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Galpão Bela Maré lança segunda edição do Caderno Ações Educativas

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Publicação apresenta como o Programa Educativo do espaço cultural enfrentou o desafio de criar alternativas de aproximação e engajamento no cenário da COVID-19

Por Observatório de Favelas, em 13/07/2021 ás 07h

No ano em que comemora a primeira década de existência, o Galpão Bela Maré lança publicação que apresenta e reflete sobre desafios diante de incertezas e adaptações para o cenário cultural. O espaço localizado no Conjunto de Favelas da Maré, na Nova Holanda, desenvolve desde sua fundação, atividades de formação, ações culturais e ocupações artísticas que atendem principalmente os moradores daquela comunidade. Neste último ano, adaptando-se às necessidades destes tempos, o Galpão Bela Maré realizou mais de 100 atividades de forma remota, e agora lança a publicação “2º Caderno de Ações Educativas: Um ano de alternativas para aproximar e engajar”

O Galpão Bela Maré é uma iniciativa do Observatório de Favelas, em parceria com a Produtora Automatica, que diante dos desafios enfrentados por conta da pandemia, reafirma seus objetivos centrais na defesa dos direitos culturais, sobretudo pela livre criação, formação, difusão e participação das pessoas faveladas e periféricas na política e na vida cultural da cidade. 

Na publicação é possível encontrar narrativas sobre a história da atuação do Programa Educativo do Galpão Bela Maré ao longo dos seus dez anos; sobre a elaboração e produção do Bela em Casa – ação virtual que reúne programações artístico-pedagógicas do Programa Educativo e da Curadoria transmitido pelas redes sociais do Galpão Bela Maré –   e alguns destaques que traçam a linha do tempo da programação online. 

De acordo com Isabela Souza, diretora do Observatório de Favelas e organizadora do Caderno,  –  “a publicação constitui mais um passo no compromisso do Observatório de Favelas com o compartilhamento das metodologias produzidas em seus projetos. O processo de transformações e adaptações durante este ano tem sido de intenso aprendizado, portanto nada mais importante que compartilhá-lo”

“Não foi e não é simples, mas essa transposição nos oportunizou a criação de novas metodologias, e a chance de levar nossa programação para outras regiões do país. Ao longo deste último ano, o Galpão Bela Maré, colocou no mundo 102 atividades e toda a nossa equipe se reinventou para que nossos públicos de sempre se mantivessem participantes e também para que pudéssemos juntos chegar em mais pessoas e territórios.  Por aqui queremos acreditar que esse modelo remoto em breve dará lugar a experiências cada vez mais híbridas em que levaremos adiante essas novas ferramentas e potencialidades, reacendendo, também, as presenças no espaço físico, mas estamos preocupadas em narrar o tempo vivido, as soluções inventadas e as conquistas realizadas.” – afirma Érika Lemos Pereira, coordenadora do Programa Educativo do Galpão Bela Maré, que assina a autoria da publicação ao lado de Caju Bezerra, Gabrielle de Souza Vidal e Napê Rocha

A publicação “2º Caderno de Ações Educativas: Um ano de alternativas para aproximar e engajar” está disponível para download no site do Observatório de Favelas. A edição é parte de uma série – que também conta com o Caderno de Ações Educativas Travessias 6 Colaborações –  que tem o objetivo de produzir e compartilhar conhecimentos e metodologias elaboradas pelo Programa Educativo do Galpão Bela Maré. 

Sobre o Observatório de Favelas

Criado em 2001, é uma organização da sociedade civil sediada no Conjunto de Favelas da Maré, mas com atuação nacional. Dedica-se à produção de conhecimento e metodologias visando incidir em políticas públicas sobre as favelas e promover o direito à cidade. Fundado por pesquisadores e profissionais oriundos de espaços populares, tem como missão construir experiências que contribuam para a superação das desigualdades e o fortalecimento da democracia a partir da afirmação das favelas e periferias como territórios de potências e direitos. Atualmente, tem em andamento projetos, divididos em cinco áreas: Arte e Território, Comunicação, Direito à Vida e Segurança Pública, Educação e Políticas Urbanas. Muitos em parcerias com universidades, organizações locais, nacionais e internacionais.

