Encontro envolveu moradores da Nova Maré e representantes da Comlurb e foi promovido pelo eixo de Direitos Urbanos e Socioambientais da Redes da Maré
Por Samara Oliveira, em 05/10/2022 às 16h30
Não é de hoje que os mareenses reclamam das ruas cheias de lixo espalhado, especificamente na Nova Maré. Por outro lado, também existe a reclamação por parte dos trabalhadores da Comlurb em relação à falta de conscientização dos moradores, já que a coleta passa na região de segunda a sábado.
Para discutir problemas e soluções, a Redes da Maré, através do eixo Direitos Urbanos e Socioambientais (Dusa), reuniu moradores, representantes da Comlurb e da gerência executiva local para apresentar o resultado de uma pesquisa realizada sobre as percepções sobre o lixo na Nova Maré no fim de setembro.
O encontro foi realizado na Lona Cultural Herbert Vianna e um dos pontos mostrado pela pesquisa que norteou o principal debate no encontro foi que os moradores sabem da coleta que acontece na região e que a Comlurb realmente realiza o trabalho todos os dias, exceto aos domingos.
No entanto, a dona de casa Elizana Pereira (32), ressalta a dificuldade de descartar o lixo no horário pedido pelos trabalhadores da Comlurb. “Infelizmente, de manhã não dá. A coleta passa às 6h, essa hora eu estou arrumando meus filhos para escola e o ponto de coleta é muito longe da minha casa. Eu só consigo deixar lá depois que já passaram. Tenho que esperar meus filhos mais velhos chegarem da escola para conseguir fazer isso”, disse.
Outra preocupação de todos presentes na reunião foi acerca dos períodos de chuva já que os lixos colocados fora do horário de coleta tendem a parar nas galerias de águas pluviais causando mais enchentes.
“O lixo é um problema de todos. Fui em uma comunidade aqui mesmo da Maré que em todas as casas tinham um gancho para pendurar o lixo. Ou seja, não tem o risco de ir para as galerias ou rede de esgoto quando chove. O que estamos fazendo aqui é um diálogo importante para melhorar o atendimento da coleta de lixo domiciliar. Assim a gente organiza um horário de coleta, trabalha a conscientização dos moradores e reafirma que a Maré é o único lugar do município que a Comlurb passa todos os dias”, afirmou Pablo Ronaldo, gestor executivo local.
Shirley Rosendo, coordenadora do eixo Direitos Urbanos e Socioambientais da Redes da Maré, relembrou que o planejamento de coleta na Maré pela Comlurb é da década de 1980, quando havia apenas seis comunidades. Hoje, com mais que o dobro desse número, ela acredita ser necessário pensar em novas estratégias.
“Precisamos pensar sim num processo de conscientização com o lixo. Não é porque eu não quero mais algo ou não uso mais aquilo que eu posso jogar em qualquer lugar. Ninguém quer o lixo na própria porta, mas a gente descarta onde está o outro. Não dá pra gente ter uma quantidade de lixo absurda em frente às escolas, em frente a Vila Olímpica. Também não precisamos achar um culpado, precisamos pensar juntos num problema que é comum a todos”, opinou.
Ainda será definida uma nova data para o próximo encontro que tem como objetivo levar propostas de rota, horários e ações de conscientização e informação para os moradores.