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[toggle title=”Reciclando renda”]
Por Hélio Euclides
Projeto incentiva morador a reaproveitar materiais, que são transformados em pesos de porta e bandeiras de time de futebol
O Projeto Arte e Areia & Cia, na Vila do Pinheiro, tem como lema a valorização do trabalho da comunidade, por meio da reciclagem. Na Via C/12, funciona o pólo artesanal Maré, onde diversos moradores aproveitam materiais para a criação de bandeiras de clubes de futebol e pesos de porta em formato de cobra e de boneco. Além de incentivar a reciclagem, o projeto permite a complementação da renda dos moradores.
Tudo começou quando o casal Eduardo e Cida Fernandes, coordenadores do projeto, veio para o Rio de Janeiro para entrega de roteiro de novela e minissérie para uma rede de televisão. Como tinham que esperar a resposta, conversaram com um taxista que os trouxe até a Maré, bairro que nem estava nos planos dos dois. “Foi de paraquedas. Até pensávamos em iniciar um pólo na cidade, mas era na Mangueira”, comenta Eduardo.
Isso foi no ano passado, e o casal deu início aos preparativos até que no último dia 27 de julho ocorreu a inauguração o cial, com 35 trabalhadores parceiros.
Todos passam por um curso, que também ensina a gerir o negócio, para quando os coordenadores deixarem o espaço. O pólo Maré é o 18º do projeto e o primeiro do Rio. Os demais funcionam em São Paulo, vendendo os bonequinhos de peso de porta. “Costumo abrir e deixar que a comunidade que gerindo, mas compro o material concluído”, conta Eduardo. Segundo ele, o trabalho deu tão certo entre os cariocas, que um segundo pólo já vai surgir na Rocinha. “Estamos abertos para novas pessoas. O importante é gostar, e não perder a coragem”, relata Cida.
Bonecos vendidos em lojas e bazares
O carro-chefe do projeto são os bonequinhos. São 55 personagens, desenvolvidos conforme a época do ano. No Natal, não pode faltar o papai Noel. Para o mês de agosto, estava previsto o lançamento do boneco do Neymar. Ao preço de R$ 1,99, são produzidas 600 unidades por dia, atualmente vendidas para as redes Fama e Amigão e para pequenos lojistas da comunidade. “Os Reciclando renda!” produtos são feitos com a reciclagem de bolsas, plásticos, pet, tampas de garrafas, roupas velhas, retalhos e serragens. Além disso, levam ainda areia, única matéria-prima não reciclada. Para os olhos dos bonecos, o material reutilizado é a garrafa pet; já as tranças são feitas de qualquer tipo de pano.
“Já estou aqui há nove meses e estou bem satisfeita. Se não tivesse aqui estava desempregada. O dinheiro que ganho ajuda a sustentar a casa”, a rma a aluna e moradora do Salsa, Valquiria Marques, que tem seis lhos. O grupo conta com pessoas de todas as idades, inclusive mulheres aposentadas que desejam melhorar a renda mensal.
A monitora do Programa de Integração Cidadã, da Vila do João, Ailza Victor, preparou uma aula campo e levou seus 15 alunos ao pólo. “Eu já trabalho com material reciclado, e quando vi uma aluna com uma boneca de areia, resolvi visitar o projeto. Achei muito legal o local e vimos pessoas acolhedoras, que nos mostraram como tudo é feito. Foi uma sementinha que espalhou”, conclui.
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[toggle title=”Aumenta que isso aí é da Maré”]
A Maré não só respira música para todos os lados, como também produz música de qualidade. Aqui no bairro nem tudo termina em samba, porque a diversidade é uma característica local. Além de grupos de pagode, têm bandas de forró, funk, MPB, rock. Por falar em rock, este é um estilo que muitos moradores curtem, tanto que o evento mais concorrido da Lona Cultural da Maré costuma ser o Favela Rock, que acontece uma vez por mês. Entre as bandas locais deste gênero que já se tornaram conhecidas na cidade estão D´Loks, Algoz, Café Frio e Canto Cego. De um ano para cá, mais espaços de apresentação para os músicos locais, principalmente roqueiros, vêm surgindo nas comunidades da Maré, como os bares do Zé Toré, no Timbau, e o do Leandro, no Parque União.
Dia 25 de agosto, a Praça da Nova Holanda promete entrar para este roteiro musical, com um primeiro evento que apresentará covers de Barão Vermelho, Legião Urbana e Charlie Brown. Entre as bandas já con rmadas está a D´Loks, que apresentamos a seguir.
O grupo se identifica com o rock alternativo. Já na sua terceira formação, a banda é composta por quatros integrantes: Jhony (bateria e vocal), Fabio Loks (vocal), Dásio (guitarra) e Gustavo (baixo). Atualmente, eles trabalham na gravação do primeiro EP e na gravação do clipe que será disponibilizado em suas redes sociais.
