Texto do encarte disponibilizado durante agosto em locais estratégicos das 16 favelas da Maré, como unidades de saúde e no Espaço Normal, reúne orientações básicas com cuidados para construção de bem-estar
O que é saúde mental?
Se você respondeu que saúde mental é não ter doenças mentais, está enganado. Vai muito além disso! A saúde mental faz parte da saúde de modo geral e também depende de muitos fatores como boa alimentação; uma moradia adequada; contar com água e esgoto, ter trabalho e renda, educação, cultura, segurança, acesso aos serviços de saúde, esporte, lazer, acesso a bens e serviços disponíveis onde se mora. Em outras palavras, é um conjunto de recursos que utilizamos para:
Lidar com o estresse sobrecarga de trabalho, perdas de pessoas queridas, dificuldades financeira; Nos relacionar bem uns com os outros gerando uma convivência em comunidade mais sadia; Fazer escolhas desde as mais simples (como a roupa que vamos usar) até as mais complicadas (carreira profissional, planos de futuro).
Saúde mental é um direito
A saúde mental faz parte da saúde de modo geral e também depende de muitos outros fatores como: boa alimentação; uma moradia adequada; contar com água e esgoto na comunidade, ter trabalho e renda, educação, cultura, segurança, acesso aos serviços de saúde, esporte, lazer, acesso a bens e serviços disponíveis na comunidade.
Não basta cada um agir sozinho, é preciso olhar para cada pessoa de forma global: as diferentes partes do seu corpo, incluindo a mente, o contexto social onde vive, as condições de vida, e observar suas necessidades de maneira mais ampla e integral. Todos corremos o risco de desenvolver doenças e problemas mentais, se não tomarmos os cuidados de prevenção necessários para reduzir os riscos e condições que podem afetar negativamente nossa saúde mental.
1 – Preocupação ou medo constantes;
2 – Sentindo-se excessivamente triste ou deprimido;
3 – Pensamento confuso ou problemas de concentração e aprendizagem;
4 – Mudanças extremas de humor, incluindo euforia ou raiva incontrolável;
5 – Evitando família, amigos e atividades sociais;
6 – Mudanças no sono, tendo constante sensação de cansaço e pouca energia;
Estes são os principais sinais de alerta para doenças mentais. Ao identificar algum outro comportamento ou sinal suspeito, é recomendado que busque ajuda profissional.
7 – Mudanças nos hábitos alimentares, como aumento da fome ou falta de apetite;
8 – Dificuldade em perceber a realidade (delírios ou alucinações);
9 – Incapacidade de perceber mudanças nos próprios sentimentos, comportamento ou personalidade;
10 – Uso excessivo de substâncias como álcool ou drogas;
11 – Pensamento suicida;
12 – Incapacidade de realizar atividades diárias ou lidar com problemas diários e estresse.
Onde procurar ajuda
É possível cuidar da saúde mental de muitas formas diferentes: pensando no que nos dá prazer e nos ajuda a aliviar o estresse e a tensão do dia a dia. Podemos também tomar medidas simples como procurar dormir bem, praticar atividades físicas, ter horários certos para se alimentar e consumir alimentos saudáveis; passar momentos agradáveis ao lado de pessoas queridas, cuidar da nossa espiritualidade, valorizar a vida e as pequenas e belas coisas que estão à nossa volta.
Porém, quando essas formas de cuidado não conseguem garantir nossa saúde, e alguma situação de sofrimento mental atinge a nós ou a alguém do nosso convívio, é preciso procurar ajuda. Para conseguir ajuda, o primeiro passo é buscar por serviços e recursos disponíveis na região onde você vive, conforme suas necessidades.
Na Maré existem diversos tipos de serviços e equipamentos públicos voltados para o atendimento de problemas de saúde mental que vão desde Unidades Básicas de Saúde, como as Clínicas da Família, até centros especializados como os CAPS e comunitários como o Espaço Normal.
Os CAPS podem ser acionados diretamente, sem precisar de encaminhamento ou marcação para o atendimento e acolhimento das pessoas que chegam pela primeira vez no serviço. As Clínicas da Família também podem oferecer atendimento psicológico, podendo ainda tirar dúvidas, orientar e fazer encaminhamentos para os CAPS, caso seja necessário.
Essa rede de atendimento em Saúde Mental é conhecida pela sigla RAPS, que quer dizer Rede de Atenção Psicossocial. A RAPS, é composta pelos diversos centros e postos de atendimento de pessoas com problemas mentais, tratando também dos efeitos prejudiciais do uso excessivo de crack, álcool e outras drogas.
A seguir, apresentaremos alguns locais onde é possível buscar orientações, tratamento ou mesmo o encaminhamento para um serviço de saúde mental mais adequado para a sua necessidade e acolhimento.
IMPORTANTE: Em casos de emergência psiquiátrica, quando a pessoa está em surto ou em crise, colocando em risco a sua vida ou de outras pessoas, o correto é acionar o SAMU, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, pelo telefone 192.
SERVIÇOS
CAPS II – Carlos Augusto da Silva (Magal)
Endereço: Avenida Dom Hélder Câmara, 1.390, fundos Manguinhos – CEP: 20910-062 Telefones: (21) 2201.0180 / (21) 97002.1427
Horário: segunda a sexta, das 8h às 17h.
Público-alvo: adultos com problemas de saúde mental persistentes.
