‘A pneumonia é a infecção que mais mata no planeta’, diz especialista

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As pneumonias podem ser causadas por diferentes agentes infecciosos, como vírus, bactérias e fungos

Hélio Euclides e Teresa Santos

Nos primeiros seis meses deste ano, mais de 400 mil pessoas foram internadas com pneumonia no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, pelo menos 28 mil morreram até agosto. Após a morte do comunicador Sílvio Santos, de 93 anos, um “novo” termo ganhou visibilidade entre a população: broncopneumonia. O apresentador morreu em agosto deste ano em decorrência de complicações de uma infecção por Influenza (H1N1), gripe que evoluiu para esse tipo de pneumonia. Com isso, a pesquisa do termo atingiu um pico de popularidade no Google, com usuários buscando entender melhor essa condição.

E afinal, o que é broncopneumonia?

Segundo Denise Medeiros, médica pneumologista e intensivista Instituto Nacional de Infectologia da Fundação Oswaldo Cruz (INI/Fiocruz), a broncopneumonia é um subtipo de pneumonia. E assim como os outros tipos de pneumonia é potencialmente grave. “A pneumonia é a infecção que mais mata no planeta”, destaca em entrevista ao Maré de Notícias. A mesma doença também atingiu o presidente Lula no ano passado.

As pneumonias podem ser causadas por diferentes agentes infecciosos, como vírus, bactérias e fungos. Isso significa que a pneumonia pode ser causada por bactérias como pneumococos e estafilococos, mas também por vírus como os da influenza, da Covid-19 e até mesmo do sarampo, entre outros agentes.

A imunização como precaução 

Felizmente, já existe vacina para boa parte dos agentes infecciosos citados acima. E, de fato, uma das principais medidas de prevenção da pneumonia é a vacinação. Entre os imunizantes disponíveis no Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, estão a vacina contra Influenza, covid-19 e pneumocócica-10 valente, conhecida como Pneumo 10. Saiba onde e quem pode se vacinar clicando aqui.

A vacina contra a pneumonia Pneumo 10 faz parte do calendário de vacinação infantil do Ministério da Saúde e está disponível como rotina em todas as unidades de Atenção Primária, como clínicas da família e centros municipais de saúde. O imunizante é indicado para crianças até 04 anos, 11 meses e 29 dias. As vacinas Pneumo 13 e Pneumo 23 têm indicações específicas definidas pelo Ministério da Saúde, e estão disponíveis nos Centro de Referência para Imunos Especiais (CRIE). A vacina da gripe está disponível para todos a partir de 6 meses de idade na cidade.

A médica Denise Medeiros lembra ainda que o calendário vacinal das crianças tem outras vacinas que protegem contra a pneumonia, tal como a tríplice viral, que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola, e a vacina Hib que atua contra infecções bacterianas causadas por Haemophilus influenzae tipo b (Hib). A Hib está contida na vacina Pentavalente.

A médica pneumologista, pesquisadora da Fiocruz e presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Margareth Dalcolmo, em entrevista ao Maré de Notícias, adverte que muitas doenças são desenvolvidas a partir de outras complicações. “No caso de Silvio Santos é bom destacar que teve complicações com a gripe Influenza A. É fundamental que todos se vacinem contra a gripe/influenza, lembrando que essa vacina é anual e não esquecer de todos os demais imunizantes da infância. Outro ponto é o controle do ambiente”, comenta. 

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro reforça a importância da vacinação contra a gripe, sobretudo durante o inverno, que apresenta forte sazonalidade para quadros respiratórios graves, especialmente entre os públicos mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com imunossupressão.

Pneumonia e Síndrome Respiratória Aguda Grave

A pneumonia não é uma doença de notificação compulsória, o que significa que os profissionais de saúde não são obrigados a informar as autoridades sanitárias sobre todos os casos. A exceção ocorre quando a pneumonia evolui para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Em 2024, até o momento, o município do Rio de Janeiro já registrou 4.281 casos de SRAG.

A médica do INI/Fiocruz, Denise Medeiros, lembra que na SRAG o quadro gripal se acentua, com características de gravidade relacionadas à disfunção da respiração.

“A SRAG é uma síndrome que, em sua definição, não tem causa determinada. O Ministério da Saúde notifica por uma questão de vigilância. Quando o quadro gripal se acentua com características de gravidade que são relativas exatamente à disfunção da respiração, temos a SRAG. Esta síndrome se refere à falta de ar, queda do nível de oxigênio no sangue (queda da oximetria) e coloração azulada dos lábios ou rosto, quadro conhecido como cianose (condição causada pela má oxigenação).”

Mas, mesmo sem evoluir para SRAG, a pneumonia, por si só, exige muita atenção. É preciso atentar quando a pessoa tem além da febre, tosse e catarro, sinais como falta de ar, dor ou alteração do sensório, isto é, confusão, alteração de consciência, algo particularmente comum em idosos.

O melhor caminho é buscar atendimento, como fez Maria Margarida, de 80 anos, moradora do Parque União. Ela procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Maré para ser atendida. “Semana passada até procurei a UPA para exames, pois estava com calafrios, mas não tinha nada, só uma indisposição. Esse ano não tive nenhuma doença respiratória. Eu tomei a vacina contra a gripe para me proteger”, diz. 

Além de procurar atendimento médico em caso de sintomas e de se vacinar para prevenir as infecções, existem outras medidas importantes que também podem evitar as infecções respiratórias. 

A Dra. Denise Medeiros lembra que as pneumonias virais podem ser transmitidas de uma pessoa para outra. Portanto, é necessário atenção a cuidados habituais: lavar as mãos e usar máscara se tiver sintomas respiratórios.  “Aprendemos a adotar essas medidas na Covid-19, mas elas valem para todas as situações de risco de pneumonia viral”, destaca a especialista. 

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