UniFavela inicia novo projeto para educação de base na Maré

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Além de atuar focada no desenvolvimento infantil, objetivo da nova iniciativa da instituição é auxiliar a trajetória de mães solo

Por Samara Oliveira, em 03/10/2022 às 9h

Após 4 anos trabalhando com educação de jovens e adultos através de pré-vestibular comunitário, com o objetivo de impulsionar o ensino superior dentro do conjunto de favelas da Maré, a UniFavela agora direciona também seu foco para a educação de base. UniLetrinhas é a mais nova aposta da instituição socioeducativa que, além de focar nas demandas do desenvolvimento infantil, tem o objetivo de auxiliar as famílias de mães solo. 

De acordo com os cartórios de registro civil, levando em conta somente os quatro primeiros meses do ano, mais de 56.931 crianças foram registradas sem o nome do pai

“É muito importante falar que no nosso território existem poucas iniciativas que trabalham com crianças de modo gratuito. Colocamos essa proposta de trabalhar com filhos de mãe solo justamente pra ter uma assistência na conjuntura familiar dessa criança. Acima de tudo vamos acompanhar o desenvolvimento não só dentro da nossa instituição, mas dentro da escola que ela está matriculada na maré”, afirmou o coordenador geral Laerte Breno, em live que anunciou os alunos contemplados da nova iniciativa.

Além do pré-requisito de serem filhos de mãe solo, os alunos devem ter de 6 a 10 anos e estarem matriculados em escola da Maré. A primeira turma, considerada pelos organizadores como uma turma teste para ampliação da iniciativa, iniciou as aulas no último dia 17/09. 

No entanto, de acordo com a coordenadora Suelen Martins, há expectativas positivas para a continuidade do projeto. “Em janeiro abriremos novas vagas, não temos o número exato ainda, pois dependemos da renovação do financiamento do projeto ser estendido e ampliado, para saber quantas crianças poderemos acolher. Até este momento, podemos garantir que mais 10 vagas serão abertas no primeiro semestre de 2023. Mas estamos trabalhando bastante e confiantes de que conseguiremos abrir mais que isso”, contou. 

Conquistando o mundo 

Em maio deste ano, a UniFavela conquistou o prêmio “Sim à Igualdade Racial 2022”, organizado pelo Instituto de Identidades do Brasil, o ID_BR. A premiação é considerada a maior do Brasil no reconhecimento de iniciativas engajadas com essa temática.

Em maio deste ano, a UniFavela conquistou o prêmio ‘Sim a igualdade racial 2022’ | Foto: Victor Vieira

Agora integrantes da instituição estão retornando do Chile após representarem o Brasil na categoria B do Prêmio Ibero-americano em Educação e Direitos Humanos que reconhece o trabalho de instituições que desenvolvem programas educacionais para crianças. Além de terem sidos indicados à premiação, os integrantes viveram uma imersão de dois dias com seminários conhecendo iniciativas de outros países. 

“Ser indicado a um prêmio dessa magnitude, com apenas 5 anos de atuação, ao lado de projetos e instituições que tem muito mais tempo de estrada que a gente é algo inesperado, mas ao mesmo tempo não é. Sabemos o quanto a educação popular é importante e o quanto trabalhamos para cumprirmos o papel que nos cabe enquanto instituição, então é também um processo de afirmação desse trabalho”, comemorou. 

Para Suelen, a sensação é de dever cumprido para a instituição, que se propõe a implementar políticas de educação pública que enfrentam os processos de descaso: “Ter uma ONG favelada sendo reconhecida internacionalmente por esse trabalho é a certeza de que a educação popular tem papel importante e essencial na luta por direitos e acesso a esses direitos. Estamos muito felizes e orgulhosos dos nossos estudantes e colaboradores, tanto os educadores quanto os voluntários que atuam nos processos administrativos. Nossa família é muito potente”.

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