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Como lançar uma iniciativa jornalística

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Festival 3i e os desafios enfrentados para a construção e permanência do jornalismo independente

Por Kacieny Monteiro (*)

Na mesa “Como Lançar uma Iniciativa Jornalística e os Desafios Enfrentados no Caminho”, no Festival 3i, Thais Siqueira foi a mediadora e Vinícius Martins, Ale Higareda e Jordy Melendez contaram suas experiências ao enfrentar os desafios de gerenciar negócios no mundo jornalístico. Thais Siqueira é jornalista e articuladora, também é co-fundadora e coordenadora de produção de multimídia do Desenrola E Não Me Enrola, organização de jornalismo periférico que cria espaços de reflexão, promovendo a diversidade e inclusão dos jovens periféricos. Thaís apresentou os convidados e solicitou que falassem sobre os desafios enfrentados e o que os fazem questionar o potencial de seus projetos.

Vinícius Martins, jornalista, sócio, cofundador e gerente da agência de audiovisual Alma Preta e emocionou ao contar um pouco de sua trajetória, mas ressaltou que, para entender o projeto que faz jornalismo voltado aos afros centrados, “é preciso falar de Brasil”. O coletivo Alma Preta contextualiza e insere as causas e os pensamentos da negritude de um país que historicamente sofreu e sofre com o racismo. Desde o início o grupo enfrentou desafios, sendo eles institucionais, financeiros e também por ser um veículo negro de comunicação. Por isso, segundo ele, “resolvemos politizar as inquietações de cada um”.

Pensando na trajetória do Alma Preta, Vinícius enumerou pontos fundamentais a se observar:

  • Regularização da empresa: é preciso se entender enquanto empresa e se regulamentar.
  • Planejamento estratégico: planejar e mapear seus passos e projetos.
  • Diversificação de receitas: distribuir as formas de investimento e de empreendimentos para não depender de uma só fonte e se proteger de mudanças inesperadas.

Ale Higareda, fundadora e diretora do meio digital Malvestida, um amplificador das mais diversas vozes sobre inclusão e igualdade de gênero, destacou que resiliência é o principal para se empreender no jornalismo. Para ela, “quando você empreende vive vários lutos do que poderia ter sido, mas com esses lutos se pode ver as coisas de outro ângulo”.

Com mais de uma década de experiência em publicações digitais e como palestrante e mentora para temas relacionados ao empreendedorismo, mídias sociais e igualdade de gênero, Ale, de uma forma bem gentil, incentivou a todos a aceitarem suas falhas, deu exemplos dos erros e desafios que já superou e disse uma frase que marcou sua vida, “todos os problemas mais difíceis que você achou que não pudessem ser superados, você já enfrentou e superou, por que nesse seria diferente?”

Jordy Melendez, jornalista e fundador da Factual, organização criadora de redes entre mídias e jornalistas da América Latina, lembrou que o mais importante é manter a saúde mental. Ele, que já ministrou workshops sobre inovação e modelos de negócios por alguns países da América Latina, falou sobre como foi seu início no jornalismo e alertou que a gestão de um negócio jornalístico precisa de habilidades, “um dos desafios mais importantes é aprender sobre gestão e outras áreas para além do jornalismo”

Jordy também trouxe, em tópicos, conselhos a serem seguidos:

  • Tentar se dar um tempo e entender que menos é mais quando se trata da linha editorial.
  • É importante dialogar com a equipe e aprender a empreender.
  • Identificar o valor do seu projeto. O diferencial.
  • Se capacitar em coisas que sejam além da comunicação.
  • Ser flexível e paciente, pois mudanças inesperadas acontecem.

A mesa apresentou as mais diversas experiências em criar, gerir e desenvolver sua iniciativa jornalística, além de auxiliar nos caminhos da sustentabilidade financeira.

Para conferir a palestra na íntegra, visite o site da Ajor e o do Festival 3i 2023.

