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Escola que formou 60 mulheres trans em favelas do Brasil realiza Seminário Nacional

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Evento realizado pelo Grupo Conexão G recebe a deputada estadual Renata Souza, a vereadora Benny Briolly e outras autoridades políticas no Centro de Artes da Maré

O Seminário Nacional da Escola de Formação Crítica Majorie Marchi começa hoje (19), no Centro de Artes da Maré, a partir das 16h30. O evento conta com duas mesas que pensam novos caminhos para o futuro e o fortalecimento de alianças.

A iniciativa é fruto de parcerias do Conexão G, uma organização com objetivo de minimizar preconceitos vividos pelas pessoas LGBTQIA+ nas favelas, e o resultado é a formação de 60 mulheres trans e travestis oriundas de favelas do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife. Além das mesas de conversa, também terão apresentações artísticas com a Drag Desiree e a performance teatral “Em Nome de Deise”.

afirma a organização

Entre as presenças confirmadas estão a deputada estadual mareense Renata Souza (PSOL), a vereadora Benny Briolly (PSOL) e o superintendente do programa Rio Sem LGBTfobia, Ernani Alexandre. O evento também terá microfone aberto para participação das pessoas presentes participarem do debate.

Para participar do seminário é necessário se inscrever. O Centro de Artes da Maré fica localizado na Rua Bittencourt Sampaio, nº 181.

Majorie Marchi, que nomeia a escola de formação crítica, foi uma travesti negra ativista, e uma das primeiras lideranças  do movimento LGBTQIA+ do Rio de Janeiro.

Atenção morador: manutenção na rede elétrica da Nova Holanda

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Ação da Light interrompe fornecimento de energia até 12h

A Light realiza, nesta terça-feira (19), serviços de manutenção na rede elétrica da comunidade Nova Holanda. Em consequência, o fornecimento da rede elétrica ficará interrompido de 9h às 12h em algumas ruas da comunidade. Segundo informações da Associação de Moradores da Nova Holanda, são elas:

  • Beco Santa Rita 
  • Rua Aimoré
  • Rua do Canal
  • Rua João Severino
  • Rua Jorge Luiz
  • Rua Leonardo Moreno
  • Rua dos Lírios 
  • Rua das Maravilhas 
  • Rua Marcelo Machado
  • Rua Otaviano Francisco
  • Rua Principal 
  • Rua 15 de Janeiro
  • Rua do Progresso
  • Rua das Rosas
  • Rua São Jerônimo 
  • Rua Sofia Azevedo 
  • Rua Santa Rita 
  • Rua 25 de Dezembro

DJ da Maré ganha Disco de Platina

Com mais de 40 milhões de streams em ‘Sarra nos Menor’, DJ Renan Valle conquista prêmio

Por Affonso Dalua

O funk carioca, com suas batidas envolventes e letras que retratam a realidade das favelas, é muito mais do que apenas um gênero musical. Para os mareenses, o funk representa uma cultura vibrante de festa, resistência e uma fonte de renda para muitos moradores que trabalham. Recentemente, DJ Renan Valle, morador da favela Nova Holanda, uma das 16 favelas da Maré, conquistou o disco de platina com a música “Sarra nos Menor”, mostrando que os artistas favelados são potência e podem competir no mercado musical.

A trajetória do DJ Renan Valle no funk começou aos 13 anos, produzindo músicas que logo explodiram nas favelas. Hoje, aos 29 anos, ele acumula mais de 16 hits ao redor do mundo e alcançou a marca de 100 milhões de streams em sua carreira. Renan Valle é um exemplo de como o funk pode proporcionar oportunidades de sucesso mesmo em meio a falta de investimentos públicos na cultura nos territórios de favelas e periferias.

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Apesar do sucesso, Renan conta que nem sempre viu seu talento como meio de trabalho “Bom, eu nunca pensei que isso ia dar certo, sabe? Eu comecei me divertindo porque pra mim era uma brincadeira. E por ser uma brincadeira, que eu achava que era produzir, fazer música, funk, que eu sentia a batida, né? Eu me divertia, eu fazia música pra mim e eu me imaginava no baile, mano. Sabe?”, relembra.

