Ainda assim o volume de lixo nas ruas da Maré é enorme. Paralisação, considerada ilegal pela Justiça, já dura trê dias na cidade.
Por Edu Carvalho, em 31/03/2022 às 15h.
Com a paralisação desde a noite de segunda-feira (28/3) dos funcionários da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), que cobram melhores condições de trabalho e reajuste salarial, varredores ligados às associações de moradores espalhadas pela Maré têm feito a coleta de lixo local. É o caso da Associação de Moradores da Nova Holanda, que conta com equipe nas ruas desde terça-feira (29), quando moradores registraram acúmulo de lixo em todo o conjunto de favelas.
Mas como era de se esperar, a mobilização das associações locais não supre o contingente de lixo produzido: “o pior é o acúmulo de lixo em determinados pontos da rua gerando um mais estar visual e um cheiro péssimo. Ainda mais sendo uma rua com vários comércios e restaurantes. Junta com o esgoto entupido e fica um horror”, reclama a moradora da Rua Roberto da Silveira, uma das mais movimentadas ruas do Parque União, que recebe um grande movimento de estabelecimentos de gastronomia e duas feiras de ruas semanais.
De acordo com o Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro (Siemaco-Rio), 80% dos profissionais aderiram à greve, e os impactos são percebidos por toda a cidade.
Em comunicado oficial, a Comlurb informou que por conta da greve ilegal dos garis, está com um plano de contingência em andamento para não deixar de atender à população.
“Os serviços essenciais da Companhia, portanto, devem ser mantidos em toda a cidade, conforme previsto na rotina. Atrasos pontuais inerentes à condição de greve estão sendo contornados pelas equipes operacionais’’. Também na nota, a Companhia pede a colaboração dos cidadãos para que, neste período, mantenham a cidade limpa, ‘’respeitando dia e horário da coleta e descartando corretamente o lixo’’.
Este se torna um pedido importante, justamente porque há previsão de chuvas para os próximos dias. De acordo com o ClimaTempo, uma frente fria avança para as regiões Sul e Sudeste do país na madrugada de quinta-feira (31/3). ‘’Este sistema vai fazer o mês fechar com uma grande virada no tempo no estado de São Paulo e também em parte do Rio De Janeiro’’. “Eu nunca havia tido impacto direto com as chuvas na comunidade. Quando ocorriam sempre eram duas casas antes da minha, porque a rua tem uma leve inclinação e minha casa fica mais alta. Mas na última chuva o bueiro (único que tem aqui perto) fechou com lixos e a água chegou na minha calçada. No dia a comlurb havia recolhido o lixo. Imagina agora com todos esse lixo nas ruas”, comenta Verônica Pires a também moradora do Parque União, da Rua Darci Vargas, que abriga um valão que frequentemente transborda em dias de fortes chuvas.
Em janeiro deste ano, o Maré de Notícias Online publicou matérias com enfoque na questão de acesso à serviços básicos de limpeza, como a coleta de lixo e o prejuízo de seu descarte indevido à região, num debate anterior à greve dos garis. No site, também teve espaço para tratar das mudanças ambientais e seus impactos nas favelas – além do risco de alagamento em todo o território.
A Comlurb lembra que o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) alertou para a necessidade de manter a rotina de trabalho, evitando qualquer ação que impeça os garis de trabalhar, com multa diária ao Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de R$ 200.000,00, além de configurar um crime contra a organização do trabalho.”