ALERJ concede porte de armas a agentes do Degase e deputados

Data:

Afinal, quem precisa de ressocialização?

Por Jéssica Pires

Na semana em que um carro com uma família foi alvejado pelo exército com 80 tiros no Rio de Janeiro, a “bancada da bala” da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) concedeu o porte de armas a agentes do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), e, ainda menos compreensível, a deputados estaduais. Trata-se de um avanço para os que acreditam e validam a política de segurança pública fomentada pelo atual governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e um retrocesso na garantia dos direitos humanos.

Justificativas para mais armas nas ruas

“Ademais, esses servidores realizam a vigilância, a guarda, a custódia de menores em conflito com a lei, muitos deles reincidentes perigosos a colocar em risco a vida dos agentes socioeducativos.” Essa foi uma das justificativas usadas na proposta de lei original (Nº 1825/2016, de 31 de maio de 2016), do deputado Marcos Muller (PHS). A proposta original pretendia ceder exclusivamente aos agentes do Degase a posse. A alteração, com inclusão da cessão para outros grupos, inclusive deputados, foi sugerida pelo líder do governo, Márcio Pacheco (PSC), que também presidia a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Nova votação

De acordo com informações divulgadas pelo portal G1, o deputado Luiz Paulo (PSDB) pediu a suspensão da tramitação do projeto por conta da alteração do que foi apresentado por Marcos Muller. O projeto que a principio foi aprovado por 44 votos a 11, seguiria para sanção do governador Wilson Witzel nessa quinta-feira, 11, porém será votado mais uma vez após a Semana Santa.

Mais armas, menos segurança“A liberação do porte de armas – e o consequente aumento do número de pessoas armadas – não garante mais segurança. Isso vale tanto para quem porta a arma quanto para a sociedade. Poderá haver um aumento no número de confrontos e no número de pessoas mortas por arma de fogo. Não será armando as pessoas que diminuiremos a violência”, afirma Edson Diniz, diretor do Eixo de Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré.

Compartilhar notícia:

Inscreva-se

Mais notícias
Related

Salvador sediará 2° Conferência de Jornalismo de Favelas e Periferias em agosto

O Fala Roça, em parceria com o Consulado Geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, realizará a 2° Conferência de Jornalismo de Favelas e Periferias nos dias 2 e 3 de agosto de 2024, em Salvador, Bahia

Completar o ensino básico ainda é um desafio para mulheres negras mães, revela estudo

Essa informação foi reforçada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD contínua) realizada em 2023, que mostrou que mais de 9 milhões de jovens entre 15 e 29 anos não concluíram o ensino básico

Mulheres negras são maioria da Maré e criam estratégias de combate às violências

Dia de celebrar a Mulher Negra e refletir sobre essas mulheres que formam a maioria da população de favelas e são as mais impactadas pelas violências, mas criam estratégias coletivas de enfrentamento aos abusos sofridos e são rede de apoio umas das outras.