Saiba mais sobre os palestrantes e suas instituições:

https://www.instagram.com/ale.higareda/

https://www.instagram.com/malvestida/

https://twitter.com/jordy_my

https://twitter.com/Factual_MX

https://www.linkedin.com/in/thais-siqueira-72609781   

http://desenrolaenaomenrola.com.br

https://www.linkedin.com/in/viniciusdealmd

https://viniciusamartins.contently.com/

https://almapreta.com.br

https://www.instagram.com/p/CeotKfmF6-e/

(*) Kacieny Monteiro é estudante da Facha, escreveu reportagem para o site “Facha em todo lugar” e faz parte do projeto Foca no 3i, uma cobertura colaborativa do Festival 3i.

Como ganhar corações e mentes com as redes sociais

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De jornalistas a influenciadores, o Festival 3i tratou sobre segredos do novo jornalismo

Por Carlos Gabriel Tolêdo (*)

O Festival 3i 2023, um dos principais eventos de jornalismo e empreendedorismo, reuniu especialistas de mídias sociais e influenciadores para uma conversa sobre como produzir conteúdo para as redes sociais que gerem engajamento e recursos, mas mantenham a qualidade informativa. O encontro também discutiu como jornalistas estão virando produtores de conteúdo para atrair novas audiências. E a responsabilidade ética de produtores de conteúdo ao lidar com grandes públicos.

A mesa foi mediada pelo editor-chefe do Meio, newsletter que sai de segunda a sexta-feira e que também está no YouTube, Pedro Doria, que também é colunista de O Globo, O Estado de S. Paulo e da CBN. Além disso, foi editor-executivo do Globo e editor-chefe de digitais do Estadão e autor de 8 livros, em sua maioria sobre história do Brasil.

Também esteve presente a editora assistente em Americas Digital Hub no BBC World Service, Tamara Gil. A jornalista começou a palestra mostrando alguns dos vídeos que foram postados no TikTok da BBC. Ela supervisionou diariamente a produção, foi responsável pela estratégia de mídia social e liderou o lançamento do bem-sucedido canal da BBC na plataforma de vídeos. Quando comentou que a BBC busca, também, histórias inspiradoras, a Team Manager da BBC Mundo em Londres, mostrou um vídeo de uma mulher indígena que conheceu a praia com 78 anos. Tamara, que tem mais de 15 anos de experiência na Europa, Ásia e Américas, salientou a importância do uso de diversos temas, como Linguagens e Ciência, em um vídeo sobre curiosidades sobre a língua espanhola e um vídeo sobre educação sexual. Ainda falando sobre a produção dos vídeos para o TikTok, Tamara diz que “explicar é o mais importante nos dias de hoje”.

Quem também teve um momento no palco foi o fundador do Voz das Comunidades, jornal focado em informações sobre as favelas do Rio de Janeiro, Renê Silva. O jornalista também trabalhou como roteirista em “Malhação Conectados” 2011, e na novela Salve Jorge, em 2012, contou a diferença entre os públicos de cada rede social que o jornal está presente. “No Twitter, a maior parte não vive em favela. No Facebook, 95% são de favela”. Juntando os perfis, pessoal e do jornal, o influenciador que já palestrou em Harvard, pontuou que são mais de 50 milhões de visualizações. Em determinado momento, o diretor e captador de recursos da ONG, comentou o funcionamento do jornal, “temos e precisamos da participação coletiva dos moradores das favelas do Rio. Temos a divisão de trabalho no Twitter, do audiovisual, TikTok e Instagram , e do Facebook. Temos grupos no WhatsApp com informações em tempo real”.