Sobre o Galpão Bela Maré

O Galpão Bela Maré, projeto do Observatório de Favelas realizado em parceria com a Automatica, é um espaço voltado à difusão, produção, mobilização, formação e fruição das artes e das expressões culturais através de suas mais variadas manifestações, visando, sobretudo, a articular a produção artística periférica com o circuito da arte contemporânea no Rio de Janeiro. Inaugurado em 2011, consolidou-se como um espaço de referência na cidade para o debate do papel político da arte, especialmente no contexto das periferias.

Com presença de Dom Orani, Nova Holanda tem ordenação sacerdotal

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Por Hélio Euclides, em 13/07/2021 ás 07h. Editado por Edu Carvalho

A Paróquia Sagrada Família, na Nova Holanda, recebeu na manhã do último sábado (10/07) o cardeal Orani João Tempesta, arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro, para uma celebração especial, a ordenação sacerdotal de Arlan de Oliveira. O diferencial do evento foi que um mareense se consagrou padre dentro da Maré, já que esse rito é comum ocorrer na Catedral Metropolitana, no Centro. O novo sacerdote recebeu o nome de Irmão Gabriel Luís, pertencente desde o início da fundação ao Instituto dos Filhos, Filhas e Oblatos da Preciosa Vida, congregação católica criada na Nova Holanda, em 2004.

Seu primeiro passo na Paróquia Sagrada Família foi exercendo o trabalho como coroinha, crianças e adolescentes que ajudam um sacerdote na missa. Ele também atuou no teatro e na catequese. Ao ingressar para a congregação, adotou o hábito, uma veste religiosa usada por pessoas de vida apostólica. É comum ver membros da congregação Preciosa Vida em atividades missionárias na Nova Holanda, com suas vestes nas cores cinza escuro e branca, com brasão que traz a Cruz e em seu centro o coração de Cristo, que derrama sangue sobre um cálice, que representa cada membro, do qual deve transbordar a verdadeira alegria do dom da vida.

Irmão Gabriel é filho de Vicente de Paula Alves, conhecido como Paulão, integrante ativo do movimento Chapa Rosa, que dirigiu a Associação de Moradores da Nova Holanda, na década de 1980. Com formação de mobilização, Irmão Gabriel adotou o lema: “Alegrai-vos no Senhor, repito: alegrai-vos!” (Filipenses 4, 4). Na igreja Católica há dois tipos de padres, os diocesanos e os religiosos. Os diocesanos têm preparação nos seminários da arquidiocese. O Irmão Gabriel se tornou o mais novo padre religioso, com formação na congregação, tendo votos de pobreza, castidade e obediência. 

Na celebração, o cardeal arcebispo Dom Orani enfatizou a importância do novo padre ser pertencente ao território. “Um dia importante para a Paróquia Sagrada Família em ver um dos seus filhos ser ordenado presbítero e ter uma instituição criada nessa região. Destaco que, mesmo em tempo de pandemia, com distanciamento utilizamos os meios de comunicação para estarmos juntos. Outro detalhe importante é termos seis paroquias na Maré, incluindo Marcílio Dias, o que mostra a presença da igreja”, comentou o arcebispo.

Observatório de Favelas lança Curso de Extensão que apresenta a Favela como Patrimônio Cultural-arquitetônico do Rio de Janeiro

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Curso abordará experiências, formatos e estéticas  da relação entre cultura e arquitetura nas favelas do Rio de Janeiro.

Por Observatório de Favelas, 13/07/2021 às 07h

O Observatório de Favelas, em parceria com o Laboratório de Habitação LabHab_PROARQ_FAU_UFRJ e patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS lança o curso de extensão – Corpo Morada: Favela como Patrimônio da Cidade com inscrições abertas de 05 a 26 de julho. O curso, em formato remoto, acontecerá entre os meses de agosto e setembro. São 30 vagas disponíveis e emissão de certificado final via Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Corpo Morada: Favela como Patrimônio da Cidade busca reposicionar e ressignificar a favela como patrimônio cultural-arquitetônico do Rio de Janeiro, considerando sua morfologia e estética urbana orientadas para a convivência e para o enfrentamento das desigualdades sociais da cidade em um ano que o Rio será condecorado com o título de patrimônio da arquitetura. As favelas são territórios que expressam a diversidade, a riqueza e a pluralidade na (re)invenção de arquiteturas populares que devem ser consideradas como verdadeiros patrimônios culturais construtivos. Residências, bares, praças, igrejas, terreiros, ruas, becos, enquanto espaços construídos e edificados como morada popular traduzem valores de pertencimento, uso compartilhados de espaços, técnicas de sustentabilidade e estilos de vida legítimos na dinâmica urbana. 