Para Renan Valle, o funk é essencial para as favelas, pois além de ser uma forma de entretenimento e distração para os moradores, também representa uma oportunidade de empreendedorismo  “O funk é importante para o comércio, quando tem seus bailes, salões de beleza, lanchonetes e restaurantes ficam lotados”, afirma o DJ.

A conquista do disco de platina por DJ Renan Valle é mais do que um marco pessoal, é um símbolo de resistência e luta contra a marginalização do funk. Renan acredita que é importante que artistas das favelas alcancem espaços e reconhecimento, como o disco de platina, para mostrar que são capazes de competir no mercado e que suas vozes merecem ser ouvidas e valorizadas.

Por isso, o DJ afirma que entre seus projetos futuros está a de passar o conhecimento que adquiriu para outros artistas independente de favela como MCs, DJs e produtores musicais do funk “Quero ensinar para eles sobre direitos autorais, dar uma aula também sobre história da periferia, de construção, de como tudo aconteceu, e de referências negras, né? Porque tudo isso foi tirado da gente. E como é que alguns jovens da favela vai querer ser um escritor? Se os escritores e referências foram apagadas e embranquecidas? Então, eu tô querendo resgatar isso, esse é o meu projeto.”

A trajetória do DJ até o disco de platina é inspiração para os jovens das favelas, ao mostrar que é possível alcançar sucesso e a realização pessoal através da música. O funk, além de ser um ritmo contagiante, é também uma ferramenta de incidência política, empoderamento e transformação social, lutando contra a criminalização e os estereótipos que ainda cercam esse movimento cultural tão importante para as favelas do Rio de Janeiro.

Como faz para ganhar o Disco de Platina?

Os artistas recebem discos de ouro, platina e diamante com base no desempenho das suas músicas ou álbuns. Isso quer dizer que é necessário ter uma boa aceitação do público para que o artista conquiste a premiação. 

Diferente das premiações musicais, onde um grupo de críticos especializados determina os vencedores, nos casos dos discos de ouro, platina e diamante o reconhecimento está diretamente ligado ao público em geral. Para cada categoria de disco é necessário atingir um número mínimo que confirme o sucesso alcançado.

Para receber disco de platina, o artista precisa alcançar, no mínimo, 40 milhões de streams* — 20 milhões a mais do que o de ouro —. Feito esse, conquistado por DJ Renan Valle. São contabilizados os números das plataformas de áudio, como Spotify, Deezer e Apple Music, por exemplo, assim como as visualizações em vídeo, como o YouTube.

*Neste contexto, significa o número de vezes que a música foi reproduzida.

Dengue causa alerta sobre a importância de manter a vacinação em dia

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As vacinas salvam vidas de crianças e adultos

Andrezza Paulo, Michel Silva e Teresa Santos

Maré de Notícias #158 – Março de 2024.

Desde o início de 2024, já foram registrados mais de 500 mil casos prováveis de dengue no Brasil, de acordo com o painel de monitoramento de arboviroses do Ministério da Saúde. A cidade do Rio de Janeiro, por sua vez, soma mais de 23 mil casos da doença, segundo dados do Observatório Epidemiológico da Cidade do Rio de Janeiro (EpiRio). O total de casos computados entre janeiro e fevereiro de 2024 já ultrapassou o registrado em todo o ano de 2023. O conjunto de favelas da Maré já registrava, até meados de fevereiro, 178 casos. 

Um deles foi André Luiz dos Santos, de 53 anos. O morador relata que diante dos sintomas, resolveu procurar a Clínica da Família e já suspeitava que fosse a doença. “Tive febre, dor no corpo, diarreia, cansaço e muita dor de cabeça. Ainda tô sentindo os sintomas e essa semana estou sentindo muita dor no lado direito do abdômen”, conta. André Luiz é motorista autônomo e diz que a doença mexeu com a sua rotina: “Impactou muito meu trabalho e acho que pode ter afetado outra área do corpo, como o meu fígado”. 

Nova aliada

Diante deste cenário preocupante, a boa notícia é que, agora, temos uma aliada importante: a vacina contra a dengue. Ela se junta aos mais de 30 imunizantes oferecidos de forma gratuita pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) no Sistema Único de Saúde (SUS).

A vacina da dengue, conhecida como Qdenga, será aplicada primeiro nas crianças de 10 a 11 anos, avançando a faixa etária progressivamente (por enquanto, até 14 anos), assim que novos lotes forem entregues pelo laboratório fabricante. 

