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Cinco anos sem Marielle Franco: como está o caso?

Mudanças de delegados, crises no Ministério Público e a prisão de dois dos assassinos

Por Jorge Melo e Maria Clara Paiva

O empenho do governo federal em mobilizar recursos humanos e materiais para esclarecer o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e o motorista, Anderson Gomes, ocorridos no dia 14 de março de 2018 trouxe novas esperanças para familiares, amigos, movimentos sociais e a opinião pública, de que a Justiça será feita. Afinal, são cinco anos de idas e vidas nas investigações, mudanças de delegados, crises no Ministério Público e a prisão de dois dos assassinos, o policial militar reformado Ronnie Lessa; e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz; mas sem identificar os mandantes e as razões do crime. Como um dos avanços do caso, no último dia nove de fevereiro, a Polícia Militar do Rio de Janeiro expulsou dos seus quadros, Ronnie Lessa, que está preso desde fevereiro de 2019. 

Marielle Franco (1979-2018) era uma ativista e intelectual negra, nascida e criada no Conjunto de Favelas da Maré; defensora dos Direitos Humanos. Formada em Sociologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), fez mestrado em Administração Pública na Universidade Federal Fluminense (UFF). Iniciou sua militância em Direitos Humanos no pré-vestibular comunitário ao perder uma amiga, vítima de bala perdida, num tiroteio entre policiais e grupos civis armados, no Conjunto de Favelas da Maré. 

Como assessora de Marcelo Freixo, na época deputado estadual filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL-RJ), coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ). Foi eleita vereadora em 2016 pelo PSOL, com 46.502 votos. Durante o mandato presidiu a Comissão da Mulher da Câmara de Vereadores e ficou conhecida por pautas de defesa dos direitos da população LGBTIA+, mulheres e favelados.

Questão de honra

No dia oito de março, Dia Internacional da Mulher, o presidente Luis Inácio Lula da Silva, enviou ao Congresso projeto de lei que cria o Dia Nacional Marielle Franco, a ser comemorado em 14 de março, data em que a vereadora e o motorista, Anderson Gomes; foram assassinados, em 2018, na região central do Rio de Janeiro.  A ideia é transformar essa data num símbolo do enfrentamento à violência. Em sua conta no twitter, a vereadora Mônica Benício (PSOL-RJ), viúva de Marielle Franco, publicou, “Será um dia de enfrentamento às violências de gênero e raciais na política. Será um dia em honra e memória à ela.” 

Em sua primeira participação em uma reunião da Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas-ONU, no dia 27 de fevereiro, em Genebra, na Suiça; o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, afirmou que o governo atuará pela punição aos assassinos de Marielle e Anderson, “Lutaremos para que o brutal assassinato de uma promissora política brasileira, mulher negra e corajosa defensora dos Direitos Humanos, Marielle Franco, não fique impune e grave, na memória e no espírito da nossa sociedade, a dignidade da luta por justiça”.

No discurso de posse, como ministro da Justiça e Segurança Pública, Flavio Dino, fez uma referência a Marielle, “Disse à ministra Anielle (Franco, irmã de Marielle) e à sua mãe, que é uma questão de honra do Estado brasileiro empreender todos os esforços possíveis e cabíveis e a Polícia Federal assim atuará, para que esse crime seja desvendado definitivamente e nós saibamos quem matou Marielle e quem mandou matar Marielle Franco.” Antes de tomar posse, Flavio Dino havia se encontrado com os pais de Marielle e com sua irmã. A educadora Anielle Franco, diretora do Instituto Marielle Franco, é atualmente ministra da Igualdade Racial.  

A promessa de Dino foi cumprida. No dia 22 de fevereiro, ele determinou a à Polícia Federal abertura de um inquérito com o objetivo de “ampliar a colaboração federal” nas investigações para identificar os mandantes e as motivações. As investigações são conduzidas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, sob a supervisão de uma força tarefa do Ministério Público do estado. 

A medida, no entanto, como explicou Flavio Dino, não significa a federalização do caso, mas um apoio às investigações. Um acordo foi firmado entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, o procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Luciano Mattos; e o subprocurador-geral do Rio de Janeiro, Marfan Martins Vieira.

 “A ideia é fortalecer a força-tarefa do MPRJ já existente destinada, exclusivamente, a apurar os desdobramentos dos mandantes do crime, para que a Polícia Federal, que já acompanha o caso, nos auxilie de uma forma mais direta na investigação, junto a Polícia Civil do Rio de Janeiro”, disse o procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Luciano Mattos.

A jornalista Fernanda Chaves, ex-assessora de Marielle Franco, e única sobrevivente do atentado contra a parlamentar, conta que “Pela primeira vez, senti um sopro de esperança. É papel do Estado ouvir as pessoas envolvidas neste caso. Isso não aconteceu nos últimos quatro anos”. 

