Quatro anos sem Marielle Franco e Anderson Gomes

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Por todo o país, mobilizações lembram a data e reivindicam a elucidação do crime

Por Edu Carvalho, em 14/03/2022 às 09h40. Editado por Dani Moura.

Dor, indignação, revolta e saudade. Esses são alguns dos sentimentos que marcam os quatro anos do crime que chocou o Brasil e o mundo. As perguntas seguem sem resposta: “Quem matou Marielle Franco e Anderson Gomes? Quem mandou matar Marielle e por quê? “

Marielle Franco se formou pela PUC-Rio, e fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Sua dissertação teve como tema: “UPP: a redução da favela a três letras”. Iniciou sua militância em Direitos Humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário e perder uma amiga, vítima de bala perdida, num tiroteio entre policiais e grupos civis armados na Maré, onde nasceu e cresceu.

Trabalhou em organizações da sociedade civil como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e construía diversos coletivos e movimentos feministas, negros e de favelas.

Marielle foi eleita a quinta vereadora mais votada da cidade em 2016, com 46.502 votos. Socióloga com mestrado em Administração Pública, foi assassinada junto com seu motorista Anderson Gomes dentro do carro com 13 tiros.

No início de fevereiro deste ano, foi a quinta vez que Polícia Civil confirmou a mudança do delegado que está à frente das investigações do crime.

Processo nesse momento

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) voltou a ouvir testemunhas, pessoas da família e que trabalhavam com a vereadora, e a analisar informações dos celulares apreendidos durante as apurações. O Ministério Público também disse que aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal sobre recurso do Facebook contra o compartilhamento de dados de interesse para a investigação.

Ainda não se sabe por que e quem mandou matar Marielle. A força-tarefa do Ministério Público tenta desvendar quem foi o mandante do crime. Em agosto do ano passado, investigações deram conta de uma ligação de Ronnie Lessa com o ex-vereador do Rio Cristiano Girão. O parlamentar foi preso preventivamente em 2021, sob a acusação de ter participado com Lessa de um duplo homicídio — supostamente de um miliciano rival e esposa — praticado em 2014 na zona oeste do Rio. O MP na ocasião pontuou que a prisão não tinha relação com o caso Marielle e Anderson, mas o Deputado Marcelo Freixo ventilou nas redes que a prisão de Girão poderia ajudar na elucidação dos crimes.

Em junho do ano passado, o caso passou a ser acompanhado por um grupo formado pelo “Comitê Justiça por Marielle e Anderson”, que tem o Instituto Marielle Franco, a vereadora Mônica Benício (PSOL, viúva de Marielle), Agatha Reis (viúva de Anderson) e as organizações Justiça Global, Coalizão Negra por Direitos e Anistia Internacional.

Na última quinta-feira (10/3), o comitê esteve em reunião com Herdy, no Rio. Segundo a advogada Marinete da Silva, mãe de Marielle, o objetivo do encontro com o novo delegado foi “criar vínculo para que tenhamos informações sobre novidades em relação ao processo”.

Quem mandou matar Marielle e Anderson?

Em mais um 14 de março, haverá uma série de ações e atividades pedindo a resposta para a pergunta “Quem mandoui matar Marielle?”

Às 9h, em frente ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, no Centro do Rio, as famílias de Marielle e Anderson fizeram uma ação exigindo acesso aos autos e a solução do crime. Em seguida, às 10h30, houve uma missa na Igreja de Nossa Senhora da Candelária, organizada pela família de Marielle.

Às 15h, a família de Marielle junto ao Comitê Justiça por Marielle e Anderson, articulação das famílias de Marielle e Anderson com o Instituto Marielle Franco, o mandato da vereadora Mônica Benício, e as organizações Anistia Internacional Brasil, Justiça Global, Coalizão Negra por Direitos e Terra de Direitos, terá uma reunião com o Governador do Rio de Janeiro no Palácio Guanabara. Às 16h, o Comitê se reuniu com o Ministério Público do RJ.

No mesmo horário, o Festival Justiça por Marielle e Anderson, organizada pelo Instituto Marielle Franco – criado e dirigido pela família – acontece no Circo Voador, na Lapa. Haverá roda de conversa, oficina de escrita e apresentações musicais, abrindo com o maracatu do Cortejo Baque Mulher, seguido pela DJ Tamy, MC Martina e MC Zuleide. Engrossam o coro por justiça, artistas como Karol Conká, BK, Juçara Marçal, Marina Iris, Jéssica Ellen, Lellê e Doralyce. O encerramento será com o Bloco Malunguetu, que fez sucesso na inauguração do Instituto Marielle Franco em 2021.

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