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Entenda como se formam as ilhas de calor e quais os seus impactos na Maré

Por Laerte Breno e Maré Verde, em 05/02/2021 às 10h

       As mudanças climáticas estão tomando proporções cada vez maiores, e pesquisas já apontam aumentos significativos nas temperaturas com dias cada vez mais quentes. Quando pensamos no processo de crescimento das favelas, tais espaços são facilmente impactados com o fenômeno, pois as suas consequências se expressam com maior força em locais com excessiva quantidade de construções e baixa concentração de áreas verdes onde a temperatura é mais elevada.

A falta de áreas verdes; o crescimento de ruas e avenidas asfaltadas; a alta quantidade de edifícios interferindo na circulação dos ventos tornando os bairros em volta mais quentes e a poluição do ar causada por atividades industriais e intensa circulação de carros, ônibus e caminhões, ruas estreitas, casas mal ventiladas pela necessidade de moradia e crescimento populacional exponencial contribuem para a formação das ilhas de calor. As características acima mencionadas poderiam se referir à Maré, mas trata-se de diversos outros espaços na cidade do Rio e também no país.

As altas temperaturas, assim como suas variações bruscas, são sentidas cada vez mais dentro e fora das favelas. Além disso, o desconforto térmico causado pela forma como o espaço urbano é produzido afeta não só o nosso meio ambiente, mas também põe em risco a saúde de nós, moradores de favelas e periferias. Logo, é fundamental cobrar o prefeito da sua cidade um diálogo mais próximo com a sua localidade, sabemos que a favela recebe um tratamento diferenciando se compararmos com os bairros da zona sul do munícipio do Rio de Janeiro, de abandono e poucas intervenções governamentais quando o assunto é pensar políticas públicas efetivas. É o nosso dever enquanto cidadãos!

A moradora da Maré, Valdirene Militão, de 49 anos e bolsista no Campus Fiocruz da Mata Atlântica, reconhece a gravidade do tema. “O tempo todo eu vejo essa mudança. Os prédios estão crescendo de forma muito acelerada. Não só aqui na Maré, mas também em outros bairros, como Jacarepaguá. Isso de uma forma direta, interfere na circulação de ar”. Para tentar minimizar o calor no local onde vive, ela tem uma horta na sua laje, trazendo todo verde ao ambiente domiciliar e reconhece que “com a falta de vegetação, tem um excessivo calor, o que deixa o ar mais seco. Um exemplo disso é a Vila Autódromo. Antes dela ser removida, era muito verde com milhares de plantações. Era um lugar refrescante”. 

Embora o crescimento populacional na Maré se consolide de forma cada vez mais acelerada por conta do tombamento de algumas árvores para a construção de casas, precisamos olhar para cada rua, beco e viela com cautela, deixando um espaço confortável para as gerações futuras, amenizando os impactos de um futuro não tão distante. Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC), nos próximos 100 anos, as mudanças climáticas vão provocar o aumento de eventos climáticos intensos como tornados e chuvas com granizo, além de rajadas de vento, elevando as possibilidades de inundações e o risco de contaminação. Pode parecer longe, mas está mais perto do que imaginamos. 

Não devemos apenas esperar medidas para diminuir o problema por parte do poder público. Nós também podemos adotar ações simples, como conversar com a associação de moradores da sua localidade e checar a possibilidade de locais para o plantio de árvores, criação de parques e preservação de áreas verdes. Em relação ao ar, basta diminuir, se tiver, o uso do seu carro para trajetos curtos. E o mais importante: hidrate-se. 

Laerte Breno, 25 anos, Morador da Maré, Graduando em Letras pela UFRJ, Colunista, Educador, pesquisador e mobilizador social.

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