Fernanda Chaves foi recebida no dia quatro de janeiro pelo ministro Flavio Dino, pelo secretário executivo do ministério, Ricardo Cappelli e pelo secretário nacional de Segurança Pública, Danilo Cabral. Segundo Fernanda, “Eles não tinham muita noção dos detalhes e pormenores do caso. E ficaram chocados ao saber que nenhum delegado me ouviu desde o Giniton Lages”, disse. 

Até o momento foram cinco delegados responsáveis pelas investigações: Giniton Lages (2018-2019); Daniel Rosa (2019-2020); Moisés Santana (2020-2021); Edson Henrique Damasceno (2021-2022) e Alexandre Herdy (2022).

Investigação sem respostas

Segundo Renato Sérgio de Lima, diretor presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV), “A forma como a investigação foi conduzida deixa de fato mais dúvidas do que certezas; não encontrar é uma variável possível numa investigação, mas quando a investigação não encontra respostas, mas é permeada por trocas de delegados, suspeitas de vazamento de informação, com denúncias como as que foram usadas pela ex-procuradora geral da República, Raquel Dodge para tentar federalizar o caso; de policiais ligados às milícias dificultarem as investigações para que elas não chegassem perto às milícias; aí sim a gente vai perceber o quanto as instituições estão comprometidas em termo de suas estruturas, que não conseguem dar conta de uma investigação complexa. Você tem um problema sério de imagem, de credibilidade, de comprometimento institucional de policiais com grupos milicianos, com jogo do bicho, com o  crime e a instituição sem ser capaz de se blindar em relação a essas influências; uma instituição que é pouco transparente e muito refratárias às pressões da Imprensa e da sociedade; isso acaba comprometendo a própria instituição.” 

Federalizar ou não as investigações?

Em setembro 2019 a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, entrou com um pedido no Supremo Tribunal de Justiça-STJ, com o objetivo de federalizar as investigações do caso no que diz respeito aos mandantes. Ou seja, colocar as investigações sob a responsabilidade da Polícia Federal. A procuradora apontava falhas na condução do inquérito da Polícia Civil, pois não teria sido observado o sigilo das investigações. 

A PGR alegou ainda o risco de responsabilização internacional do Brasil por não apurar violações de Direitos Humanos. O caso Marielle ganhou dimensão internacional. Sob esse argumento, Raquel Dodge pediu que as investigações fossem conduzidas pela Polícia Federal e pela Justiça Federal, mantendo sob responsabilidade do Rio de Janeiro o processo relativo aos executores já identificados. 

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) se manifestou contra a federalização e em maio de 2020, em decisão unânime, a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou os argumentos da PGR. 

Através de carta enviada ao STJ, a família de Marielle Franco apoiou a decisão, afirmando que federalizar o caso representaria um retrocesso e que a apuração estava sendo bem conduzida e deveria permanecer sob responsabilidade da Polícia Civil e do Ministério Público do estado do Rio. Na época, as promotoras Simone Sibílio e Leticia Emile, integrantes da força tarefa que investiga o caso, se reuniam mensalmente com a família para atualizá-la sobre as investigações.

Segundo Renato Sérgio de Lima, “A força tarefa teve um papel importante, mas as trocas, as questões internas, as brigas que têm a ver muito mais com a composição e o jogo político da relação do Ministério Público com o governo do Rio de Janeiro, sem dúvida, atrapalharam e atrasaram as investigações; mas isso não é uma exceção. Essas questões de conflitos de competência são típicas do nosso sistema de justiça criminal, que faz com que cada um dos órgãos se antagonize em relação aos demais. O caso Marielle talvez seja uma síntese de como nosso sistema é cruel e injusto. Ele mais promove a impunidade do que a justiça, porque quando você valoriza as disputas, entra em conflitos de competência, dificulta o esclarecimento e a responsabilização dos criminosos”

As idas e vindas da investigação

O primeiro delegado responsável pelo caso, Giniton Lages, citado por Fernanda Chaves, foi afastado em março de 2019, no início do governo de Wilson Witzel (2019-2021). O delegado Lages foi retirado do caso logo depois de prender os dois executores do assassinato, Ronnie Lessa e Élcio Viera de Queiroz. Lages foi escolhido pelo então governador, para um programa de intercâmbio entre polícias, realizado na Itália, com duração de quatro meses. Witzel sofreu impeachment em abril de 2021, acusado de corrupção na Saúde durante a pandemia de Covid-19. E foi substituído pelo vice-governador, Cláudio Castro, reeleito em outubro do ano passado.  