O curso está estruturado em dois pilares –  1. Curso de formação de 40h, para 30 alunos; e 2. Pesquisa coletiva para construção de cartografia social de edificações representativas da cultura e da vida de moradores de favela. Serão selecionadas pessoas moradoras de favelas e periferias do Rio de Janeiro com perfil de ativistas, artistas e/ou pesquisadores com vinculação direta ao tema, seja por trajetória de vida ou profissional. Espera-se alcançar, sobretudo, estudantes e jovens em formação destes territórios com interesse nas áreas de conhecimento das humanidades (arquitetura, urbanismo, geografia, ciências sociais, história, dentre outras) ou atuantes em organizações sociais e coletivos locais.

Para o coordenador do eixo de Políticas Urbanas, Aruan Braga: “O curso de extensão ‘Corpo Morada: favela como patrimônio da cidade’ promoverá as favelas e os territórios populares do Rio de Janeiro como referências possíveis para a cidade. Reconhecer, valorizar e difundir saberes e experiências coletivas de vida na cidade em parceria com instituições acadêmicas de referência é uma estratégia histórica do Observatório de Favelas no enfrentamento das desigualdades sociais. Mais uma vez será realizada com este curso, que foi precedido também por uma oficina e uma exposição fotográfica. “

O curso contará com a presença de artistas, intelectuais e pesquisadores nos campos de Políticas Urbanas, dentre eles, nomes como: Aruan Braga, Thais Ayomide e Lino Teixeira (Observatório de Favelas) Henrique Silveira (Casa Fluminense), Luciana Figueiredo e Mauro Santos (FAU/UFRJ), Jorge Barbosa (UFF), Eliane Costa (Doutora em Políticas Culturais), João Brito (Doutor em Planejamento Urbano), Francisco Valdean (Fotógrafo Popular e Doutorando em arte UERJ), Tainá de Paula (Arquiteta e Vereadora do RJ), Pablo Benetti (Presidente CAU/RJ). Acesse a ementa completa do curso AQUI.

Para Luciana Figueiredo, professora de Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, que vai ministrar temas no curso de extensão: “É um curso fantástico, que propõe apresentar a favela como patrimônio cultural e arquitetônico da cidade, com conteúdo diversificado, envolvendo áreas de artes, arquitetura e urbanismo, ciências sociais, entre outras. Para isso, convidamos pessoas com vasta bagagem em suas áreas para participarem como professores do curso! A programação está sensacional!”

Sobre o Observatório de Favelas

Observatório de Favelas, criado em 2001, é uma organização da sociedade civil sediada no Conjunto de Favelas da Maré, mas com atuação nacional. Dedica-se à produção de conhecimento e metodologias visando incidir em políticas públicas sobre as favelas e promover o direito à cidade. Fundado por pesquisadores e profissionais oriundos de espaços populares, tem como missão construir experiências que contribuam para a superação das desigualdades e o fortalecimento da democracia a partir da afirmação das favelas e periferias como territórios de potências e direitos. Atualmente, tem em andamento projetos, divididos em cinco áreas: Arte e Território, Comunicação, Direito à Vida e Segurança Pública, Educação e Políticas Urbanas. Muitos em parcerias com universidades, organizações locais, nacionais e internacionais.

Sobre o Eixo de Políticas Urbanas

O Observatório de Favelas busca contribuir para a construção de cidades em que todas as pessoas possam viver com igualdade do ponto de vista da dignidade humana. Neste sentido, o eixo Politicas Urbanas se dedica à produção de diagnósticos e metodologias de intervenção que contribuam para a redução das desigualdades sociais a partir da vivência e dos saberes urbanos populares, em particular das favelas e periferias. A partir deste eixo, a instituição mobiliza e promove incidências políticas sobre os poderes públicos por meio da proposição de conceitos e implementação de tecnologias sociais de referência, apontando caminhos que fortaleçam a democracia, reduzam desigualdades estruturais e garantam o “Direito à cidade”.