A última palestrante da mesa foi a atriz e jornalista pernambucana, Ademara Barros. A influencer viralizou pela primeira vez durante o início da pandemia e usou das redes sociais como vitrine de suas habilidades. Ademara explicou um pouco sobre como funciona a produção de seus vídeos, dizendo que adapta a linguagem dos memes e sugeriu aos outros veículos que façam o mesmo. Apresentadora do programa FOOD IS MY LÍNGUA – Comedy Central, Ademara gerou milhões de visualizações em seus vídeos, em sua maioria esquetes que tratam assuntos cotidianos de maneira bem-humorada, sempre valorizando a autenticidade acima de tudo “Faço conteúdo humorístico, faço piadas sobre coisas banais”, esclareceu Ademara. Em dois anos, ela ultrapassou a marca de 500 mil seguidores no Instagram, mais de 430 mil no TikTok e 210 mil no Twitter, realizou parcerias relevantes com grandes marcas – incluindo gigantes do streaming e do e-commerce – e criou vários conteúdos “Se eu não fosse jornalista, meu conteúdo não seria o mesmo”, refletiu. A influenciadora também comentou sobre a forma como satiriza alguns temas como “machismo, xenofobia, racismo até onde posso e construí a imagem do esquerdomacho”.

Assista a palestra na íntegra no Youtube.
(*) Carlos Gabriel Toledo é estudante da Facha, escreveu reportagem para o site “Facha em todo lugar” e faz parte do projeto Foca no 3i, uma cobertura colaborativa do Festival 3i.

Maré de Notícias abre chamada para jornalistas LGBTQIAP+

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Projeto Cores Marés irá produzir novas narrativas e mapeamentos sobre a população LGBT da Maré

Por redação

O jornal comunitário Maré de Notícias lança nesta segunda-feira, 8 de maio, chamada pública para convocatória e seleção de quatro jornalistas e comunicadores LGBTQIAP+ moradores do Conjunto de Favelas da Maré e favelas vizinhas. A seleção faz parte do Projeto “Cores Marés: a cara da população LGBTQIAP+ do maior conjunto de favelas do Rio de Janeiro”, realizado pelo jornal, com apoio da Redes da Maré e do Fundo Positivo

A iniciativa vai promover a construção de novas narrativas sobre a população LGBTQIAP+ das 16 favelas que compõem a Maré, por meio da formação de jornalistas e comunicadores LGBTQIAP+ para produção de matérias, um mapeamento online e uma edição especial do jornal impresso distribuído gratuitamente aos 140 mil moradores.

O projeto terá duração de quatro meses (tempo de contratação dos 4 jornalistas) e tem como objetivo central produzir incidência política na garantia de direitos desta população. 
As inscrições estão disponíveis até o dia 12 de maio (sexta-feira) no link. O edital completo da convocação está publicado no site da Redes da Maré.

Festival 3i debate ética na prática do jornalismo

Discussão sobre parâmetros no desempenho dos veículos em relação aos limites éticos acontece no segundo dia do festival de jornalismo inovador, inspirador e independente

Por Emílio César e Juliana Martins (*)

A ética no jornalismo é um tema cada vez mais atual e necessitado de atenção. A manutenção da democracia, a formação de um novo fazer jornalístico e a construção de novos profissionais dependem da compreensão das questões éticas. Esses princípios regem todos os aspectos das empresas, inclusive as que administram as práticas jornalísticas. Em um ambiente informacional repleto de desinformação, é imprescindível que as redações encontrem um meio de se destacar e conquistar a confiança dos leitores.

Na mesa de debate do Festival 3i “A ética do negócio e o negócio da ética” foram estabelecidos parâmetros no desempenho dos veículos em relação aos limites éticos. Mediada pela cofundadora e diretora executiva da Agência Pública, Natália Viana, que é autora de cinco livros, além de ser a jornalista mais premiada do ano de 2016, a atividade contou com a participação de Caio Túlio Costa, Fabiana Moraes e Paula Miraglia.

