De acordo com a família do rapaz de 17 anos e testemunhas, nem mesmo havia confronto na comunidade no momento em que Cauã da Silva Santos foi atingido pelo disparo
Por Samara Oliveira, em 05/04/2022 às 19h15. Editado por Tamyres Matos
Um adolescente de 17 anos, identificado como Cauã da Silva Santos, foi morto em Cordovil, Zona Norte do Rio, nesta segunda-feira. Segundo a família, o jovem lutador de jiu-jitsu e integrante de um projeto social, foi baleado no peito por um policial militar ao deixar um evento que recebia crianças na comunidade do Dourado.
“Quantas mães, quantas avós estão chorando nesse momento como eu, como minha mãe e como meu filho que é o pai dele? Isso não pode continuar assim, gente. Isso tem que acabar, isso tem que parar”, desabafou Edineize Soares, avó de Cauã.
Ainda de acordo com familiares, após atirarem, os agentes jogaram o corpo do lutador no valão. Testemunhas relatam que não houve confronto no momento do ocorrido.
Na rede social, a deputada e presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALERJ, Dani Monteiro (PSOL), se pronunciou. “A política genocida de Cláudio Castro segue dizimando nossa juventude. Mais uma vez, os gritos desesperados de moradores, parentes e amigos não foram suficientes para conter a ação de uma polícia que é treinada para matar”, declarou a parlamentar.
Em nota, a Secretaria de Estado da Polícia Militar, afirmou em resposta protocolar que “as armas da equipe já foram apresentadas à perícia da Polícia Civil e os militares estão afastados do serviço nas ruas”.
Caso não é isolado
De acordo com o último estudo do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Estado do Rio Janeiro tem a polícia que mais mata no Brasil. Foram 1.245 mortes durante operações policiais em 2020.
Outros jovens como João Pedro, 14 anos, João Victor, 18 e Thiago Santos, 16, moradores do Salgueiro (SG), Cidade de Deus e Complexo da Penha, respectivamente, também foram vítimas fatais da mesma política de segurança pública do Estado.
Em fevereiro deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) aderiu à Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 635 das Favelas e determinou, entre outras medidas, a instalação de câmera e gravadores nas fardas e viaturas como um plano para a redução da letalidade policial.
Apesar da decisão, até o momento, apenas policiais militares de Copacabana tiveram o equipamento acoplado nos uniformes durante o Réveillon.