CAPSAD III – Miriam Makeba
Endereço: Rua Professor Lacê, 485, Ramos – CEP: 21060-120
Telefones: (21) 3889.8441
Horário: 24h, todos os dias, oferecendo acolhimento noturno.
Público-alvo: pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas; que estão em territórios de riscos, além da demanda saúde mental.
CAPSI – Visconde de Sabugosa
Endereço: Avenida Guanabara, Praia de Ramos, s/n, Ramos – CEP: 21030-080
Horário: segunda a sexta, das 7h às 17h.
Público-alvo: crianças e adolescentes com demandas de saúde mental.
UAA – Metamorfose Ambulante
Endereço: Rua Filomena, 299, Olaria – CEP: 21021-380
Público-alvo: Unidade de Acolhimento Adulto (UAA) é um espaço de acolhimento transitório para pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas (prazo de 6 meses). Oferece apoio para busca de emprego, moradia fixa, entre outros.
Espaço de Referência sobre Drogas na Maré – Espaço Normal
Endereço: Rua das Rosas, 54, Nova Holanda – CEP: 21044-580
Telefone: (21) 3105.4767
Horário: segunda a sexta, das 14h às 18h.
Público-alvo: É um espaço de convivência que atua através da estratégia de Redução de Danos. O Espaço oferece aos usuários um local para descanso, TV, acesso a telefone, computador, higiene pessoal e cozinha para que produzam seu próprio alimento. Há também atendimento sociojurídico, cuidado em rede com outros equipamentos de saúde, saúde mental e assistência social.
Casa da Diversidade Sexual Gilmara Cunha
Endereço: Rua Sargento Silva Nunes, 1012, Maré
Telefone: (21) 97201.4477
Horário: 09h às 17h
Público-alvo: LGBTQI+
Espaço de Referência para Mulheres da Maré – Casa das Mulheres da Maré
Endereço: Rua Da Paz, 42, Parque União
Telefones: (21) 3105.5569 ou (21) 3105.4767
Horário: Segunda a quinta, das 8h às 21h. Sexta, das 8h às 17h. Sábado, das 9h às 15h.
Atividades: oferece diferentes frentes de trabalho – qualificação profissional, enfrentamento das violências contra as mulheres, atendimento sociojurídico e psicológico e a articulação territorial para a criação de uma agenda positiva nas políticas públicas para as mulheres.
Como preservar nossa saúde mental
1 – Cuide da sua alimentação. Comer bem não tem a ver apenas com a boa forma física, mas com o bem-estar geral. Opte por um cardápio variado e equilibrado;
2 – Pratique alguma atividade física. Colocar o corpo em movimento de forma regular também contribui para a saúde emocional;
3 – Cuide do seu sono e descanso. É muito importante dormir bem, tendo uma boa rotina de sono. Noites mal dormidas colaboram para agravar os transtornos mentais/emocionais;
4 – Tenha momentos dedicados às pessoas queridas. É importante conviver com amigos e familiares;
5 – Reserve um tempo para o esporte e lazer. Faça atividades que te deixem feliz, como passeios, encontros com amigos, ir ao cinema, ler um livro, sair para dançar, entre outros;
6 – Esteja em contato com a natureza. Faz bem para o corpo e para a mente estar ao ar livre, conectando-se ao meio ambiente e escapar um pouco da rotina puxada do trabalho e da casa;
7 – Procure algo que lhe dê prazer. É muito saudável ter alguma atividade diferente na rotina. Escolha algo com que tenha afinidade ou mesmo que sempre teve vontade de fazer e nunca teve coragem. Pintura, dança ou algum esporte são alguns exemplos;
8 – Desenvolva sua fé. E isso independe de crença/religião. A fé está ligada à forma como nos relacionamos com o mundo e com as pessoas, ao otimismo, a crer na vida e em algo que tenha significado para você;
9 – Conheça a si mesmo. Existem várias formas de se conhecer como terapias, psicanálise, bodytalk, teatro, atividades lúdicas, etc;
10 – Ajude o próximo. Pode ser um vizinho que precisa de ajuda ou um trabalho voluntário. Fazer o bem faz bem.
Você sabe o que a comunidade tem a ver com saúde mental?
Em primeiro lugar, para alcançarmos a inclusão social das pessoas em sofrimento mental, principalmente de pessoas que tenham passado muitos anos internadas em manicômios e hospitais psiquiátricos, é preciso que a comunidade esteja melhor informada e possa vencer ideias e preconceitos sobre pessoas que receberam um diagnóstico psiquiátrico.
É aí que entra a comunidade. As famílias precisam ser acolhidas e fortalecidas para que possam ter um convívio próximo e constante com seus familiares adoecidos e a comunidade precisa, do mesmo modo, ser mais tolerante com as diferenças.
Há muitas histórias de pessoas que passaram por momentos difíceis de sofrimento mental no passado, e quando tiveram a oportunidade, retomaram suas vidas, o convívio familiar, e até voltaram a estudar, trabalhar, tornando-se pessoas produtivas e felizes.
A chapa tá quente para geral, e o direito à saúde mental é conversa de todos e todas! Se cuide, cuide dos seus e da sua comunidade! Nos encontramos por aí!
O Guia de Saúde Mental da Maré é uma realização da Redes da Maré em parceria com a People’s Palace Projects