COP27 tem representações periféricas e da juventude

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A conferência da ONU acontece até dia 18 de novembro no Egito

Por Samara Oliveira

Até 18 de novembro, a COP27, uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas reúne representantes de 196 países, no Egito. O evento acontece para que os países que assinaram o Acordo de Paris mantenham-se comprometidos com a redução da poluição e desmatamento.

Logo na abertura, que foi realizada no dia 6 de novembro, a discussão foi sobre os países ricos compensarem as nações mais pobres e vulneráveis às mudanças climáticas. E é para debater suas próprias vivências enquanto moradores de periferia que a COP27 vai contar também com a presença de jovens de várias comunidades do Brasil, entre eles, Thuane Nascimento, 25, diretora do PerifaConnection. 

Moradora da Vila Operária, em Duque de Caxias, a jovem conhecida como Thux, estará na COP pela segunda vez e além de comentar sobre a importância da discussão do primeiro dia, falou sobre a necessidade de pessoas da periferia estarem inseridas nesses espaços.

“O debate das mudanças climáticas, têm a aceleração e sua piora para os países do sul global a partir do colonialismo, né? A gente produz muito mais do que usa, vendemos muito mais do que as pessoas precisam e tudo isso porque colocam o lucro acima das vidas, das necessidades do dia a dia. Hoje tem uma quantidade desnecessária de lixo por causa de como cada um quer viver e muitas vezes o que esses países mais ricos querem é colocar nas costas dos países mais pobres essa culpa”, comenta a jovem.

De acordo com o relatório do Painel Intergovernamental sobre o Clima (IPCC), da ONU, divulgado este ano, com o aumento das mudanças climáticas os riscos à saúde também vão aumentar de forma significativa. Além de impactos na saúde mental, serão mais 250 mil mortes por ano (em comparação ao período de 1961 a 1990) até meados do século. As principais causas devem ser o calor, a desnutrição infantil, a malária e doenças diarréicas, com mais da metade desses casos ocorridos em território africano. 

No Brasil, um problema antigo e muito conhecido pode voltar com ainda mais força e causando desastres ainda maiores. Ainda de acordo com o relatório, a população afetada por inundações deve dobrar no Brasil e países vizinhos. Assim como a seca também será cada vez mais um problema, as chuvas fortes e concentradas deverão aumentar e consequentemente as enchentes e deslizamentos de terra se tornam altamente prováveis.

Integrante do eixo Direitos Urbanos e Socioambientais da Redes da Maré, Mariane Rodrigues, comenta sobre o avanço nas discussões da COP.

“Esse ano a COP teve uma diferença que pode ser o início de algo significativo para gente enquanto Brasil e também para gente enquanto Maré que é incluir discussões sobre financiamento de perdas e danos climáticos. É a primeira vez que, finalmente, a conferência coloca isso como discussão na agenda deles” porém, continuou “não significa que a partir daí vamos ter um plano efetivo para financiar e pensar nisso, mas essa COP tem vindo com um engajamento climático muito grande da sociedade civil que está lá e dos grupos de juventude que estão discutindo justiça climática. O evento é importante para gente quando ela se conecta com esse conceito da justiça climática que é o que buscamos enquanto um país em desenvolvimento e enquanto território periférico que vem sofrendo os impactos das mudanças climáticas cada vez mais”. 

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