Nem sempre é fácil lembrar de manter a caderneta de vacina em dia. Mas agora é possível acompanhar e manter as doses atualizadas através do calendário digital de vacinação, onde qualquer pessoa pode checar e pesquisar todas as doses atualmente disponíveis no PNI. A plataforma digital ainda oferece informações sobre doenças que podem ser prevenidas, público-alvo, faixa etária e, dentro de cada público, os imunizantes recomendados. A iniciativa é do Movimento Nacional pela Vacinação, lançado em fevereiro de 2023 pelo Governo Federal, a fim de retomar as altas coberturas vacinais no país.

Outra novidade é a vacina contra Covid-19 que, em 2024, também passa a fazer parte do calendário anual de vacinação para grupos prioritários (crianças de 6 meses a menores de 5 anos, idosos, imunocomprometidos, gestantes e puérperas, bem como demais pessoas em maior risco de desenvolver formas graves da doença).

José Fernando Verani é pesquisador do departamento de Epidemiologia da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP-Fiocruz). Ele explica que não existe nenhuma outra intervenção que tenha um impacto tão grande na saúde pública quanto à vacinação. 

“Hoje nós temos recursos, que são as vacinas, aprovadas e já disponíveis no SUS para combater uma série de infecções, principalmente virais e bacterianas, e até mesmo em algumas doenças crônicas. A vacina contra o HPV, por exemplo, teve um impacto tremendo sobre a ocorrência e a prevalência de câncer de colo de útero”, destaca.

Caderneta em dia

Desde 2016, os índices de cobertura vacinais no Brasil enfrentam queda. Porém, em 2023, o governo conseguiu reverter a tendencia e oito imunizantes do calendário infantil registraram alta.

Para o pesquisador da ENSP-Fiocruz, é necessária atenção especial às vacinas contra poliomielite e contra o sarampo em todo o Brasil. Segundo ele, é importante manter altas coberturas vacinais, ou seja, vacinar 95% ou mais do público-alvo para evitar que esses vírus voltem a circular no país. 

Vale lembrar que, no caso da poliomielite, a vacina VIP, que é injetável, deve ser administrada aos dois, quatro e seis meses de idade. E a VOPb, que é um reforço via oral, aos 15 meses e aos quatro anos. Com relação ao sarampo, a proteção vem a partir da vacina tríplice viral, que também protege contra caxumba e rubéola, e da tetra viral, que protege contra essas três doenças e mais a varicela (catapora). 

A tríplice viral está disponível para pessoas de 12 meses a 59 anos de idade, sendo recomendadas duas doses até 29 anos e uma dose de 30 a 50 anos, em pessoas não vacinadas. Quanto à tetra viral, a recomendação é uma  dose aos 15 meses de idade em crianças que receberam a primeira dose da tríplice viral.

Alerta para adultos

José Fernando ressalta que: “é importante mantermos as cadernetas de vacinação em dia das crianças, mas não só delas. Hoje, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) tem como clientela crianças, mas também adolescentes, adultos e idosos. Temos praticamente a população inteira, em termos de grupos de idade, como alvo do PNI”.

Segundo dados do EpiRio, foram aplicadas quase 7 milhões de vacinas em crianças no município do Rio, em 2023. No entanto, a cidade só atingiu a meta de cobertura vacinal em menores de dois anos com a vacina BCG (que protege contra formas graves da tuberculose). Todos os outros imunizantes ficaram abaixo dos índices considerados ideais. 

O cenário, entretanto, foi diferente na Área de Planejamento 3.1, na qual a Maré está inserida. Por aqui, o número de crianças menores de dois anos vacinadas superou a meta para as vacinas BCG, Rotavírus, pentavalente (que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite por Haemophilus influenzae tipo B – Hib) e poliomielite. 

Além disso, os índices de cobertura vacinal ficaram acima de 90% e próximos do ideal (95%) para as vacinas contra hepatite A, meningocócica C e pneumocócica 10. Já as vacinas da febre amarela e da tríplice viral (2ª dose) foram as que ficaram mais distantes da meta em 2023 na Área de Planejamento 3.1, com taxas de vacinação de 68,10% e 75,8%, respectivamente.