Sobre a FAU

A Faculdade Nacional de Arquitetura e Urbanismo foi criada em 1945,  por meio do Decreto N. 7918, e funcionava na  Praia Vermelha. Em 1961, ela passa a fazer parte do Campus Fundão, em um edifício próprio, projetado pelo Arquiteto Jorge Machado Moreira, em 1957, exclusivamente para sediá-la. Ao longo dos anos a FAUUFRJ vem se aprimorando e sempre em busca de  um novo currículo, mais dinâmico, ágil e plural, que abarque as diversidades sociais e do campo de conhecimento, reconhecendo sua excelência em pesquisa e suas ações de extensão.

Sobre a Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS

Criada em 2013, a lei de incentivo à cultura da cidade do Rio de Janeiro é o maior mecanismo de incentivo municipal do país em volume de recursos. No ano de 2021, atualizamos os procedimentos para torná-la ainda mais democrática e mais simplificada. O Rio de Janeiro possui uma produção cultural diversa e que é decisiva para o seu desenvolvimento e para o bem-estar da população. Nossa lei, carinhosamente apelidada de Lei do ISS, é um de nossos mecanismos de fomento que buscam estimular o encontro da produção cultural com a população.

Serviço

Curso de Extensão “Corpo Morada: Favela como patrimônio da cidade”

Inscrições – 05 a 26 de julho. 

Resultado – 28 de julho

Início das aulas – 02 de agosto

Vagas: 30

Período da Oficina: Agosto e Setembro

Dia e horário das oficinas: Início dia 02 de agosto, sempre às Segundas-feiras de 14h até 18h.

Formato: Remoto

Link para as Inscrições: https://bityli.com/corpomorada-cursodeextensao

Realização: Observatório de Favelas 

Parceria: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ

Patrocínio: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS


Três atores mirins da Rocinha protagonizam audioguia para conduzir visitação no Museu Histórico da Cidade

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Projeto lúdico ‘Rio das Crianças, Tempo em Festa’ foi lançado no último domingo (11)

Por Redação, em 12/07/2021 às 10h

O Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro, na Gávea, comemorou 87 anos neste último domingo (11), com o lançamento do audioguia lúdico “Rio das Crianças, Tempo em Festa”, protagonizado pelos atores mirins Anna Júlia Costa Gomes (10 anos), Thiago Batista dos Santos (9 anos) e Valentina da Silva Oliveira (10 anos), moradores da Rocinha. Eles interpretam Lia, Léo e Maíra, que resolvem conhecer a mostra “Rio de Festas, a Cidade como Palco”, em cartaz no Casarão, brincando de esconde-esconde enquanto procuram pistas de uma antiga lenda sobre o nascimento de todas as festas. 

“A mudança já está acontecendo. Na reabertura do Museu da Cidade, anunciamos que a Cultura teria uma relação de proximidade com o território. Esta nova forma de ver a exposição e o curso de teatro gratuito para jovens do entorno são a prova de que já começou”, diz o secretário municipal de Cultura Marcus Faustini.

Anna Júlia, Thiago Batista dos Santos e Valentina da Silva fazem parte da Cia de Teatro Semearte, um projeto social sem fins lucrativos na Rocinha e que promove atividades culturais por meio da dança e do teatro. 

A proposta do audioguia é uma visita lúdica pela exposição por meio da literatura infantil, transformando o passeio em uma aventura particular que chega pelos ouvidos. A conversa dos três amigos traz para cada visitante uma imersão nas fotos antigas e nos objetos do passado. 

“O ‘Rio das Crianças, Tempo em Festa’ surgiu de uma experiência própria. Na minha infância, lembro de ir em exposições em que uma das atividades era essa interação por áudio com as obras”, conta a atriz, produtora e contadora de histórias Luciana Zule, que assina a idealização e direção artística da obra. O roteiro foi feito pelo documentarista de TV e cinema Délcio Teobaldo, que morreu em abril deste ano, depois de concluir o trabalho.

