12 horas de terror: Após um mês, COE realiza operação policial na Maré

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Moradores das favelas Nova Holanda, Parque Maré, Rubens Vaz e Parque União enfrentam mais de 12 horas de operação policial na Maré. Até o momento, há duas mortes confirmadas no Parque União. Por volta das 05h50, o dia começou com intenso tiroteio e fogos de artifício como despertador nesta sexta-feira (06). Policiais do Comando de Operações Especiais (COE) formado pelo Batalhão de Ações com Cães (BAC), Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), Grupamento Aeromóvel (GAM) e Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), da Polícia Militar do Rio de Janeiro, e a Polícia Federal, iniciaram uma ação policial no início da manhã, enquanto muitos moradores seguiam para o trabalho ou escola. Também houve relatos da presença de caveirões (carros blindados) circulando pelas ruas, nas primeiras horas do dia. As clínicas da família Jeremias Moraes e Diniz Batista dos Santos estão estiveram em alerta vermelho todo o dia. Moradores relataram ainda que o funcionamento das escolas da região também foi comprometido. Hoje não houve aula.

A equipe do Maré de direitos recebeu relatos de violência, danos ao patrimônio e violações de direitos pelo WhatsApp (21) 99924-6462. Entre os relatos dos moradores há casas invadidas, motos quebradas, e ainda, duas pessoas mortas no Parque União, um homem torturado no Tijolinho, dois baleados, sendo que um na favela da galinha e outro na rua Carlos Lacerda. As mortes ocorreram no período da tarde, quando supostamente a circulação de policiais militares e troca de tiros cessaram no território. A identidade de uma das vítimas foi confirmada, Pedro Souza, ele era conhecido como “Seu Pedro”. Neste momento, a equipe de segurança pública e acesso à justiça da Redes da Maré está no local de sua morte e contatou a delegacia de homicídios para o encaminhamento da perícia mas até agora nada.

No dia 12 de agosto crianças e jovens da Maré entregaram ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) mais de 1.500 cartas nas quais expressavam sua dor e medo no percorrer das ações policiais na Maré. Dois dias depois, a Ação Civil Pública da Maré, em vigor desde 2017 e anulada em junho pela juíza Regina Lucia Chuquer de Almeida Costa Castro, da 6ª Vara de Fazenda Pública da Capital, foi restabelecida. Desde então, os 140  mil moradores da Maré permaneceram sem a interrupção de seu cotidiano provocada por operações policiais. Após a volta da Ação Civil Pública identificamos uma redução nos impactos negativos da politica de segurança pública. Hoje, dia 6 faz um mês sem operações, sem escolas ou postos de saúde com as atividades suspensas.

Nas últimas semanas, moradoras da Maré receberam a visita do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e da Associação de Juízes para a Democracia (AJD) para discutir saúde pública, segurança e direitos humanos. Os encontros foram importantes para aproximar a justiça e o governo à realidade vivida pelos moradores de favela que lutam para ter seus direitos como cidadãos respeitados.

Ontem (05), durante uma agenda na zona oeste, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, anunciou que seu governo irá adotar protocolos para reduzir danos em operações em favelas. Segundo ele, o protocolo vai ajudar a população quando houver operação policial no território. Witzel chegou a fazer referência às medidas utilizadas durante a Segunda Guerra Mundial, “Na Segunda Guerra Mundial, eles tocavam a sirene, ia todo mundo para debaixo da terra, para evitar os bombardeios nazistas, e a Inglaterra poder sobreviver no combate ao nazismo. Aqui, vamos ter que adotar protocolos semelhantes. Policiais nas escolas para ajudar as crianças e professores a se protegerem”, diz o governador.

A assessoria de imprensa da Polícia Federal informou que a ação conjunta no território, em parceria com a Polícia Militar, teve o objetivo de fechar uma rádio comunitária na Maré que supostamente estava causando interferência no espaço aéreo do aeroporto Santos Dumont, no Rio. Segundo a assessoria, o pedido foi da ANATEL e a ação policial contou com 27 policiais federais e 8 viaturas blindadas e todos os equipamentos transmissores foram confiscados.  Já a assessoria  da Polícia Militar informou que foram apreendidas munições, drogas e uma pessoa foi detida e conduzida para a 21° DP (Delegacia Policial de Bonsucesso).

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