Em julho de 2021 duas promotoras do Ministério Público, que integravam a força tarefa que investigava o crime, Simone Sibilio e Letícia Emile, pediram  para ser exoneradas, alegando  risco de “interferências externas” na apuração. O MPRJ publicou uma nota oficial, O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) confirma que as promotoras de Justiça Simone Sibílio e Letícia Emile optaram voluntariamente por não mais atuar na força-tarefa que investiga o caso Marielle Franco e Anderson Gomes. A Procuradoria-Geral de Justiça do MPRJ reconhece o empenho e a dedicação das promotoras ao longo das investigações, que não serão prejudicadas. O MPRJ anunciará em breve os nomes dos substitutos.”

Em sua conta no twitter, a irmã de Marielle, Anielle Franco, publicou, “A gente não tem um dia de paz. Sinto muito pela saída das promotoras! Promotoras essas que eu depositava muita confiança e esperança para que elas ajudassem a resolver o caso da Mari e do Anderson! Agora eu quero saber que interferências são essas! Quem mandou matar minha irmã!??”.

A Anistia Internacional Brasil também divulgou uma nota em que demonstrava preocupação com os rumos da investigação “Três anos sem respostas sobre quem mandou matar Marielle e porque é tempo demais. Neste período, quatro delegados diferentes assumiram a condução das investigações. Os acusados de serem os responsáveis pela execução de Marielle e Anderson, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, ainda não foram julgados pelo Tribunal do Júri. Toda e qualquer suspeita de que a investigação possa sofrer interferências indevidas deve ser investigada”.

Crise no Ministério Público afeta investigação

No dia 13 de janeiro, os 29 promotores do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro, pediram exoneração. A decisão afeta a investigação do caso Marielle Franco porque entre os promotores exonerados estavam os responsáveis pela força-tarefa que investiga, em parceria com a Polícia Civil, o assassinato de  Marielle Franco e Anderson Gomes.  

O movimento é uma reação à decisão do governador Claudio Castro (PL) de reconduzir ao cargo o procurador geral de Justiça, Luciano Mattos. A tradição prescreve que o governador ratifique o procurador mais votado de uma lista tríplice, que é fruto de uma eleição entre os integrantes do Ministério Público. 

Pela eleição, Luciano Mattos, o escolhido de Castro, que já era o procurador geral; ficou em segundo, com 437 votos (41,69%). Leila Costa, com 485 votos (46,27%), foi a mais votada. Em terceiro ficou Somaine Cerruti, com 126 votos (12,02%). 

No início deste mês, Luciano Mattos nomeou os novos integrantes da força-tarefa que acompanhará as investigações. A equipe será composta pelos promotores de Justiça Eduardo Morais Martins, Paulo Rabha de Mattos, Patrícia Costa Santos, Glaucia Rodrigues Torres de Oliveira Mello, Pedro Eularino Teixeira Simão, Mario Jessen Lavareda e Tatiana Kaziris de Lima Augusto Pereira 

Segundo o procurado geral de Justiça, “criamos a Força-Tarefa, em março deste ano, e agora estamos ampliando o efetivo para oito promotores de Justiça focados na investigação, todos integrantes do GAECO-MPRJ. Estaremos com uma grande frente de trabalho, reunindo promotores especializados, dedicados à continuidade das investigações, para a identificação dos eventuais mandantes dos crimes. Reafirmo que a elucidação completa deste caso é uma das prioridades absolutas do MPRJ”.

Renato Sérgio de Lima, diretor presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV) acredita que houve mudanças e que, “Existe um ambiente novo com a entrada da Polícia Federal no caso Marielle, que envolve a articulação com  o Ministério Público, a disposição de atores que antes eram contra a entrada da PF, ligados ao Ministério Público do Rio de Janeiro, que agora estão disponíveis. A gente tem condições de criar um ambiente novo de cooperação, para saber quem matou Marielle e porque. E de certa forma para transformar esse triste episódio, simbolicamente, em força para mudar a realidade brasileira. A entrada da PF vejo mais como simbólica, porque agora a gente talvez consiga chegar a um resultado, porque agora as pessoas talvez estejam dispostas a cooperar, cinco anos, depois numa nova correlação de forças políticas,  porque no governo anterior a ideia era exatamente o contrário, o confronto; era reforçar os antagonismos.”  

Sementes

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Cinco anos depois de seu assassinato ainda sem respostas, Marielle ainda é o farol para mulheres e coletivos

Edição #146 do Maré de Notícias

Por Andrezza Paulo e Hélio Euclides

O dia 14 de março de 2023 marca cinco anos do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, e o tempo sem a resposta devida a um país inteiro: quem mandou assassinar Marielle e Anderson? A vereadora nascida na Maré deixou um legado que abriu portas para novas lideranças e produziu projetos — seu fim trágico apressou a germinação de sementes que surgiram quando sua luta se tornou conhecida.