“Um recorte da visão das crianças, bem interativo, e que foca em gravuras,  em alguns casos com lentes de aumento. Nesse dia, além do audioguia, estaremos lançando ao público o programa educativo do Museu que iniciará em agosto com visitas mediadas e oficinas de arte educação”, comenta o coordenador do Museu da Cidade, Alexandre Valadão Rios.

Em uma rede social do projeto, o roteirista Délcio Teobaldo, compartilhou um post sobre seu processo criativo antes de falecer aos 67 anos, vítima de uma aneurisma.

”A beleza de toda festa é que ela não escolhe, nem discrimina o verdadeiro brincante. Foi pensando nesta liberdade de expressão que criei os personagens Maíra, Lia e Léo, que representam os três grandes complexos regionais brasileiros: o Centro-Sul, o Nordeste e a Amazônia. Léo é o Centro-Sul, das festas urbanas, basicamente do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Lia traz o Nordeste na estampa da saia e nas cores da Ciranda. Maíra é a Amazônia do Carimbó. Enfim, como crianças, elas eternizam em nós o prazer de festejar e de celebrar a vida sobre os chãos que nos alimentam e sob os céus que nos protegem.” 

Com apoio do Governo Federal e da Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Prêmio Fomento a Todas as Artes da Lei Aldir Blanc, o projeto foi criado especialmente para a mostra “Rio de Festas, a Cidade como Palco”, do Coletivo Baderna e da Graviola Produções, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (Lei do ISS), e que está, desde maio, no Pavilhão de Exposições Temporárias do Casarão. 

Para a visita interativa serão disponibilizados 40 fones de ouvido sem fio higienizados, sendo 20 por vez. Estreia neste domingo às 10h30 e depois, a partir de agosto, todas as quintas e sábados, das 10h às 16h, até outubro, com agendamento dos grupos pelo e-mail [email protected]. O audioguia também estará disponível no canal do YouTube do MHC para que outras pessoas possam acessá-lo e acompanhar a exposição.  

Confira no link a seguir o vídeo de apresentação do projeto: https://bit.ly/3i5zaor

Museu de portas abertas para o seu entorno

Desde a reabertura do Museu Histórico da Cidade, em maio, o diretor teatral Anderson Barnabé vem ministrando curso gratuito de teatro aos sábados para 15 pessoas de 16 a 40 anos, moradores da Vila Parque e Rocinha.

“Ocupamos o Palacete, o jardim e o pavilhão de exposições temporárias. No futuro, realizaremos visitas guiadas teatralizadas pelo museu”, ressalta Barnabé.

Exposições temporárias na casa de banhos

O Pavilhão de Exposições Temporárias do Casarão (antiga casa de banhos da propriedade) recebe, até maio do ano que vem, a mostra “Rio de Festas, a cidade como palco”, a partir da coleção do Museu Histórico da Cidade. Inaugurado em 2016, o imóvel de estilo colonial tem três andares e o Café Épico, com opções de lanche, cestas de piqueniques (nos fins de semana) e seis mesinhas com ombrelone ao ar livre.

O recorte da exposição é uma reflexão sobre o retorno às ruas pós-pandemia e o sentido das festas, por meio dos diversos eventos que a cidade do Rio abriga, dos carnavais às rodas de samba. Estarão expostas 17 peças do acervo (bustos e placas) e mais de 60 reproduções, incluindo textos do escritor, professor e historiador Luiz Antonio Simas. 

A coleção revela, através das festas, diferentes formas de viver e ver o mundo, ampliando a percepção da cidade e sua história, além de ressaltar a importância do festejo como ato fortalecedor de laços sociais.

No complexo também tem uma capela, aberta à visitação sábado e domingo.

Serviço

Museu Histórico da Cidade/Parque da Cidade: Estrada Santa Marinha s/nº, acesso pelo final da Rua Marquês de São Vicente, Gávea – (21) 3443-6341 / (21) 97532-4428. [email protected]

Qui a dom, das 9h às 16h, visitação de acordo com o protocolo estabelecido pela Prefeitura do Rio. Haverá monitores para tirar dúvidas e controle do número de visitantes por vez. Palacete: grupos de até 15 pessoas. Casarão: grupos de até 20 pessoas. Grátis.

