Moradores reclamam constantemente de alagamentos e de ruas esburacadas
Maré de Notícias #116 – setembro de 2020
Hélio Euclides
Há 50 anos, o homem chegava à Lua e constatou que a superfície lunar é composta por crateras. Mas para moradores da Maré, não é preciso olhar para o céu, à noite, para ver buracos. Andando pela favela é fácil encontrar ruas com um, dois ou até mais buracos. Para os moradores, os motivos são a ausência de escoamento rápido da água da chuva e a falta de manutenção.
Os presidentes das associações de moradores se sentem esquecidos pela Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente (SECONSERMA). “A favela está cheia de buracos no asfalto. O problema é que a demora de um ano sem asfalto só faz aumentar as crateras”, conta Cláudia Lúcia, presidente da Associação de Moradores do Parque Ecológico, que reclama principalmente da estrutura da Via C/4.
Na ponte que fica na Rua Tancredo Neves há um grande buraco. Para evitar acidentes, moradores improvisaram advertências. “Coloquei um galho e tábuas para ninguém se machucar. É necessária uma manutenção rápida, que não acontece”, lembra André Luiz, morador da Baixa do Sapateiro. Para João Bergher, morador do Salsa e Merengue, é preciso realizar um conjunto de ações, além do recapeamento das ruas. “A gente deseja uma melhoria na coleta de lixo, que os buracos das ruas sejam tampados e que haja saneamento básico”, comentou.
Um rio em plena rua
Muitos buracos da favela são causados pelas inundações. Na Vila dos Pinheiros, em frente ao Ciep Ministro Gustavo Capanema, a Via A/1 já ficou diversas vezes com grande bolsões de água. A vias B/3 e B/4 também sofrem com alagamentos. “Essas lagoas após a chuva são uma pouca-vergonha, sofremos com o acesso, lodo e água podre”, comenta Tainara Cabral, moradora da Vila dos Pinheiros. Renata da Silva, moradora da Vila dos Pinheiros tem de driblar a água. “Isso é horrível, chega a ser nojento. É preciso melhorar a Maré”, aconselha.
Parte de Marcílio Dias também sofre com os mesmos problemas. Ana Cunha, presidente da associação de moradores, reclama dos buracos nas ruas. O local também padece com alagamentos na área mais pobre, com moradores chegando a perder móveis. No Parque Maré, moradores reclamam que ruas mais baixas ficam alagadas. “Quando chove é um desespero. O esgoto vive entupido e a drenagem das chuvas é ruim. Na Rua Nova e becos, as casas têm proteção na porta para evitar a inundação e perda de móveis”, observa Severina de Souza.
Fabiana Silva Jorge é moradora do Parque União há mais de um ano e, assim como outros moradores, relatou que basta chover para ficar inviável sair de casa. “O beco onde moro vira um rio de esgoto. E a gente tem de pôr o pé, porque precisa sair de casa para trabalhar e levar os filhos para a escola”, observou. A moradora alerta que problemas de esgoto entupido são constantes onde ela mora.
O asfalto distante da favela
Heitor Pereira, administrador regional da 30ª Região Administrativa (RA) disse que, por motivos alheios à vontade da RA, a Maré ficou um período sem receber esse material, mas que já retornou. Ressaltou que há grande quantidade de buracos, por isso pede paciência à população. Ele garantiu que a qualidade do asfalto colocado na Maré é igual ao restante da cidade.
Quanto às ruas mais atingidas pelos temporais, ele informou que, na Vila dos Pinheiros, a Secretaria Municipal de Obras realiza a troca de 300 metros de manilhas. Já na Bento Ribeiro Dantas, em frente à Clínica da Família Augusto Boal, foi realizada a limpeza dos ralos pela Comlurb.