Baixo índice de vacinação infantil acende alerta para casos de Sarampo, Poliomielite e COVID-19

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Cobertura vacinal das crianças é a menor em 30 anos e mobiliza ações para diminuir impacto na Maré

Por Andrezza Paulo

A procura pelos imunizantes infantis enfrenta seu pior cenário desde a década de 1990 e doenças consideradas erradicadas a nível global ressurgiram com a baixa cobertura vacinal infantil. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o índice de crianças vacinadas caiu de 93,1% para 71,49% no Brasil.

No Rio de Janeiro, a taxa de crianças vacinadas com as duas doses contra o sarampo é a mais baixa em 20 anos, com uma queda de aproximadamente 35% em crianças de até 1 ano de idade,  segundo o Observa Infância, da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). A batalha contra o sarampo foi declarada vencida no país em 2014 pela OMS, mas o surgimento de novos casos preocupa os órgãos de saúde. Os dados do Observa Infância também revelam que a cobertura da poliomielite atingiu apenas 83,64% do público infantil em 2021, a menor desde 2001 no estado. A doença erradicada em 1994 pode provocar paralisia muscular grave e a única prevenção é a vacina.

De acordo com o Programa Nacional de Imunização (PNI) do governo federal, os índices de vacinação estão caindo desde 2015 e para interromper a circulação do vírus causador dessas doenças, é necessária a imunização de 95% das crianças. Parte da baixa cobertura se dá pelo sucesso do programa. Implantado há mais de 40 anos, o Programa Nacional de Imunização foi o responsável pelo plano de vacinação e erradicação de doenças como a poliomielite. Com o controle da maioria das doenças que o PNI previne, parte da população acredita que essas patologias não existam mais e diminui a busca pelos imunizantes, mas a principal fonte de prevenção continua sendo a vacinação. 

A pandemia da COVID-19 agravou a situação. O distanciamento social e o isolamento diminuíram a frequência na busca pelas vacinas. Outro fator fundamental foi a proliferação de Fake News e movimentos anti vacinas. Instituições se debruçaram sobre o tema e se dedicaram à informação e esclarecimentos sobre a importância e a necessidade das vacinas infantis contra a Covid-19 e no combate às notícias falsas como Folha de Sao Paulo, segundo maior jornal em distribuição do país e CNN Brasil, empresa licenciada do maior canal de notícias do mundo. 

Em levantamento realizado pela FIOCRUZ, apenas 5,5% das crianças de 3 e 4 anos foram imunizadas com as duas doses da COVID-19 no Brasil. Até junho deste ano, foram registrados em média 2 óbitos infantis diariamente pela doença. Desde a aprovação da Pfizer pediátrica pela Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA), o número de mortes em crianças menores de 5 anos reduziu para 26 em 60 dias.

Mobilização e campanhas de vacinação na Maré

Luna Arouca (35), coordenadora do Eixo de Saúde da Redes da Maré afirma que a vacinação infantil precisa de atenção e ações para ampliar a procura pelos imunizantes: “A vacina reduz drasticamente a possibilidade de agravamento dos casos. Isso garante muitas vidas. Precisamos investir nas campanhas de vacinação”, conta. As doenças controladas ou eliminadas estão distantes da geração atual do núcleo familiar. Em decorrência do avanço da imunização, a gravidade dessas doenças é desconhecida por parte desta população. Luna ressalta o papel dos pais e diz que é preciso focar “nas orientações dos responsáveis, no combate às Fake News e afirmar que as vacinas são seguras e fundamentais para manter nossas crianças vivas”, afirma.

A Prefeitura do Rio de Janeiro criou ações como o “certificado de coragem”. Para incentivar a imunização, cada criança vacinada ganha um certificado pelo feito. A Prefeitura também estreitou o contato com os pais para orientá-los sobre a vacina no início da imunização infantil contra a COVID-19 e continua com a ação.

As escolas da Maré receberam em setembro agentes de saúde para aplicação dos imunizantes contra poliomielite, covid-19 e atualização da caderneta de vacina das crianças nas unidades de ensino. A iniciativa busca instruir os pais sobre as vacinas através do diálogo nas escolas e diminuir o número de não vacinados. 

Isabela Moura (37), diretora escolar do EDI Cleia Santos de Oliveira, na Nova Holanda, fala da relevância da ação: “as escolas têm um papel importante para as metas de cobertura vacinal, pois tem mais alcance junto à comunidade”, contou. De acordo com a diretora da unidade, uma das funções da escola é auxiliar as famílias sobre os cuidados fundamentais para a proteção e o desenvolvimento das crianças e afirma que “lá acontece o processo educativo intencional, que atinge não só às crianças e sim os seus familiares”. Isabela diz que a parceria com a unidade básica de saúde e cuidados desenvolvidos na escola tem ajudado a levar informações verdadeiras para a população. 

A imunização para crianças de 3 e 4 anos contra COVID-19 está suspensa. A vacinação para as demais idades e contra poliomielite, sarampo e outras vacinas infantis estão disponíveis nos postos de saúde e clínicas da família, das 8h às 17h, de segunda à sexta-feira. 

Ações em escolas da Maré promovem conscientização para a vacinação

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