Natalia Viana no Festival 3i, durante a mesa: A ética do negócio e o negócio da ética.
Foto: Cadu Guarieiro

O jornalista, e um dos fundadores do UOL, Caio Túlio Costa, especialista em mídias digitais, falou sobre ética com uma visão objetiva. Partindo do conceito de Moral Provisória, sobre o qual possuiu livros publicados, Caio questionou a régua que “serve provisoriamente para determinada situação que requer meios moralmente condenáveis para conseguir fins moralmente defensáveis”, resumido pelo famoso questionamento: “os fins justificam os meios?”.

Caio Túlio Costa, que também é professor e doutor em Comunicação, enfatizou a busca pela objetividade e apontou as mudanças na forma de produzir jornalismo nos últimos anos.

“Antes o jornalismo ocupava um espaço de Quarto Poder, hoje isso ficou em segundo plano com tantos atores e instituições ocupando espaços midiáticos, com ou sem formação e credibilidade”

Caio Túlio, jornalista

Ele ainda afirmou que as redações tradicionais andam a passo de tartaruga para rever seus modelos de negócios, pois ainda não entenderam, de fato, as redes sociais.

Caio Túlio palestrando no festival 3i, durante a mesa: A ética do negócio e o negócio da ética.
Foto: Cadu Guarieiro

Em seguida, quem ocupou o palco foi a jornalista, escritora, professora e pesquisadora, vencedora de três prêmios Esso e colunista do The Intercept, Fabiana Moraes. Em contrapartida de Caio Túlio Costa, ela ressaltou a importância de compreender as subjetividades sociais para a construção de um jornalismo mais inclusivo.

“Não tem como discutir ética usando a régua da constituição do jornalismo tradicional”

Fabiana Moraes, jornalista

Apresentando os termos de colonialidade, como formação de padrão racional e irracional e o conceito de subjetividade como uma questão coletiva, a doutora em sociologia reforçou a necessidade de expor e criticar a objetividade que contempla apenas uma parcela social.

“A objetividade serve para quê e para quem?”, questionou Fabiana ao explicar e exemplificar os perigos de favorecer as ideias tradicionais. O caso do assassino Lázaro Barbosa, em 2021, foi colocado em perspectiva de forma analítica, explicitando como a mídia tem potenciais racistas. No mesmo ano que exibiu manchetes acusando o criminoso de bruxaria, por conta de rituais de matriz africana, divulgou uma pesquisa sobre o crescimento das denúncias de intolerância religiosa no Brasil. Ou seja, ao mesmo tempo que produz conteúdos problemáticos, denuncia as consequências da disseminação de ódio promovidos pelos próprios veículos.

Fabiana Moraes palestrando no festival 3i, durante a mesa: A ética do negócio e o negócio da ética.
Foto: Cadu Guarieiro

Por último, assumiu a mesa a cientista social, cofundadora e diretora geral do Nexo Jornal e da Gama Revista, Paula Miraglia. Ela iniciou sua fala de forma incisiva:

“Eu sou muito otimista em relação ao jornalismo. Ele é fundamental para a democracia, principalmente a brasileira nesse momento. Por isso, precisamos ter essas conversas difíceis”.

Paula Miraglia, fundadora do Nexo.

Logo após, a conselheira do International Press Institute apresentou quatro pontos que considera problemáticos sobre a ética em relação ao jornalismo. “Primeiramente, a publicidade, que historicamente é a maior financiadora do jornalismo e acaba tendo um espaço de domínio sobre as editorias.” Como segundo problema, citou os “dois ladismos” ou a polarização, já que impede a sociedade de enxergar questões sociais de urgência.

“Racismo e misoginia não são o outro lado, são um crime e uma opinião inválida”.

Paula Miraglia, fundadora do Nexo

Então, o jornalismo versus ativismo entra em pauta como terceira problemática, tendo em vista que, segundo Paula, o papel do jornalista é trabalhar em um espaço cívico para empurrar a agenda pública de um país. Por fim, a falta de diversidade e inclusão se firmam como o quarto problema, em um país onde a maior parte da população é negra, parda ou mulher e as redações chefiadas por homens brancos.