A importância da Vacina

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Imunização em massa é a única forma de conter doenças

Maré de Notícias #126 – julho de 2021

Por Edu Carvalho

Não há quem não tenha um cartão de vacinação para chamar de seu. Seja a senhorinha mais idosa ou o recém-nascido ainda na maternidade, as trajetórias se encontram em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), os conhecidos postos de saúde. 

Imunizar-se é um hábito individual que preserva a vida e coletivo que protege toda uma nação. É do naturalista e médico franco-inglês Edward Jenner a descoberta da primeira vacina, em 1749. À época, uma das doenças mais temidas do planeta era a varíola, que matava cerca de 400 mil pessoas por ano. No Brasil, o médico e sanitarista Oswaldo Cruz se destacou por seu trabalho no Rio de Janeiro no combate à varíola que dizimava a população da cidade – muitos, porém, se recusaram a tomar a vacina. Houve muita tensão e medo, o que originou a chamada Revolta da Vacina, em 1904.

O sanitarista brasileiro dá nome a uma instituição, vizinha da nossa Maré: a Fundação Oswaldo Cruz (ou Fiocruz) que é uma das entidades mais renomadas e conhecidas mundialmente por seu trabalho de pesquisa e produção de remédios e vacinas por meio do seu Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos). Essa não é a única instituição produtora de imunizantes no país; outra organização também famosa é o Instituto Butantan, com sede em São Paulo. Quase desconhecida, completa o trio de produtores de vacinas a Fundação Ezequiel Dias, em Minas Gerais.

Quais são as vacinas que o Brasil aplica?

O Brasil disponibiliza gratuitamente, através do Programa Nacional de Imunizações (PNI), vacinas contra sarampo, tuberculose, tétano, difteria, coqueluche, hepatite B, meningite, febre amarela, tuberculose, rubéola, poliomielite e caxumba, entre outras. 

Desde o início de 2021, com a chegada das vacinas contra a covid-19, as bases do PNI foram usadas para dar início à imunização dos brasileiros. A distribuição das vacinas contra a covid-19 aos estados ocorre semanalmente, de acordo com as entregas dos laboratórios contratados.“O processo de distribuição das vacinas contra a covid-19 é como o de qualquer outro imunizante. O grande diferencial é que, nesse caso, distribuímos as doses de acordo com as entregas dos produtores e a necessidade de estados e municípios, dentro da lógica dos grupos prioritários, que possuem maior risco ou maior exposição ao vírus”, explicou o secretário de Vigilância Sanitária Arnaldo Medeiros, , responsável pelo programa dentro do Ministério da Saúde, ao Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS). 

O Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO) é o documento orientador desse processo. Nele, há a descrição das vacinas usadas no momento, orientações sobre a aplicação das doses e as estratégias para se atingir o público-alvo da campanha.

Até o momento, mais de 105 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 foram distribuídas pelo Ministério da Saúde para as 27 unidades federativas. São mais de 600 milhões de doses contratadas para garantir a imunização de mais de 160 milhões de pessoas maiores de 18 anos até o fim de 2021.

 O imunizante contra o coronavírus foi desenvolvido em apenas oito meses, usando técnicas já bem fundamentadas pela medicina ou empregando algumas das tecnologias usadas no combate ao câncer, e que estão sendo estudadas para serem aplicadas em vacinas contra o HIV e a dengue. 

Por que devo me vacinar?

Quem não se vacina arrisca tanto a própria saúde como a de familiares e pessoas em seu entorno, além de contribuir para aumentar a circulação de doenças e fazer ressurgir aquelas que já foram erradicadas, como a poliomielite. Por conta da recusa de grupos de pessoas em se vacinar, o sarampo voltou a circular, dois anos depois de ser considerado erradicado do país. 

Pessoas vacinadas impedem os vírus de se propagarem, protegendo aqueles que não podem ser imunizados, como bebês de até um ano, quem tem doenças como lúpus ou aqueles alérgicos a componentes das vacinas.