A deputada estadual Renata Souza (PSOL/RJ) é considerada uma das principais herdeiras políticas do trabalho de Marielle; ela começou a trilhar seu caminho como chefe de gabinete da vereadora em 2018.


“O sentimento é o de carregar uma responsabilidade enorme. As sementes de Marielle germinaram, e o seu maior legado é fazer com que a humanidade não se desumanize. Depois do feminicídio político de Marielle, nós, as mulheres pretas de favela, passamos a ocupar a política com ainda mais força. E esse movimento não vai parar de crescer. Honrar a Marielle é jamais desistir de enfrentar o racismo estrutural, o machismo e a lgbtfobia”, diz. 

O Instituto Marielle Franco (uma organização sem fins lucrativos) foi criado pela família da vereadora “com a missão de inspirar, conectar e potencializar mulheres negras, pessoas LGBTQIA+ e periféricas a seguirem movendo as estruturas da sociedade por um mundo mais justo e igualitário”. É possível acompanhar, no cronômetro virtual hospedado no site da instituição, há quanto tempo a população aguarda pela identidade e prisão do mandante do assassinato de Marielle e de Anderson.

PF e MP 

O governo federal considerou a solução do caso como “questão de honra”. Por isso, em fins de fevereiro o ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou que a Polícia Federal abrisse um inquérito para investigar as mortes de Marielle e Anderson, juntando forças com o Ministério Público do Rio de Janeiro para ampliar a investigação sem federalizá-la. 

Estão presos preventivamente desde 2019, aguardando julgamento, os ex-policiais Ronnie Lessa e Elcio Queiroz, acusados de efetuar os disparos que mataram a vereadora e seu motorista. 

“Nunca vamos parar de perguntar ao Estado: quem mandou matar Marielle? Tentaram nos calar, nos impor o medo, mas o que aconteceu foi o inverso. Floresceu um movimento de mulheres pretas que um dia vai transformar o sonho de uma sociedade mais justa em realidade”, reforça Renata.

Para as eleições de 2022, foi criada a Agenda Marielle Franco, um conjunto de práticas e compromissos políticos antirracistas, feministas, LGBTQIA+ e populares, inspiradas no legado da vereadora e construída com o apoio de mais de cem organizações. 

Para o Congresso e as assembleias legislativas, foram eleitas 44 mulheres de sete estados de quatro regiões do país, além de 86 suplentes das 145 candidaturas comprometidas com a agenda.

O time batalhou pelo espaço de treino, um ambiente prevalentemente masculino – Foto: Matheus Affonso

Além da política

As sementes deixadas por Marielle estão florescendo também fora do terreno da política. Um grupo de amigas em busca de aprimorar e cuidar da saúde física e mental fundou o MariEllas, um time de futebol feminino na Maré.

Karine Serra, Maria Joira e Raquel Albuquerque contam que Marielle as inspirou principalmente por sua força e seu poder ao se impor diante de figuras masculinas pela garantia de direitos das minorias.

“Ela nos motivou a batalhar por nossos objetivos e espaços. Um exemplo disso foi a luta pelo local que treinamos, pois era um lugar predominantemente masculino. Conquistamos o devido respeito e um horário exclusivo para nossa atividade”, diz Raquel.

Justiça por Marielle e Anderson 2023
No dia 14 de março, mais uma vez a família realiza o Justiça por Marielle e Anderson. O evento este ano acontece na Praça Mauá, no Centro do Rio, e tem como principal meta a pressão por investigação do caso e por justiça. Nomes como Gaby Amarantos, Baco Exu do Blues, Orquestra da Maré, Marechal e Coral do Alemão já estão confirmados para os shows do festival, que acontece de 17h às 22h.

Ministro da Justiça Flávio Dino visita Maré

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A visita foi uma articulação da Redes da Maré a partir da experiência de incidência política

Por Lucas Feitoza

Nesta segunda-feira (13) o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, esteve na Maré para participar da programação do lançamento do 7º Boletim Direito à Segurança Pública na Maré. Também estiveram presentes vários coletivos que atuam pela defesa da garantia de direitos humanos nas favelas do Rio de Janeiro.

O ministro, acompanhado de sua comitiva, ouviu as questões e desafios no campo da segurança pública dos integrantes dos coletivos e organizações presentes (Coletivo Papo Reto, LabJaca, Instituto de Defesa da Pessoa Negra (IDPN), Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR), Movimentos, Mulheres do Salgueiro e GENI/UFF). Um dos destaques da conversa foi a capacidade da favela de produzir e pensar política pública e dados. Liliane Santos, coordenadora do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré, destacou que “não é possível um país ser democrático sem a participação da sociedade civil.”