Paula Miraglia palestrando no festival 3i, durante a mesa: A ética do negócio e o negócio da ética.
Foto: Cadu Guarieiro

Já nas considerações finais, os três palestrantes refletiram sobre os desafios de manter parâmetros éticos no jornalismo. Foi destacada a importância do posicionamento social e reiterado o papel do ofício na democracia. Ainda não existem soluções práticas para a construção de produções realmente impactantes que exerçam o direito de ser desobediente ao que está, muitas vezes, sendo imposto por governos autoritários. A esperança se mantém nas novas gerações de jornalistas que se mostram interessadas em produzir matérias com temas plurais e inclusivos. 

Assista a íntegra do debate no canal Festival 3i no youtube.

Emílio César e Juliana Martins são estudantes da Facha, escreveram essa reportagem para o site “Facha em todo lugar” e fazem parte do projeto Foca no 3i, uma cobertura colaborativa do Festival 3i.

Festival 3i mostra novos caminhos para financiar o jornalismo

Soluções inovadoras de apoio a organizações de jornalismo local e periférico são discutidas no Festival 3i

Por Fernanda Iacovo e Kacieny Monteiro (*)

A mídia local e jornalismo se encontram em crise, como seria o mundo sem o jornalismo? O Festival 3i 2023 trouxe em um debate sobre os novos rumos de financiamento para o jornalismo local e periférico. No mundo da informação acelerada, é possível ver nascer diariamente iniciativas de jornalismo local. Esses projetos são combatentes contra o deserto de notícias fruto da crise atual do jornalismo, a qual exige cada vez mais iniciativas focadas em nichos do jornalismo local.

A mesa “Novos Caminhos Para Financiar O Jornalismo” expôs as ideias dos palestrantes sobre a importância de se pensar uma relação entre as iniciativas governamentais, em que o governo entenda o jornalismo como essencial e necessário para uma democracia sólida. A mediação foi feita por Graciela Selaimen, jornalista e pioneira na área de internet e direitos digitais do Brasil. Ela guiou as falas de Vanina Barghella e Sameer Padania sobre os desafios de se sustentar financeiramente o jornalismo independente e local.

Graciela Selaimen, mestre em comunicação e cultura pela UFRJ e contadora de histórias que promovem a justiça social, mediou um debate trilíngue, em português, inglês e espanhol. Graciela abriu a mesa com a seguinte frase:

“Por que o jornalismo importa para a democracia e para os direitos humanos?

Ao iniciar o debate, Graciela chamou a atenção para os desafios do jornalismo em se manter e gerar impactos relevantes, com os quais as empresas e governos se importem a ponto de investir financeiramente, ainda que sejam locais e independentes. A fala foi passada aos convidados Sameer Padania e Vanina Berghella que estão à frente de organizações criadoras de soluções de apoio financeiro aos projetos de jornalismo local e periférico, tanto no âmbito público quanto no privado.

“O público acaba se dispersando e procurando outras fontes para se informar sobre sua comunidade”

Sameer Padania

No Reino Unido, Sameer é jornalista e diretor da Macroscope, uma empresa criada para transformar e aumentar o jornalismo de interesse público junto ao ecossistema de informações. Com o olhar do jornalismo investigativo, ele contou a sua experiência sobre fortalecer esse nicho. Além disso, relacionou a realidade do Reino Unido ao jornalismo mundial, no qual é preciso criar e investir em um fundo jornalístico governamental, que ocupe espaços e preencha as necessidades do público e do jornalismo local e de nicho. “O público acaba se dispersando e procurando outras fontes para se informar sobre sua comunidade”, segundo Sameer. Ele complementou sua fala questionando se “a mídia local está morrendo, como seria o mundo sem o jornalismo? Pois onde há vácuo, há mídia social”

 Há uma certa concorrência entre o jornalismo conservador e independente, na qual o jornalismo conservador se sobressai e recebe maior atenção dos fundos governamentais. É preciso criar uma ramificação no fundo governamental para as mídias de comunicação voltadas ao jornalismo local, independente e periférico. Sameer falou também sobre o crescimento profissional dentro do jornalismo ser difícil, por isso o financiamento para o meio é de suma importância e concluiu que “o caminho é associativo, comunitário e coletivo”.