É importante acompanhar os calendários de vacinação disponibilizados pelo Ministério da Saúde através das secretarias estaduais e municipais. Quando for a sua vez, não deixe de se vacinar. Só assim será possível deter o avanço do novo coronavírus. 

Veja nos postos da Maré as vacinas disponíveis – Foto: Douglas Lopes

Conheça as vacinas do Programa Nacional de Imunização:

Crianças: https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2021/junho/09/calendario-de-vacinacao-2020_crianca.pdf
Adolescentes: https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2021/junho/09/calendario-de-vacinacao-2020_adolescente.pdf

E no site da Sociedade Brasileira de Imunizações você encontrará o calendário para todas as idades: https://sbim.org.br/calendarios-de-vacinacao

A triunfante derrota do Cristianismo

                                                                  “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Meu Reino não é deste mundo.” Jesus de Nazaré

Por Marcello Escorel em 10/07/21 às 14h

Os opositores de Jesus, tanto judeus quanto romanos, contavam que com sua execução seus seguidores se dispersariam e sua “seita” também morreria; mas, tempos depois, passado o trauma de presenciarem o suplício infamante do Nazareno no Calvário, seus discípulos mais próximos começaram a disseminar oralmente os ensinamentos do Mestre em pequenas comunidades de fiéis, cada uma com sua interpretação específica dos objetivos e significado da missão de Jesus.

Havia aqueles que acreditavam que Jesus, filho de José, era o Messias e que sua ressurreição corroborava as profecias de Isaías que vaticinavam a libertação de Israel e a ativação de sua vocação de nação sacerdotal cujo papel seria converter o mundo conhecido à adoração do Deus de Abraão. Esperavam a volta do Messias no final dos tempos que para os crentes era fato consumado e iminente.

Havia ainda outros, convertidos por Paulo, majoritariamente gentios, que professavam a crença de que Jesus era filho de Deus, concebido pelo Espírito Santo em Maria, sua mãe virginal, para abolir a Lei de Moisés e inaugurar uma nova dispensação fundada na fé e na caridade.

E por fim aqueles que, imbuídos do desejo de entender o fundo comum de todas as religiões, buscavam estimular o sincretismo do nascente cristianismo com as diversas correntes filosóficas e demais cultos da época. Esses eram chamados de “gnósticos”.

Sendo assim, vários “evangelhos” foram escritos levando em conta que as pessoas têm diferentes capacidades, temperamentos e necessidades espirituais distintas. Pluralismo que a meu ver é bem sadio e estimulante.

Este panorama de diversidade continuou por muito tempo com cada corrente ou seita reivindicando como verdade sua própria concepção interpretativa. Conviviam pacificamente e no máximo repudiavam-se entre si com admoestações para não se misturarem uns aos outros. 

Até que no declínio do Império Romano uma batalha entre dois postulantes ao trono selou o destino do cristianismo produzindo o que chamei de triunfante derrota. A batalha da ponte Mílvia entre os exércitos de Magêncio e Constantino.

Eusébio, bispo de Cesareia, uma raposa política, conta a seguinte duvidosa lenda: segundo seu biografado, Constantino, durante os preparativos para o confronto final uma cruz brilhante teria sido avistada no céu juntamente com as palavras “In Hoc Signo Vince” (Com este signo vencerás); e num sonho, na noite seguinte, o próprio Jesus aparecerá incitando-o a adotar o símbolo da cruz como seu estandarte pessoal.

Pessoalmente acho muito difícil que o Redentor tenha visitado o cruel Constantino ainda que em sonhos. Primeiro porque o próprio Mestre afirmou que “seu Reino não era deste mundo” e, por fim, pela lei espiritual das afinidades seria praticamente impossível que o “Príncipe da Paz” favorecesse alguém que pouco tempo depois assassinaria a própria esposa e o filho.

A meu ver neste relato está o dedo senão a mão inteira, ou as duas, do bispo Eusébio. Foi a primeira vez que conspurcaram o símbolo da cruz cristã usando-a numa aventura militar. (As Cruzadas ainda estavam num futuro longínquo.) Mas o resultado histórico, independente da realidade da lenda, foi a vitória de Constantino, doravante chamado o Grande.

