Conexão com os antepassados africanos é fundamental para aprender sobre o passado, preservar a memória e construir o futuro do povo negro
Em 17/11/2018 – Por Eliane Salles
“Nossa energia vem da ancestralidade e sobreviveu à diáspora”. Este foi o tema de um dos Fóruns de Vivências mais concorridos do festival. A mesa reuniu Mãe Celina de Xangô, produtora cultural e gestora do Centro Cultural Pequena África; Grace Mary Moreira, ativista da cultura afro-brasileira e conselheira estadual de Políticas Culturais do Rio de Janeiro; Juliana Luna, consultora de moda e repórter; e Sandra Maria da Silva Andrade, quilombola e ativista.
Com trajetórias diferentes, as debatedoras tinham, no entanto, muitas crenças em comum, entre elas, a de que a conexão com a ancestralidade e a busca pela história dos africanos, sua religião, cultura, tradições e saberes, é fundamental para aprender o passado, construir o futuro e preservar a memória e as conquistas do povo negro.
Coincidentemente, o fórum foi realizado no Museu de Artes do Rio de Janeiro, na Zona Portuária e a cerca de 600 metros do Cais do Valongo, um dos principais locais de desembarque e comércio de africanos escravizados. Calcula-se que entre 1811 e 1831, tempo em que esteve em operação, cerca de um milhão de pessoas escravizadas tenham passado pelo local. “O negro nunca foi escravo. Ele foi escravizado. É diferente”, ensina Grace Mary Moreira, que é bisneta da Tia Ciata, uma das mais importantes figuras na criação do samba carioca.