A situação ainda é desafiadora para outros grupos etários, além das crianças. Em 2023, a campanha de vacinação contra a gripe no município do Rio de Janeiro, por exemplo, só vacinou 53% dos idosos, bem longe da meta de 90%. E, na região da Maré e adjacências, os índices também ficaram aquém do desejado, com apenas 60% dos idosos vacinados.

Para acessar o Calendário Digital de Vacinaçao acesse www.gov.br/saude ou o QRcode abaixo:

Vila dos Pinheiros: quatro décadas de evolução

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Favela com nome de árvore se mantém firme em suas raízes

Maré de Notícias #158 – Março de 2024.

A árvore pinheiro-brasileiro chega a viver em média 700 anos, então, a favela de 41 anos que leva o nome da planta ainda é uma criança. A Vila dos Pinheiros foi inaugurada em 1983, dentro da segunda fase do Projeto Rio, que tinha o propósito de reassentar antigos moradores das palafitas das favelas da Baixa do Sapateiro, Parque Maré, Nova Holanda e Parque União. A favela é conhecida pelos moradores simplesmente como Pinheiro e nasceu fruto do aterramento dos manguezais da Baía de Guanabara que ligavam a Ilha do Pinheiro ao continente. 

O local também era conhecido como Ilha dos Macacos, por ser área de testes com os animais da Fundação Oswaldo Cruz. Hoje, o espaço também conhecido pelos moradores como Mata, tem o nome de Parque Municipal Ecológico Cadu Barcellos, ilustre morador, morto em 2020.

A penúltima fase de construção de casas na favela Vila dos Pinheiro aconteceu em uma área atrás da associação de moradores, passando a ser chamada com  um novo nome: Vila Pasqualini, em homenagem a um escritor. A parte final da favela foi construída em 2004, atrás do Ciep Ministro Gustavo Capanema, que recebeu moradores remanescentes de enchentes. Essas casas são conhecidas popularmente como Marrocos. 

Parte das casas originais foram derrubadas no início dos anos 1990 devido a um afundamento. Depois da construção da Linha Vermelha, após utilização de bate-estacas, o território foi estabilizado e os moradores reconstruíram as casas no terreno vazio. Um desses moradores é Valdecir Severino Silva, de 57 anos. Ele conta que veio de uma casa nas palafitas do Parque União, onde vivia com a mãe, para a Vila dos Pinheiros, no dia 15 de dezembro de 1983.

Valdecir  não acreditava na remoção, e lembra de um samba do bloco Boca da Ilha, do compositor Pelé: “disseram que a favela vai sair, isso é boato que surge por aqui…” Um diferencial da nova favela era a ausência de muros, onde moradores cortavam caminho pelos terrenos. 

“As paredes das casas eram chapiscadas e pintadas por cima, todas parecidas e, no início, quando voltava do trabalho acabava demorando a achar minha residência. As famílias grandes receberam casas duplex, mas quem ficou com uma casinha tinha um terreno grande. Vim no carro de mudança zoando… era uma novidade, me senti rico. Mesmo assim tinha gente que vendia a casa por uma merreca para voltar de onde tinha saído”, conta.

Uma das grandes dificuldades dos moradores era a ausência de comércios. “Tinha que fazer as compras no Supermercado Merci, em Bonsucesso. Para as obras, foram surgindo as primeiras casas de construções, com os donos Zé Gordo, Sidney, Meire e Mineiro, esse último no ramo até hoje. O pão era vendido por seu Djalma que vinha com balaio na bicicleta  tocando a sua buzina. A primeira padaria da Vila dos Pinheiros foi instalada na Via C4, a padaria do seu Jorge. Não tinha escola, então, as crianças e adolescentes estudavam com bolsa no Gama e Souza. Aqui foi evoluindo com o tempo”. 

Valdecir tem saudades do início da favela e recorda da inauguração do parque ecológico: “Era tudo bonito, com grama, acho que nunca vai ficar como naquela época. No passado, as ruas eram mais largas, depois vieram os puxadinhos”. 

Ele destaca a vantagem do lugar por ter ônibus para todos os lugares. “É um lugar valorizado. Se hoje fossem aterrar esse lugar, não fariam casas para nós e sim um condomínio para bacanas. Mesmo que um dia eu fique rico, vou continuar no Pinheiro”, garante.