“Sem segurança não tem justiça”

O ministro Flávio Dino agradeceu pela oportunidade de ouvir os coletivos e destacou que embora seja uma visita o objetivo dele era enfatizar as ações do ministério em conjunto com as organizações presentes inclusive a  Redes da Maré: “nós estamos com vocês” afirmou.

O ministro afirmou que a reunião realizada na Maré está entre as cinco mais importantes que teve desde que ocupou a pasta, pelo território em que ela foi realizada,  pela ação do terceiro setor e considerou fundamental não se sentir intimidado pela criminalização dos territórios. 

Em sua participação, elogiou a  atuação das organizações civis e lembrou de Marielle Franco, vereadora cria da Maré assassinada em 2018, “nós consideramos  que Marielle além de ser referenciada pela sua trajetória pessoal e política  é um símbolo e um sinal de luta”, pontuou.

Retorno do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania

Flavio Dino também apresentou a restituição do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI), a partir de cinco eixos de atuação: o combate à violência contra mulher e feminicídio, com a retomada das sete casas da mulher e lançamento de mais 40 casas em todo o país; a justiça antirracista; o trabalho em territórios que são fortemente atingidos pela violência e uma política específica para presos e regressos. 

O programa será liderado por Tamires Sampaio, que também é Assessora Especial do Ministro da Justiça e Segurança Pública. Para o Maré de Notícias, Tamires falou que o programa tem como foco o combate ao racismo que tem influência nas operações policiais devido ao alto número de mortalidade de jovens negros. 

Diálogo e participação social

Após a visita do ministro, a comitiva que contava com a participação de Tadeu Alencar, Secretário Nacional de Segurança Pública, Marivaldo Pereira, e Tamires Sampaio, Assessora Especial do Ministro da Justiça e Segurança Pública e Coordenadora do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI) seguiu o processo de escuta com os coletivos e organizações presentes.

Políticas públicas efetivas sobre políticas de drogas, sistema prisional, controle das forças policiais e acesso à justiça foram os principais temas apresentados pelos coletivos para a comitiva. Foi entregue uma carta ao ministro e a comitiva com intenções com seis grandes pautas de acompanhamento. Tadeu Alencar, destacou a carta como um roteiro de trabalho do ministério em parceria com as organizações presentes e outras. 

A articulação para visita do ministro aconteceu a partir da organização Open Society Foundations, rede internacional de filantropia, parceira e apoiadora da Redes da Maré. 

Foto: Patrick Marinho | Organizações e coletivos junto à Flávio Dino e a comitiva do Ministério da Justiça e Segurança Pública

Mortes em operações policiais na Maré aumentam em 145% em 2022

Boletim lançado pela Redes da Maré nesta segunda apresenta dados e análises sobre o direito à segurança pública na região, no último ano

Por Jéssica Pires

Depois de três anos com queda no número de operações policiais na Maré, o território voltou a vivenciar um aumento de ações das forças de segurança, mortes e violações de direitos. É o que mostra a sétima edição do Boletim Direito à Segurança Pública na Maré, lançada nesta segunda-feira (13). Em 2022, as 26 operações policiais que aconteceram na Maré resultaram em 27 mortes. Das vítimas, 97% eram homens, sendo 81% pretos ou pardos. 

Em 2021, foram 20 operações policiais e 11 mortes decorrentes dessas ações; no ano anterior, com a pandemia do coronavírus, 16 operações resultaram em 5 mortes na Maré — esse número representou 85% menos mortes do que no ano de 2019, de acordo com os dados do boletim Direito à Segurança Pública na Maré de 2020. 

Ainda segundo o levantamento, entre os meses de setembro e novembro de 2022 — período eleitoral, quando a segurança pública foi destaque na pauta dos candidatos ao governo do estado do Rio de Janeiro e depois, na dos dois candidatos a presidente — registrou-se o maior número de mortes em operações policiais, configurando uma taxa de letalidade significativa. 

Para Daniel Hirata, professor de sociologia e coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos na Universidade Federal Fluminense (GENI/UFF), a direção tomada pela política de segurança pública segue equivocada, tanto do ponto de vista do enfrentamento do crime comum, da criminalidade organizada, como do respeito aos direitos e à dignidade da vida humana.

“A interrupção dos serviços de saúde e de educação, a impossibilidade de trabalhar, os impactos inclusive psicológicos que essas operações provocam nos moradores são indicativos de este não ser o melhor caminho para o enfrentamento da violência.”