A argentina Vanina Barghella é diretora regional para a América Latina do IFPIM – International Fund for Public Interest Media e diretora executiva da FOPEA – Fórum Argentino de Jornalismo. Vanina mencionou um pouco da sua experiência sobre sustentabilidade e apoio financeiro, para ela, é importante uma ideia ser transformada em projeto, com o apoio correto. Ao iniciar sua fala, fez uma crítica ao meio jornalístico por considerar tabu o conhecimento sobre finanças e sustentabilidade e achar que é um tema alheio ao seu trabalho. A indicação é que cada vez mais os jornalistas sejam inseridos neste assunto e façam alianças com corporações, combinando a transparência e ética. Um bom financiador terá a curiosidade e desejo de entender os projetos quando bem pensados e apresentados. “A busca de financiamento não deveria ser uma relação transacional, mas sim de igual para igual”, declarou Vanina.

A mesa foi concluída com uma frase da mediadora Graciela, resumindo bem o assunto sobre jornalismo independente e suas questões:

“Não Importa qual seja a pergunta, a ‘comunidade’ é sempre a resposta. ” O evento do 3i apresentou uma mesa poliglota, pois contou com tradução simultânea em libras e das línguas estrangeiras. Para conferir a palestra na íntegra, confira o canal do 3i no youtube.

Fernanda Iacovo e Kacieny Monteiro são estudantes da Facha, escreveram essa reportagem para o site “Facha em todo lugar” e fazem parte do projeto Foca no 3i, uma cobertura colaborativa do Festival 3i.

Kaê Guajajara, rapper, cria da Vila do Pinheiro, lança álbum celebrando a cultura indígena

Para celebrar o abril indígena, contrariando a narrativa de que o país foi “descoberto”,Kaê Guajajara, pessoa indígena lança seu novo álbum“

Lucas Feitoza

O mês de abril tem três datas comemorativas próximas e com ligação histórica. O dia dos povos indígenas foi comemorado no dia 19. Em seguida, o dia 21 marca o dia de Tiradentes. Já no dia 22 de abril, o “Descobrimento do Brasil” fez referência à chegada dos portugueses no Brasil em 1.500. Esta construção da história é criticada pelos povos indígenas que já habitavam as terras brasileiras, ou seja, são os povos originários.

Como forma de celebrar o abril indígena, contrariando a narrativa de que o país foi “descoberto” no século XVI, a rapper indígena Kaê Guajajara, de 29 anos, pessoa  indígena nascida em Mirinzal no Maranhão, e cria da Vila do Pinheiro no Conjunto de Favelas da Maré, lançou o seu novo álbum “Zahytata”. O nome da produção vem do zeeg’ete, língua falada pela comunidade Guajajara e significa estrela. “Sou uma estrela em movimento”,  diz a música que tem o mesmo título do álbum. 

Unindo o idioma e a cultura indígena, com o rapper e as referências da favela, Kaê explica que quis lançar o seu álbum que faz parte da música popular originária (MPO) no abril indígena, para que as pessoas que dizem que o Brasil foi descoberto em 1500 “se choquem ao ver povos indígenas cantando seu bem viver e suas vivências”. explica.

O álbum conta com treze faixas cantadas em zeeg’ete, português, espanhol e inglês e foi lançado pelo selo, Azuhuru fundado por Kaê Guajajara, que potencializa artistas indígenas e juntos criam contra narrativas, contando suas próprias histórias. O álbum está disponível nas principais plataformas de música. Para saber mais sobre Kaê Guajajara acompanhe o Instagram: @kaekaekae .

Saiba mais sobre Kaê: Território da Maré também é marcado pela luta indígena