Uma das primeiras ações do novo imperador foi imiscuir-se nas questões religiosas (Eusébio mais uma vez orientando das sombras) condenando duas concepções cristãs como heresias. A primeira foi a dos donatistas que acreditavam que os sacramentos da Igreja só teriam eficácia dependendo do estado espiritual do sacerdote. Trocando em miúdos, se um padre fosse um crápula os sacramentos seriam inócuos. Constantino, condenando os donatistas, abriu a porteira para os maus sacerdotes e numa expressão muito moderna “deixou passar a boiada”. A segunda crença condenada como heresia foi a dos seguidores de Ário que negavam a divindade de Jesus. Mas Constantino foi ainda além. Em 325 convocou o Concílio de Nicéia que, pasmem, ele mesmo presidiu. Após seu discurso inicial sobre a necessidade de unidade, os mais de trezentos bispos presentes colocaram uma pá de cal sobre o pluralismo com a confecção do “Credo” que até hoje faz parte da liturgia da missa católica.

Diz Joseph Campbell em seu livro “As Máscaras de Deus – Mitologia Ocidental”: “A religião de Cristo tornou-se com Constantino a serva da política e a autoridade para a manutenção de uma certa ordem social … a religião do Redentor sofreu durante toda a história a degradação de sua identificação com a política.”

Com o suporte de César o cristianismo torna-se por decreto um só e tem o mesmo status concedido às religiões pagãs do Império. Mas a pegada de autoritarismo não para com a morte de Constantino. Meio século mais tarde, Teodósio, o novo imperador, decreta que a religião da cruz é a única religião permitida, com penas que vão da morte por execução até o confisco de bens e propriedades para todo aquele que ousar confessar outra fé.

Em todo Império fanáticos religiosos atacam, com a complacência do poder central, os templos da Antiguidade, destruindo obras de arte, massacrando fiéis e sacerdotes, numa onda de terror comparável à perseguição sistemática de judeus na Idade Média. Estava plantada a semente para a criação, tempos mais tarde, do Tribunal do Santo Ofício, a famigerada Inquisição, responsável por um genocídio sem precedentes em nome da salvação das almas.

Citando o historiador Edward Gibbon: “A ruína da religião pagã é descrita pelos sofistas (filósofos) como um terrível e espantoso prodígio, que cobriu de trevas a terra e restaurou o antigo domínio do caos e da noite. Eles relatam que os templos foram transformados em sepulcros e que os lugares sagrados … foram aviltantemente profanados pelas relíquias de mártires cristãos. ‘Os monges’ (uma raça de animais imundos, a quem o sofista Eunápio recusa-se a chamar de homens) ‘são os autores do novo culto que, em lugar das divindades concebidas pelo entendimento, puseram … cabeças, salgadas e conservadas em salmoura, de infames malfeitores que por sua infinidade de crimes sofreram uma morte justa e ignominiosa…’

“A experiência satisfatória (Gibbon conclui) de que as relíquias dos santos eram mais valiosas do que o ouro e as pedras preciosas, estimulou o clérigo a multiplicar os tesouros da Igreja. Sem muita consideração pela verdade … eles inventaram nomes para os esqueletos e ações para os nomes. … Ao inventário honroso de mártires genuínos e primitivos, eles acrescentaram miríades de heróis imaginários que jamais tinham existido, a não ser na fantasia dos astutos ou crédulos. E há razão de se suspeitar que Tour não foi a única diocese onde os ossos de um malfeitor foram adorados em lugar dos ossos de um santo.”

Essa sombra cristã ainda recai poderosamente sobre nós até hoje. A reconhecemos no fanático cristão que invade igrejas para destruir imagens e depreda as casas de santo das religiões afro-brasileiras. Não são filhos de Jesus, são filhos de Constantino e Teodósio e, como seus pais, infamam a memória daquele que em vida foi todo amor. Rezemos para que, no futuro, a luz de Jesus possa afastar de nós, definitivamente, as trevas da intolerância.


Marcello Escorel é ator e diretor de teatro há mais de 40 anos. Paralelamente a sua carreira artística estuda de maneira autodidata, desde a adolescência, mitologia, história das religiões e a psicologia analítica de Carl Gustav Jung