História da banda
A banda D’Loks tem como principal objetivo levar sua mensagem para fora das fronteiras mercadológicas. Suas letras abordam temas e/ou sentimentos comuns do cotidiano, como frustração, amor, ódio, tédio etc. A banda começou em 2005, quando Dásio e Jhony conheceram Fabio, e os três se identificaram tanto na bagagem de bandas antigas de cada um quanto nas in uências. Daí resolveram começar uma banda que pudesse produzir um rock atual, fazendo uma química entre sinceridade e atitude.
Com uma guitarra nervosa, bateria e backing vocal rasgada e baixo alucinante, a D’Loks tem um mix de in uências que aborda uma grande parte do rock, que vai desde bandas nacionais como Cazuza, Barão Vermelho, Legião Urbana, Detonautas, e outras mais pesadas como Angra, O cina G3, e as internacionais Audioslave, Rage Against The Machine, Soundgarden, entre outras, até o cenário Heavy Metal, como Ozzy e Dream Theater.
Processo de criação das letras
Inicialmente as letras são compostas por Dásio e posteriormente trabalhadas pelos demais integrantes. Segundo Dásio, não existe uma receita para composição musical. “A melhor forma de se fazer uma letra honesta é a verdade; me baseio em conversas, na minha vida e na dos outros integrantes da banda. Algumas letras vêm de comentários que escuto, às vezes tristes, dramáticos, melancólicos, outros felizes e motivadores”.
O grupo já se apresentou em diversos festivais, realizou shows cover, autorais e abriu shows para as bandas Moptop, Raimundos, Luxúria, Dr. Silvana, entre outros.
Na Maré
No cenário da música da Maré, a banda é bastante conhecida, e já se apresentou na Lona Cultural Herbert Vianna (a Lona da Maré), no Museu da Maré e nos bares do Zé Toré e do Leandro.
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[toggle title=”Moradora inspira diretor de teatro”]
Por Silvana Bahia
Teatro em casa. Essa é a proposta do novo projeto, intitulado Home Theater, dirigido por Marcus Faustini, criador e diretor da Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu, da Escola Livre de Teatro de Santa Cruz e da Agência de Redes para Juventude. Três mulheres, uma de cada lugar da cidade – Maré e Pavuna (Zona Norte), e Jardim Botânico (Zona Sul) – foram escolhidas, neste primeiro momento, para terem suas vidas interpretadas pela atriz Regiane Alves dentro da casa delas para um público de 20 pessoas.
Sandra Tomé, moradora da Maré, conta que ficou muito emocionada ao receber o convite. “A Eliana Sousa Silva (diretora da Redes) me indicou para o Faustini. Ele disse que precisava de uma mulher com uma história legal; me senti honrada com o convite. Sou moradora da Maré, nascida e criada aqui, sou da época das pala tas. Na adolescência, as coisas eram muito difíceis. As pessoas da minha geração que conseguiam fazer o ensino médio era como se chegassem à faculdade. Concluir o ensino médio já era uma vitória”.
Aos 36 anos, Sandra voltou a estudar. Terminou o ensino médio e se matriculou no pré-vestibular que tinha sido aberto na Maré. Durante três anos tentou ingressar na universidade para cursar Serviço Social, até que conquistou a vaga. “Determinei que caria quatro anos na faculdade. Sou a primeira pessoa da minha família a se formar numa universidade. Depois de formada, trabalhei na Redes da Maré. Não entrei trabalhando na minha área, mas esse aprendizado foi fundamental. Só depois de um tempo, quando surgiu uma vaga, consegui trabalhar na minha área, e lá que por dois anos e meio”, comenta Sandra, que atualmente trabalha no Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibse) como assistente social.
A história chamou a atenção de Faustini. O projeto ainda não tem data certa para acontecer, mas tudo indica que será no mês de setembro. O laboratório com a atriz Regiane Alves já começou. Ela esteve na casa de Sandra para conhecê-la e ouvir as histórias da boca de quem as vivenciou.
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[toggle title=”Mais vazamento de esgoto na Maré”]
Saneamento adequado é uma das mais frequentes reivindicações dos leitores, que reclamam – com razão – especialmente do acúmulo de lixo nas ruas e de vazamentos de esgoto. Desta vez, foram os moradores da Rua B, na Nova Holanda, que entraram em contato com a Redação. Luana Conceição dos Santos (de vestido preto) e Mary Anjo (de bermuda) dizem que o vazamento no quarteirão entre as ruas do Canal e a Bittencourt Sampaio ocorre há cerca de sete meses e, desde então, só se agrava.
“Isso acontece justo na rua que tem mais criança. Várias crianças aparecem com o pé estourado de ferida”, a rma Luana. Mary, por sua vez, tratou de colocar cimento na entrada de sua casa, formando uma “ilha” de proteção.
O problema se repete nas ruas paralelas. Na Rua D, os moradores Paulo Sergio Rangel e Jandira Santos de Araújo convivem com o problema há cerca de três anos. Quando chove, ca ainda pior. Como o esgoto parece minar por baixo da rua, o local não fica seco nunca. A Rua das Maravilhas, ao lado, ganhou calçamento alto feito pelos próprios moradores. A elevação da rua é a saída que muitos encontram para fugir do convívio direto com o esgoto.
A Cedae Maré já esteve nessas ruas, mas não conseguiu resolver os problemas.
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