vacinas, além de iluminação inadequada, não tem geladeira e freezer funcionando, estão quebrados. A vacinação só acontece até às 14h, pois as vacinas ficam em caixas de isopor e precisam ser repostas diariamente. O ar-condicionado está parado há dois anos e, para minimizar o calor, uma profissional trouxe um ventilador de casa. Além disso, todos os aparelhos para a medição da pressão arterial estão desregulados, por ausência de manutenção. Não há na unidade um aparelho sonar, utilizado no pré-natal, e para manter o atendimento, os médicos estão trazendo os equipamentos de casa. “Não é questão financeira, isso é falta de capacidade de gestão da Secretaria Municipal de Saúde. Algo inacreditável. O pior é colocarem na conta na gerência local, que provavelmente já fez os requerimentos. São questões muito sérias que precisam ser denunciadas”, expõe Carlos Vasconcelos, médico que já atuou na Maré e membro da direção do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro.
Funcionários da Prefeitura estiveram no local na última sexta-feira (26/9) com a promessa de resolver o problema do teto tão logo a chuva cessasse. Até o momento, nenhum outro funcionário foi à Clínica para resolver o problema.
Ao Maré de Notícias, o coordenador coordenador Programática 3.1,que atende a Maré, Marcos Ornelas, disse que hoje foi feita a obra na CMS Augusto Boal, mas que não há previsão sobre a obra da unidade na Vila do João. E que a Secretaria Municipal de Saúde está em processo de orçamento da obra a ser feita. Enquanto isso, profissionais de saúde que trabalham no local se esforçam para manter o atendimento e relatam muito medo de retaliação pela denúncia.O direito à saúde é garantido pela Constituição Federal de 1988 pelo artigo 196 que reconhece a saúde como direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.