Clube de Futebol faz ‘vakinha’ para disputar torneio em São Paulo

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Clube Rogi Mirim também vai realizar uma feijoada para arrecadar dinheiro para o campeonato

É uma partida de futebol, a bola se encontra na marca do pênalti, mas o juiz não apita. Essa é a sensação dos jogadores do clube Rogi Mirim, projeto social que deseja disputar a Taça São Paulo em duas categorias, na cidade de Cotia, mas falta verba para o feito. Com o propósito de resolver esse impasse, o grupo criou uma vaquinha, mas que no momento ainda se encontra longe de alcançar o valor necessário.

No ano passado, com ajuda dos pais dos atletas, o clube disputou a Taça São Paulo, levando 23 alunos, na categoria Sub 15, com jogadores de 14 e 15 anos. Este ano o pensamento do clube é mais audacioso, participar nas categorias Sub 15 e Sub 17, essa última reunindo jogadores de 16 e 17 anos. 

Para isso, foi lançada uma vaquinha virtual para custear R$ 10 mil do ônibus, R$ 2 mil de inscrição e R$ 5.200 de alimentação, isso para cada categoria. Além disso, tem a taxa de arbitragem, transporte na cidade de Cotia e alojamento, num total de R$ 45 mil de gastos. O grande problema é que há um mês na internet o valor arrecadado não chegou a R$ 300. “Queremos marcar a história como o primeiro clube de futebol a trazer o título para a nossa favela”, resume Lino.

Lucas Mancuso, de 27 anos, é ex-atleta do projeto e jogou a temporada do ano passado pelo Victoria Hotspurs, de Malta, em Portugal. Ele espera que o grupo alcance o valor desejado, o que serve como incentivo para as crianças. “É gratificante ter o Rogi Mirim na favela, pois qualifica as crianças não apenas para ser jogador de futebol, mas se tornar uma pessoa forte, com vontade de vencer e tendo foco na vida”, afirma. 

“A favela só tem dois clubes registrados, a gente e o Real Maré. Ambos precisam do apoio dos moradores. Visito todos os mercados da favela para pedir apoio e às vezes não consigo nem para a festa de final de ano. Tem campeonatos que somos convidados mas não temos verbas para participar, como em 2009, para jogar na Argentina. Chegamos a fazer passeata pelas ruas da Maré, mas não deu”, comenta Lino. 

Além da vaquinha, o grupo vai realizar feijoada no dia 19 de maio, às 11h, no valor de R$ 10, na Via B dois, ao lado do Campo da Toca. 

História do clube

O projeto social funciona há 26 anos e ao longo do tempo se formalizou como um clube. Gláucio Aleixo Lino é o presidente e conta que tudo começou numa brincadeira, após uma ‘peladinha’ [partida amistosa] de amigos. Ele foi chamado para ser árbitro e ao final do jogo surgiu a conversa de começar um trabalho com crianças e adolescentes. No primeiro mês foram 100 crianças inscritas e com o passar do tempo foi dando certo e o número aumentando, chegando ao número a quantidade atual de 250 alunos. 

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A sugestão do nome surgiu na Rua 29 de Julho, numa resenha de amigos que deram várias propostas utilizando nomes de clubes no diminutivo. “Até que veio o nome Mogi Mirim, um município de São Paulo, adaptamos para Rogi Mirim, algo que pegou”, diz. O projeto atuou por dois anos na Nova Holanda e depois se transferiu para a Vila dos Pinheiros. Inicialmente na ciclovia e depois com o apoio do José Carlos Ferreira, conhecido como Zé Bala, vice-presidente do Rogi Mirim e administrador do campo da Toca, chamou o grupo para o atual espaço. 

“Na época trabalhava a noite e revertia o salário em apoio ao projeto. O projeto quase parou, mas com ajuda do meu irmão Jonas nos levantamos. Ele trabalha para colocar comida na mesa e eu me dedico integralmente ao clube. Não há patrocínio, dessa forma toda a equipe é voluntária. Deus sabe quanto tenho que pular fogueira para manter o projeto”, conta Lino. 

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