‘Que a gente continue sendo o sonho dela’, diz filha de Marielle em festival 14M

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‘Festival Justiça por Marielle e Anderson’ reuniu diversos artistas em uma homenagem cultural na Praça Mauá

Por Hélio Euclides e Lucas Feitoza

Nesta quinta-feira (14) uma programação marcando os seis anos do assassinato da vereadora Marielle Franco, e seu motorista, Anderson Gomes foi realizada no  Centro do Rio de Janeiro. Os eventos foram organizados pelo Instituto Marielle Franco para pedir justiça pelo caso, mas também para a manutenção da memória e legado da parlamentar.

Uma missa na Igreja Nossa Senhora do Parto marcou a abertura seguida por uma marcha pelas ruas do centro e durante a noite o Festival Justiça por Marielle e Anderson encerrou a programação com shows de diversos artistas.

Às 12h, foi realizado o Ato por Justiça, que reuniu centenas de pessoas. A saída ocorreu na estátua de Marielle, no Buraco do Lume, uma praça pública em que Marielle costumava fazer discursos e prestava conta das suas atividades políticas. O ato foi encerrado na Cinelândia, em frente ao Palácio Pedro Ernesto, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, onde se encontra uma placa de rua com o nome da vereadora mareense. 

“São seis anos sem respostas. Sinto um misto de agonia, medo e tristeza. Esses são os mesmos sentimentos de uma mãe de jovem que é morto na favela quando vê os executores sendo libertados. Estamos todos numa situação sem resposta”, reclama Renan Nascimento, do Coletivo Cria.

O crime

A vereadora Marielle Franco e o motorista  Anderson Gomes foram mortos na noite de 14 de março de 2018. Ambos saíram de uma roda de conversa no Instituto Casa das Pretas, momento em que foram perseguidos por criminosos até o bairro do Estácio, quando o carro foi alvejado por treze tiros. Após seis anos do crime ninguém foi condenado. 

“Estamos na luta por justiça não só pelo caso da Marielle e Anderson, mas pelos que foram vitimados por agentes do Estado. São seis anos que nos perguntamos o porquê? Queremos justiça total, saber quem mandou executar e também uma reparação do Estado para a família. Isso vai servir de exemplo para que outras famílias, favelas e pretas não sofram com vidas interrompidas”, expõe a advogada Brisa Lima, do Instituto Marielle Franco. 

Luta e festa

A noite o festival Justiça Por Marielle e Anderson celebrou o legado deixado por Marielle. Com uma programação para todos os gostos com gêneros musicais que passaram do jazz, pop, samba e funk e mais, artistas mareenses foram bem representados com o grupo Dance Maré liderado pelo digital influencer Raphael Vicente, além da Drag Queen Preta Queen B Ru, Evy e Kaê Guajajara.

Durante momento de fala no festival, Anielle Franco, Ministra de Igualdade Racial e irmã de Marielle destacou: “As sementes não serão caladas ou interrompidas”, ressaltando ainda que sua irmã era um símbolo de alegria e que esse é o motivo de realizar o festival, além do clamor por justiça.

“Enquanto tiver sangue correndo na veia a gente vai levantar e seguir fazendo, a gente não quer ver nenhum outro corpo tombado em lugar nenhum. É por isso que a gente tá aqui hoje.”, concluiu Anielle. 

Luyara Franco, filha de Marielle, destaca a importância da arte como ferramenta para mobilizar a sociedade: “A gente faz o festival para celebrar o legado da minha mãe e honrar a memória dela, usando a arte como uma forma de política para conseguir juntar a juventude e ecoar o grito por justiça.”

O evento também estendeu o clamor por justiça das Mães de Maio. Ana Paula Oliveira, mãe de Johnatha Oliveira, assassinado por um PM em Manguinhos em 2014, destacou a atuação da vereadora. 

“Isso aqui é legado da luta de Marielle, da força dela, que sempre lutou contra as injustiças, pelas pessoas das favelas, que a todo momento tentam deixar invisíveis na sociedade!”.

Há seis anos que o grito de resistência ecoado por movimentos sociais “Marielle e Anderson presente, hoje e sempre” é um marco que mantém viva a memória da parlamentar e do motorista. Durante o evento, essa mensagem reverberou entre os artistas que passaram pelo palco e mostraram seu talento nas diversas manifestações artísticas. O público, entusiasmado, respondia com energia e punhos cerrados. A cantora Urias encerrou a noite de apresentação.