Daniel Hirata, professor de sociologia e coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos na Universidade Federal Fluminense (GENI/UFF)

Via Judicial

Nos últimos anos, o combate a essa estratégia de enfrentamento adotada pelo poder público apresentou resultados, muito em função do trabalho conjunto de organizações e movimentos da sociedade civil que pensaram e se mobilizaram para acionar a justiça. Foi assim que nasceram a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental, a ADPF 635, conhecida como ADPF das Favelas,e a Ação Civil Pública (ACP) da Maré.

Uma das exigências da ADPF das Favelas é a apresentação de um Plano de Redução da Letalidade Policial por parte do governo do estado do Rio de Janeiro. Desde fevereiro de 2022, porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) vem exigindo que o estado apresente uma proposta. 

O que foi apresentado pelo governador Cláudio Castro em março passado foi rejeitado por não ter levado em conta a participação da sociedade. O STF ordenou que houvesse uma audiência pública para a elaboração do documento. O governo do estado apresentou, em dezembro do ano passado, um novo plano, mas sem mudanças significativas. 

No dia 21 de dezembro, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instituiu um grupo de trabalho, com a participação da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, para estudar e formular programas e ações que reduzam a letalidade em ações policiais. “O plano de redução da letalidade policial é fundamental para a queda dos índices da violência do estado. Mesmo com a ausência de diálogo com o governo, entendemos que é uma área de luta política fundamental”, diz Daniel Hirata.

Desrespeito

Apesar de o STF ter determinado que o governo do estado do Rio de Janeiro, como ente federativo responsável pela segurança pública, cumprisse algumas das medidas da ADPF das Favelas, os dados sobre as ações de 2022 evidenciam desrespeito à suprema corte. 

No último ano, das operações policiais ocorridas nas regiões das favelas da Maré, não foram identificadas as presenças de ambulâncias e equipes de saúde para socorro às vítimas:

  • 62% aconteceram próximo a escolas e creches
  • 67%, perto das unidades de saúde.

“Todo este contexto torna-se ainda mais dramático quando constatamos que grande parte das mortes tiveram indícios de execução. Nas operações policiais, o número chegou a 89%. Nestes casos, as vítimas não têm qualquer chance de defesa, elas sofrem uma sentença de morte onde as chances de investigação e responsabilização dos culpados é mínima”, analisa Liliane Santos, coordenadora do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré.

“Todo cidadão tem direito a uma defesa de qualidade, ao acesso à Justiça e, se for o caso, ao cumprimento da pena de forma digna”. 

Liliane Santos, coordenadora do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré.

Homicídios com indícios de execução, violações de domicílios e danos ao patrimônio de moradores também constam do boletim, que destaca outro elemento frequente e irregular nas operações de 2022: a ausência de perícia nos casos de homicídio, acompanhada da falta de informações sobre pessoas feridas.

Monitoramento

Para que a sociedade e o Estado elaborem soluções e políticas públicas que promovam a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, é fundamental a produção de dados. O trabalho do projeto De Olho na Maré acontece desde 2016, a partir de uma metodologia que conta com uma rede de colaboradores, moradores e organizações dos territórios.

Esse grupo trabalha compartilhando informações sobre o cotidiano das operações e os contextos de violência nas 16 favelas que compõem a Maré. A equipe do projeto coleta das policiais e secretarias de segurança dados que são sistematizados e, a partir de um banco de dados organizado, pública a análise das informações no Boletim Direito à Segurança Pública na Maré

A 7ª Edição do Boletim Direito à Segurança Pública na Maré apresenta dados e análises sobre o contexto da violência armada no conjunto de favelas em 2022 e será lançado este mês. Na próxima página você pode conferir destaques sobre as informações coletadas. O boletim completo está disponível no site da Redes da Maré.

Participe das atividades do Lançamento do 7º Boletim Direito à Segurança Pública na Maré:

Dia 13/03

Local: Galpão RITMA (Rua Teixeira Ribeiro, 521 – Parque Maré – Entrada franca sujeita à lotação

  • 16h – Leitura do Manifesto das Mães da Maré
  • 16h10 – Apresentação da metodologia de coleta de dados do “De Olho na Maré!”
  • 16h40 – Exibição do vídeo da campanha “É preciso estar vivo para viver”
  • 16h50 – Apresentação de SLAM com Math de Araújo e Poeta Stacy
  • 17h – Abertura da exposição itinerante “Impactos da violência armada na Maré”

Dia 14/03

Local: Museu de Arte do Rio (MAR) (Praça Mauá, 5 – Centro do Rio – Sala 2.2 Entrada franca sujeita à lotação)

  • 13h – Leitura do Manifesto das Mães da Maré
  • 13h10 – Apresentação da metodologia de coleta de dados do “De Olho na Maré!”
  • 13h40 – Exibição do vídeo da campanha “É preciso estar vivo para viver”
  • 13h50 – Apresentação de SLAM com Math de Araújo e Poeta Stacy
  • 14h – Abertura da exposição itinerante “Impactos da violência armada na Maré”



