Morreu na última sexta-feira (24/04), de pneumonia, a liderança comunitária da Baixa do Sapateiro, Atanásio Amorim, aos 89 anos.
Ele nasceu na comunidade de Santo Antônio dos Pretos, cidade de Codó, no Maranhão. Veio para o Rio de Janeiro em 1954, no porão do navio como ajudante de cozinha. Ao chegar no Rio de Janeiro, fixou residência na Baixa do Sapateiro, lugar pelo qual se apaixonou e viveu por 65 anos. Foi diretor e vice-presidente da Associação de Moradores da Baixa do Sapateiro, garantindo direitos como energia elétrica e água para a comunidade, que é uma das favelas que compõe a Maré.
Lutou contra ideias da ditadura militar, quando desejavam ditar regras na favela. Participou dos dois primeiros encontros estaduais de favelas, organizado pela FAFERJ, no qual propôs a tese de que as favelas tinham 20% de construções feitas de alvenaria, motivo pelo qual elas não poderiam mais ser removidas. Essa proposta foi aprovada e afastou o pesadelo das remoções de muitas favelas, inclusive a Baixa do Sapateiro. Durante toda a vida foi um grande contador de histórias, tornando-se um museu vivo que trazia para as novas gerações as memórias de lutas e conquistas dos moradores da Maré.
Sua morte não entrou na estatística de suspeita de COVID-19, por serem muitos casos subnotificados na Maré, por falta de testes.
Seu Atanásio deixa esposa, três filhos, Tainara de Oliveira, Amorim Atanásio, Amorim Júnior, além de três netos.