Espaço Normal promove roda de conversa sobre luta antimanicomial

Data:

Dezenas de pessoas participaram do encontro, realizado no Galpão Bela Maré nesta sexta, 24

Thaynara Santos

Para marcar o Dia Internacional de Redução de Danos e o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, foi realizada, hoje, 24, no Galpão Bela Maré, a roda de conversa “Cuidar em Espaço Aberto é Normal: Experiências da Luta Antimanicomial. Frequentadores do Espaço Normal, coletivos, organizações que trabalham com saúde mental e moradores da Maré discutiram sobre redução de danos, autonomia dos usuários, respeito, racismo e segurança pública.

A conversa foi mediada por Luna Arouca, coordenadora do Espaço Normal, e reuniu, entre outros, Daniele Menezes (psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas – CAPSAd III Miriam Makeba); Daniel Souza (articulador e idealizador do Consultório na Rua), Lilian Leonel (frequentadora do Espaço Normal e moradora da cena de uso da rua Flávia Farnesi), Renata Souza (deputada estadual) e Beatriz Adura (psicóloga do coletivo Niterói sem Manicômios).

“Por que o governo não ajuda quem está nos ajudando?”

Uma das falas principais da mesa foi a de Lilian Leonel, de 33 anos, que falou sobre sua vivência como moradora em situação de rua, seu dia a dia no Espaço Normal e sobre a luta antimanicomial. “O manicômio nos considera loucos, eles não querem nos ajudar. Eles querem nos parar, nos prender. Nós não aceitamos estar lá dentro. Em vez de colocar a gente lá dentro, por que o governo não ajuda quem está nos ajudando aqui fora? Não queremos cadeia, queremos liberdade”.

A deputada estadual Renata Souza citou o racismo e a violência como obstáculos para o movimento antimanicomial. “Quando a gente fala sobre saúde mental na favela, o Estado acha que tem que mandar a polícia resolver por meio da repressão, da segurança pública. E essa repressão faz parte do racismo institucional. Nós somos os corpos matáveis, o povo da favela, preto e pobre. O Estado resolveu quem merece ou não esse cuidado”, completa.

Acolhimento e trocas

A tarde de trocas, promovida pelo Espaço Normal, fez parte de um conjunto de atividades de mobilização e celebração da Luta Antimanicomial, comemorada neste mês. O Movimento Antimanicomial tem como principal bandeira o reconhecimento dos direitos de cidadania dos “loucos” e a construção de um novo lugar social para a loucura.

O Espaço Normal é um local de convivência para quem busca acolhimento, cuidado, trocas e possui demandas básicas, como as de alimentação, higiene e respeito. O espaço – referência em drogas – é fruto de quatro anos de ações e pesquisas realizadas em áreas abertas de consumo de crack, álcool e outras drogas, especialmente na cena de uso Flávia Farnese, na Maré.

Espaço Normal

Rua das rosas, 54 – Nova Holanda – Maré

Telefone: 3105 – 4767

Oferece: Espaços para higiene pessoal e repouso.

Espaço de convivência: de segunda a sexta, das 14h às 18h.


Compartilhar notícia:

Inscreva-se

Mais notícias
Related

Por um Natal solidário na Maré

Instituições realizam as tradicionais campanhas de Natal. Uma das mais conhecidas no território é a da Associação Especiais da Maré, organização que atende 500 famílias cadastradas, contendo pessoas com deficiência (PcD)

A comunicação comunitária como ferramenta de desenvolvimento e mobilização

Das impressões de mimeógrafo aos grupos de WhatsApp a comunicação comunitária funciona como um importante registro das memórias coletivas das favelas

Baía de Guanabara sobrevive pela defesa de ativistas e ambientalistas

Quarenta anos após sua fundação, o Movimento Baía Viva ainda luta contra a privatização da água, na promoção da educação ambiental, no apoio às populações tradicionais, como pescadores e quilombolas.

Idosos procuram se exercitar em busca de saúde e qualidade de vida

A cidade do Rio de Janeiro tem à disposição alguns projetos com intuito de promover exercícios, como o Vida Ativa, Rio Em Forma, Esporte ao Ar Livre, Academia da Terceira Idade (ATI) e Programa Academia Carioca