Unidades escolares no Salsa e Merengue e na Vila do Pinheiro promovem eventos com a presença de alunos e responsáveis
Por Hélio Euclides, em 20/10/2022 às 11h07
Saci-pererê, cuca, curupira, mula sem cabeça, boto, Iara, boitatá, caipora. Esses são alguns personagens do riquíssimo folclore brasileiro. A Maré também tem as suas lendas e contos, como a figueira mal-assombrada, o ensopado de cobra, a festa do casamento nas palafitas, o porco com cara de gente, o lobisomem, o bloco Mataram Meu Gato e a loura do banheiro. Na última terça-feira (18/10) a Creche Municipal Vila Pinheiro, localizada no Salsa e Merengue, reuniu crianças e responsáveis para a encenação da peça que retrata as histórias do folclore da Maré. No mesmo dia, a Escola Municipal Quarto Centenário, localizada na Baixa do Sapateiro, trouxe o ambiente do Pantanal para a Maré.
No pátio de entrada da Creche Municipal Vila Pinheiro, os professores apresentaram o encerramento de mais um projeto pedagógico, desta vez sobre as histórias que os avós contavam sobre a Maré. A mostra teve a peça Maré um Musical, que mostrou a valorização local, o mapa do território trabalhado com as crianças e o folclore voltado para o território. O objetivo da encenação foi falar da história local e envolver o morador na construção da Maré. “Percebemos que alguns ainda falam que moram em Bonsucesso, por isso pensamos em mostrar a importância da valorização do território. Outros moradores são novos e não sabem o que os mais antigos conquistaram a partir de muitos aterros e lutas”, comenta Aparecida Filgueiras, diretora da creche.
A peça nasceu após uma pesquisa realizada junto ao Museu da Maré, para buscar os contos e lendas locais. Além da encenação, foi construído um mural e cenário com a ajuda dos alunos, incentivando o pertencimento do território. “Sou moradora daqui desde criança, igualmente outras professoras. Lembro dos alagamentos da Rua Tatajuba, das dunas de areia para o aterramento, da criação da Linha Vermelha e do início do Parque Ecológico”, conta.
Uma outra meta é o pertencimento da unidade escolar, contra a depredação e a importância de se preservar. Antes a horta não ficava de pé, agora já conseguimos até colher. É preciso ter um carinho com a creche. Esse é um trabalho de formiguinha”, diz. Ela destaca que também é preciso cuidar do entorno, como não jogar lixo no chão, pensando no meio ambiente. Graucilene Rodrigues, mãe de Ágata, de 4 anos e moradora da Vila dos Pinheiros, concorda e acredita que ao saber sobre o nascimento da favela é possível uma maior preservação do lugar. “Acho bom saber da história da gente. Não conhecemos tudo que se passou, foram muitas lutas”, conclui.
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O próximo evento da creche será o Dia da Beleza, um lembrete sobre o Outubro Rosa. A ação acontece no final do mês para as mulheres, sendo uma parceria com a instituição Nova Direção.
Estudando a natureza
A Escola Municipal Quarto Centenário realizou o evento intitulado Aventura no Pantanal. A festa que reuniu danças e barracas com comidas típicas foi o encerramento do trabalho pedagógico do colégio. Esse ano com o sucesso da novela remake, os professores fizeram um tributo ao Pantanal, com destaque para a fauna e a flora. O objetivo foi a conscientização da natureza, para a preservação do ambiente, com o cuidado com animais e plantas, especialmente pelo fim das queimadas.
Os alunos durante o ano tiveram a oportunidade de assistirem vídeos do Pantanal para entenderem a importância da preservação cultural e entenderem a presença dos animais nessa região. “Nesse encerramento do trabalho trouxemos o Pantanal para a Maré. Não fazemos festa junina e nesse período da primavera sempre há um evento de culminância. Já fizemos um trabalho sobre brincadeiras de roda e aniversário da cidade do Rio de Janeiro, isso antes da pandemia. Agora é o retorno de algo presencial da comunidade escolar com os responsáveis”, expõe Alessandra Aguiar, diretora da Escola Municipal Quarto Centenário.
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Adeilde Gomes, moradora da Baixa do Sapateiro, já teve seu filho estudando na escola e agora é a vez da neta Alice, de 10 anos. “São duas gerações que percebem esse trabalho maravilhoso, que ajuda no desenvolvimento e crescimento das crianças. Além disso, esse tipo de evento colabora com a interação dos responsáveis com a escola. O tema é uma demonstração da valorização da cultura do país”, conta. Ao final, a escola ainda escolheu entre os alunos, o rei, a rainha e a princesa do Pantanal.