80 tiros foram disparados contra o carro que levava a família a um chá de bebê; crime aconteceu em Guadalupe, Zona Norte
Por Camille Ramos
Na tarde de ontem, mais uma morte chocou a cidade. Desta vez, o soldados do Exército Brasileiro disparam 80 tiros contra o carro da família de Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, que era músico e trabalhava como segurança. O crime aconteceu em Guadalupe, Zona Norte do Rio de Janeiro, quando a família de Evaldo passava pelo local a caminho de um chá de bebê. Segundo a apuração do G1, cinco pessoas estavam no carro. A mulher, o filho do músico e uma amiga conseguiram sair do carro sem nenhum ferimento. O Sogro de Evaldo, Sérgio Gonçalves de Araújo, foi atingido e socorrido. Até o fechamento desta matéria, inda não se tinha informações sobre seu estado de saúde. Um homem, ainda não identificado, também estava próximo à cena e foi baleado.
Em nota, o Comando Militar do Leste (CML) primeiro negou ter atirado contra uma família e disse ter respondido a uma “injusta agressão” de “assaltantes” próximo ao Piscinão de Deodoro. À noite, o CML informou, em nova nota, que o caso está sendo investigado pela Polícia Judiciária Militar com a supervisão do Ministério Público Militar. Evaldo deixa a mulher e um filho de sete anos.
Por quê?
Lidiane Malanquini, coordenadora do Eixo de Segurança Pública da Redes da Maré, correlaciona o crime a um padrão promovido pelas políticas de segurança do Estado na Zona Norte e periferias da cidade. “Como que o CML usa como justificativa metralhar um carro achando que era de bandidos? Como se o fato do carro ser de bandidos pudesse legitimar os 80 tiros? Como o território periférico, favelado e a população que vive neles é vista como um exército inimigo que pode ter o carro fuzilado? Então, independentemente de ser uma família ou bandidos, por que nesse lugar se pode dar tiros?”, questiona.