9 em cada 10 brasileiros perceberam mudanças climáticas nos últimos anos, diz pesquisa

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Percepção aumentou em relação à pesquisa de 2022; 92% dos entrevistados dizem que sentem mudanças climáticas e a ação contra o aquecimento global deve ser imediata

Reportagem de Gabriel Tussini originalmente publicada no portal ((o)) eco

91% dos brasileiros perceberam alterações na temperatura e mudanças climáticas nos últimos anos, mesma proporção dos que consideram o aquecimento global um problema grave ou muito grave. É o que dizem os resultados da pesquisa Sustentabilidade & Opinião Pública, contratada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e realizada pelo Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem. Os números, divulgados na segunda (11), demonstram um aumento de preocupação com as mudanças climáticas em relação ao ano passado, quando 86% da população considerava o problema como grave.

As entrevistas foram feitas presencialmente entre os dias 18 e 21 de novembro, com 2.021 pessoas maiores de 16 anos em todos os estados e no Distrito Federal. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o intervalo de confiança é de 95%, e devido ao arredondamento, a soma dos percentuais pode variar de 99% a 101%. “A pesquisa identifica a preocupação do brasileiro com fatores climáticos, principalmente olhando para inundações, secas, e todos os efeitos extremos que a questão climática vem trazendo para o contexto nacional”, comentou Davi Bomtempo, gerente executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI.

A pesquisa captou as diferentes formas de impacto das mudanças climáticas de acordo com cada região. No Norte e no Centro-Oeste (agrupados pela pesquisa), por exemplo, 90% dos entrevistados disseram perceber uma diminuição no volume de chuvas, e 76% citaram a seca em rios – tendência parecida com a do Nordeste, em que 82% e 73% da população apontou, respectivamente, os mesmos problemas. Já na região Sul, ao contrário, 69% das pessoas citaram o aumento no volume de chuvas, enquanto 76% citaram a maior frequência de transbordamento de rios.

Já sobre temperaturas, é quase unânime a percepção de aquecimento – é o que apontam 95% dos entrevistados no Norte e Centro-Oeste, 92% no Sudeste e no Nordeste, e 86% no Sul. Por outro lado, é no Sul que está a maior proporção, embora ainda pequena, de pessoas que dizem que tem feito mais frio (11%). 

Nessa realidade, o número de pessoas que considera as mudanças climáticas um problema imediato, que deve ser combatido urgentemente, cresceu. É essa a visão de 61% dos entrevistados, contra 51% no ano passado. Apenas 3% das pessoas consideraram que não é preciso ação imediata – mesmo número do ano passado –, enquanto 5% não souberam ou não responderam. Portanto, para 92% dos entrevistados, é preciso agir imediatamente contra as mudanças climáticas.

“Os dados recentes sobre as mudanças climáticas confirmam a importância de acelerarmos as ações voltadas à adaptação e à redução dos impactos de secas, enchentes, ondas de calor e frio intensos e outros fenômenos extremos, que vêm causando enormes prejuízos sociais e econômicos em todo o mundo”, afirmou Ricardo Alban, presidente da CNI.

“A necessidade de transição para uma economia de baixo carbono, que esteja alinhada com a contenção do aumento da temperatura do planeta dentro da meta do Acordo de Paris, é urgente. As mudanças climáticas têm afetado cada vez mais a vida das pessoas, e é de interesse coletivo a promoção de um sistema produtivo mais sustentável”, complementou.

É nessa linha que vão 38% dos entrevistados, que citaram o desmatamento de florestas como a primeira ou segunda maior ameaça ao meio ambiente no Brasil – enquanto 55% considera como ruim ou péssima a conservação do meio ambiente no país. O desmatamento, vale lembrar, é o maior responsável pelas emissões de carbono em território nacional.

Completam o pódio das ameaças percebidas o aquecimento global, citado por 23%, e a fumaça e emissão de gases poluentes, citados por 22%. Já entre as maiores prioridades para a conservação, 30% dos entrevistados citaram o tratamento de água e esgoto, 27% o combate ao aquecimento global, e 25% apontou o combate ao desmatamento.

*Gabriel Tussini é estudante de jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), redator em ((o))eco e interessado em meio ambiente, política e no que não está nos holofotes ao redor do mundo

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