Dezembro vermelho: prevenção ainda é o melhor ‘remédio’ contra HIV

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SUS oferece também novo remédio para tratamento contra doença

Maré de Notícias #155 – dezembro de 2023

Teresa Santos

Dia 1° de dezembro é o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, e o Brasil segue como um dos países mais ativos no combate à doença. Em outubro, o Instituto de Tecnologia em Fármacos da Fundação Oswaldo Cruz (Farmanguinhos/Fiocruz), começou a fornecer ao Sistema Único de Saúde um novo medicamento.

O Dovato é uma terapia dupla combinada em um único comprimido (Dolutegravir 50 mg e Lamivudina 300 mg). Até então, o tratamento era feito por terapia tripla (Dolutegravir, Tenofovir e Lamivudina), com dois comprimidos.

Segundo Mônica Bastos, pesquisadora do Farmanguinhos/Fiocruz, com o novo medicamento “conseguiremos ter mais pacientes com carga viral indetectável, ou seja, um maior número de pacientes que não vai transmitir o vírus”.

Benefícios

Outro benefício é a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. De acordo com a pesquisadora, um dos efeitos do Tenofovir é a possibilidade de prejudicar os rins — sua retirada da combinação terapêutica ajudará a diminuir esse efeito.

Agora, os pacientes portadores do HIV que chegam ao SUS pela primeira vez já vão iniciar o tratamento com o Dovato. Os que já estão em tratamento serão avaliados para se saber se é possível fazer a troca.

 Nesse caso, será preciso cumprir alguns critérios como: estar em um regime antirretroviral estável, sem histórico de falha ao tratamento e nenhuma substituição associada à resistência aos componentes do Dovato, ter carga viral indetectável no último ano, não ter coinfecções (como hepatite B e tuberculose), ter mais de 12 anos e pesar mais de 40 kg.

Fim da aids

Segundo dados do Programa das Nações Unidas sobre HIV/aids (Unaids), em 2022 havia 39 milhões de pessoas vivendo com HIV no mundo. No Brasil, eram 990 mil. No ano passado, o país registrou 51 mil novas infecções pelo HIV.

Os números do Observatório Epidemiológico da Cidade do Rio de Janeiro (EpiRio) apontam para 3.470 notificações de aids em 2022. Na Área de Planejamento 3.1, na qual a Maré está inserida, foram 466 casos, sendo 61 entre mareenses.

De acordo com o relatório global do Unaids O Caminho que põe Fim à AIDS, lançado este ano, o fim desta pandemia é possível, mas é uma escolha política e financeira.

Prevenção é vital

Os avanços terapêuticos são muito importantes, porém prevenir é fundamental e o uso de diferentes abordagens preventivas é a melhor estratégia.

A mais indicada é o uso de camisinha. A chamada Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) é outro recurso. Ela consiste em tomar diariamente um comprimido (Tenofovir e Entricitabina) que vai preparar o organismo para uma eventual contaminação pelo HIV. 

A PrEP é recomendada para pessoas consideradas de comportamento de risco (que têm mais chances de contrair a infecção), como profissionais do sexo, pessoas trans e homens que fazem sexo com homens, entre outros grupos.

Pela Vida na Maré

O educador em saúde Marcio Villard é coordenador-geral do Grupo Pela Vidda, organização que há quase 35 anos desenvolve ações de conscientização sobre a aids e de luta contra o HIV.

Além de informações sobre a doença, o Grupo Pela Vidda promove a testagem para o vírus em diferentes locais, através da coleta da saliva; o resultado sai na hora, e é informado “seguindo as normas de sigilo e de segurança das pessoas que participam”, explicou Márcio.

É importante destacar que o beijo não é uma via de transmissão do HIV. Segundo o Ministério da Saúde, o teste “detecta os anticorpos produzidos em resposta a infecção pelo HIV e não o vírus diretamente, portanto o fluido oral não é infectante”.

Segundo o educador, os testes acabam servindo como triagem. Se o resultado for positivo para a doença, a pessoa é orientada a fazer outro teste mais completo para confirmar ou não o diagnóstico.

Márcio explica que este tipo de ação em espaços públicos é feita no mundo há quase 20 anos,mas no Brasil ela ainda é limitada, principalmente por causa do preconceito enfrentado pelos soropositivos.

Direitos humanos

Alberto Duarte é coordenador da ONG Maré Sem Preconceito e desenvolvendo ações em parceria com o Grupo Pela Vidda. Segundo Beto (como ele é mais conhecido), informar sobre o HIV e a aids é uma estratégia de proteção dos direitos humanos, frequentemente violados na Maré.

“As informações à disposição são quase inexistentes, e o pouco que circula não chega à maioria da população mareense. Muitas vezes, vejo que no nosso território falta não só diálogo sobre este assunto como também oportunidades de realizar o exame de testagem”, lamenta.

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