Representantes do programa de vacinação em massa participam de coletiva de imprensa e acompanham primeiro dia das ações
Por Amanda Pinheiro, em 29/07/2021 às 17h15
Editado por Tamyres Matos
No primeiro dia de vacinação em massa na Maré, o #VacinaMaré, que começou nesta quinta-feira, dia 29, e vai até o próximo domingo (1º de agosto), representantes da iniciativa estiveram no território para uma coletiva de imprensa. Eles acompanharam ainda toda a movimentação da ação que busca imunizar 31 mil moradores acima de 18 anos das 16 favelas que compõem a Maré.
O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, a diretora da Redes da Maré, Eliana Sousa, o assessor de relações Interinstitucionais da Fiocruz, Valcler Rangel, e o pesquisador da Fundação e coordenador do estudo, Fernando Bozza, falaram sobre suas expectativas.
“É um momento ainda muito duro e triste. A gente ainda tem muitos casos de covid na cidade, muitas pessoas perderam parentes e tem gente ainda se recuperando da doença, com sequelas, com problemas graves de saúde. Mas vamos precisar olhar para frente e a vacina é isso: nossa esperança de sair desse momento. A gente sabe que a vacina é eficiente, salva vidas, protege contra a internação. Esse projeto da Maré, junto com Paquetá, vai ajudar a produzir conhecimento para que a gente esteja sempre à frente e consiga planejar os próximos passos. É um dia muito especial para a Maré, mas é um dia ainda mais importante para a ciência, para a prefeitura do Rio de Janeiro e para Fiocruz”, declarou o secretário de Saúde.
Esforço coletivo de paz
Valcler Rangel, pesquisador da Fiocruz, disse que essa iniciativa pode ser chamada de “esforço de paz”, e ressaltou que a parceria começou quando Eliana Sousa, em 2020, levou uma equipe até a instituição e pediu ajuda para o enfrentamento da pandemia na Maré.
“A história dessa parte aqui começa com a Eliana e uma equipe indo em março do ano passado na Fiocruz dizendo que precisava da instituição para enfrentar a pandemia. A partir disso, começamos um trabalho. Antes, já havia uma mobilização da Redes da Maré dizendo um ‘não ao coronavírus’, mas hoje é um não mais forte. É uma construção coletiva que gera um aprendizado para nós. Essa pandemia é muito mais do que um vírus infectando e matando pessoas. Ela faz parte de um processo de desigualdade no Brasil que só poderá ser enfrentada dessa forma: com a sociedade civil, com consciência e o poder público”, afirmou.
Outro marco lembrado durante a cerimônia foi a primeira testagem realizada por meio do Conexão Saúde, feita no dia 28 de julho de 2020, já com a parceria iniciada. Na época, a Maré tinha um dos maiores números de mortes do Rio de Janeiro e, a partir dessa ação, houve redução de 86% da mortalidade.
“Queria saudar mais uma vez esse conjunto de parcerias que se estabeleceu para a gente chegar neste momento. Nosso trabalho sempre foi tentar pensar projetos estruturantes para a Maré como, de fato, a Maré é reconhecida na cidade do Rio de Janeiro, como um lugar onde os direitos têm que ser estabelecidos. Trabalhar desde o início da pandemia na perspectiva de garantir os direitos dos moradores e pensar, inventar e criar alternativas para esse enfrentamento sempre foi o nosso objetivo”, celebrou Eliana Sousa.
Segundo a líder da Redes da MAré, esse tipo de movimentação é possível a partir do momento em que os moradores são reconhecidos nos seus direitos mais básicos. “Vacinar no momento de pandemia, que a gente tem esse problema no Brasil, que muita gente não consegue se imunizar, trazer essa perspectiva de uma vacinação em massa para a juventude, pensar nas crianças, e no efeito que isso tem na vida dos moradores, é uma demonstração do que a gente pode, coletivamente, construir”, afirmou.