Saiba mais:

Lançamento do boletim sobre violências marca o encerramento de 2º dia de Congresso Internacional na Maré – Maré de Notícias Online | Portal de notícias da Maré (mareonline.com.br)

Reflexões sobre favela e racismo marcam lançamento do Boletim Direito à Segurança Pública na Maré – Maré de Notícias Online | Portal de notícias da Maré (mareonline.com.br)

Edição especial do ‘Boletim Direito à Segurança Pública na Maré’ é lançada – Maré de Notícias Online | Portal de notícias da Maré (mareonline.com.br)

Lançamento de boletim chama atenção para letalidade de operações policiais – Maré de Notícias Online | Portal de notícias da Maré (mareonline.com.br)

Redes da Maré lança 3º Boletim pelo Direito à Segurança Pública na Maré – Maré de Notícias Online | Portal de notícias da Maré (mareonline.com.br)

Especialistas alertam para risco de pomadas modeladoras

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Anvisa proibiu a comercialização e utilização de todas as pomadas modeladoras de cabelos em fevereiro

Por Lucas Feitoza

“Quando não se usa a pomada acontece isso”, desabafa a trancista Michelle da Silva do Nascimento, de 29 anos, enquanto desfaz a trança da cliente que voltou para consertar fios soltos. A trancista mora no Conjunto Bento Ribeiro Dantas, conhecido como Fogo Cruzado, e conta que mesmo depois da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibir, no dia 9, o  uso e comercialização de pomadas modeladoras, as clientes ainda procuram o produto pela durabilidade, e na favela, ainda encontram lugares vendendo. “Eu alerto sobre os riscos de usar essa pomada, mas antes usava para fazer as tranças das clientes e não tive nenhum caso aqui no meu salão”, afirma.

A medida preventiva foi tomada depois que a Anvisa recebeu outros relatos de “cegueira temporária”, como está sendo chamada a Ceratite Ocular. A última nota da agência contabilizava 780 casos relacionados ao uso dos produtos de modelar/trançar cabelos. A oftalmologista Liana Tito Francisco, sócia fundadora do grupo Ifé Medicina, considera inadequado chamar de cegueira temporária, já que a ceratite ocular é uma inflamação temporária na córnea, caracterizada por machucados e escoriações na pele, vermelhidão e inchaços nas pálpebras e sensação de corpo estranho, que causam a diminuição da visão. Mas Liana tranquiliza que fazendo o tratamento de forma adequada, em aproximadamente 30 dias os sintomas terão passado.

A cliente que foi refazer o cabelo é a dona de casa Valdeci da Silva Santos, de 57 anos, que também mora no Fogo Cruzado. Ela relata que faz trança há muito tempo e nunca teve problemas, apenas com Michelle, ela já trança o cabelo há três anos: “Eu, minha filha e a minha comadre nunca tivemos problema, eu lavo o cabelo pra trás, fico no sol pra secar e fica tudo bem”, afirma.

Já a jovem Cecília Lemos Victoriano dos Santos, de 17 anos, que mora na Vila dos Pinheiros, não teve a mesma sorte. Ela relata o desespero vivido em dezembro de 2019, quando colocou tranças pela primeira vez. Depois de lavar o cabelo alguns dias após a aplicação, ela sentiu um desconforto nos olhos: “Achei normal, mas ficou o dia todo aquele incômodo, eu dormi e no dia seguinte estava pior”, conta. A estudante relembra que foi ao hospital e lá passaram remédio para desinflamar, mas não disseram o que tinha causado. Ela resolveu fazer uma pesquisa sobre o assunto na internet e encontrou que poderia ter sido a pomada de cabelo. Mesmo assim, três meses depois, optou por colocar trança de novo, e teve o mesmo problema: “Como eu já tinha o remédio que o médico passou, coloquei e melhorou rápido, mas foi horrível.”

Não são casos isolados

O que aconteceu com Cecília também foi relatado por outras pessoas que usaram os produtos para cabelo. O caso mais conhecido aconteceu com a influenciadora digital Bielle Elizabeth, de 29 anos, que relatou a cegueira temporária no início do ano. 

A oftalmologista Liana Francisco alerta para os riscos de continuar usando o produto mesmo sabendo da proibição: “O ideal é aguardar a liberação ou proibição (definitiva) da Anvisa com o produto no armário, porque não tem como assegurar que você não vai pegar uma chuva e o produto escorrer para os olhos,” afirma. Liana Francisco explica também que qualquer machucado nas córneas são propícios para complicações que podem danificar a visão ou até mesmo causar cegueira definitiva. 

Nos casos de produtos químicos entrarem em contato com os olhos, a médica explica que deve-se lavar a região com água corrente por pelo menos 30 minutos e ir para a emergência, preferencialmente a oftalmológica, para passar por exames específicos e detectar o problema para que dê início ao tratamento. 

A trancista Michelle optava pelas pomadas capilares pelo preço mais acessível e pela quantidade. Um pote de 1kg custa em média R$40, mas hoje em dia ela opta pela gelatina capilar, para evitar os riscos. 

Em nota, a Anvisa destaca que todas as pomadas de trançar/modelar cabelos estão proibidas e que também não devem ser vendidas; “Neste momento, não há determinação de recolhimento geral, mas os produtos não podem ser comercializados”. 

Respira Maré: monitoramento do ar começa na segunda

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Com duração de oito meses, a pesquisa parte da preocupação com o ar que os moradores da Maré respiram e os impactos na saúde

Por Lucas Feitoza

Respira fundo e responde: como está o ar onde você mora? Na próxima segunda-feira (13)  começam as pesquisas do Respira Maré, projeto do eixo de Direitos Urbanos e Socioambientais (DUSA). Com  duração de oito meses, a busca pretende responder esta pergunta mapeando as variações de temperatura e poluição em toda a Maré. 

Na última terça-feira (7) os agentes ambientais e coordenadores do projeto visitaram as associações dos moradores para apresentar a proposta e mostrar como a pesquisa será feita. A primeira associação a receber a equipe foi do Parque União, representada por Roberto Estácio, que considerou a iniciativa importante a longo prazo para a vida dos moradores: “Hoje eles podem questionar porque isso é importante, mas depois vão ver as melhorias”, pontuou. O Respira Maré também mapeará as áreas verdes e ilhas de calor, que são locais com temperatura mais elevada no bairro.

O monitoramento da temperatura e aspectos do ar parte do princípio preocupante de que a Maré é afetada pelo calor e poluição vindas das principais vias que cercam o bairro: a Avenida Brasil, Linha Amarela e Linha Vermelha. A localização da Maré torna a população mais propícia a sofrer doenças respiratórias causadas pelos gases poluentes como o dióxido de enxofre (SO2), resultado da queima de combustíveis fósseis como a gasolina, que é liberado pelo escapamento dos carros que passam pelas vias ou também da queima de plástico, prática comum em lugares em que a coleta de lixo não chega.

Agentes Ambientais são da Maré

Para o projeto, cinco agentes ambientais foram selecionados entre as 87 inscrições recebidas e foram divididos nos pontos estabelecidos pela coordenação. Os agentes foram contratados pela Redes da Maré a partir do edital de seleção lançado no início de fevereiro. 

Luis Carlos Soares, de 21 anos, é um dos agentes ambientais e disse estar empolgado com a oportunidade de trabalhar na análise. “Futuramente irá agregar dados valiosos para o Conjunto de favelas da Maré no geral, com a ajuda de outros agentes ambientais”, concluiu.

Rian de Queiroz, coordenador de campo do Respira Maré, explica que os agentes vão acompanhar diariamente o clima da Maré, que foi dividida em cinco pontos estratégicos de análise próximos das vias, mais dentro da favela, para monitorar como o calor e a poluição afetam a vida dos locais.

A coordenadora geral do projeto, Girlaine Negreiros, conta que mesmo sofrendo com interferências de fatores externos, como a chuva, as operações policiais e os confrontos de civis armados, a pesquisa tem prazo definido de início e fim e não deve sofrer alterações, devido ao cumprimento da parceria  com o Instituto Clima e Sociedade (ICS).  “Por isso a necessidade dos agentes ambientais serem moradores da Maré, por estarem familiarizados com a área em que serão responsáveis pela análise e saberem como agir em situações adversas”, explica.  

Para o monitoramento será usado o Temtop M2000 aparelho parecido com um  rádio comunicador que conta com sensor a laser capaz de detectar partículas de dióxido de carbono e outros poluentes. As medições têm horário exato para serem realizadas para não ter alterações, caso tenha alguma interferência como poeira, elas devem ser anotadas pelos agentes para serem consideradas no resultado final. 

“Após análise e conclusão da pesquisa, além de ações com apoio dos moradores para mudanças proporcionais, os estudos possibilitam também que outras propostas de soluções sejam pensadas”, explica Maurício Dutra, pesquisador e mobilizador territorial.
A saúde respiratória dos moradores da Maré já foi matéria do Maré de Notícias. Para saber mais leia “Respira, Maré: localização entre vias expressas representa alerta para saúde respiratória” sobre a Campanha Climão, que traz os dados da pesquisa, análise de especialistas e atitudes que colaboram para  a mudança climática e ajudam a Maré a respirar melhor. Clique aqui para ler a matéria.