O Maré de Notícias veio pra ficar. E disso mais ninguém duvida
O
17 de janeiro de 2009 foi um dia triste para a cidade. A primeira página de O Globo informava que um incêndio
destruíra o Mercadão de Madureira. Nesse mesmo dia, a alguns quilômetros dali,
era lançado o Jornal Maré de Notícias, começando assim uma história de
cumplicidade e lutas conjuntas entre o veículo comunitário e a comunidade. De lá
pra cá, muita coisa mudou – o comprometimento com os “mareenses” e com os
fundamentos do bom jornalismo comunitário, não. E, assim, chegamos ao número
100.
Cabe
esclarecer que poucos são os jornais de bairro que conseguem esta marca – mesmo
com empenho, trabalho e esforço. Mas o Maré de Notícias tem um diferencial e
tanto: o suporte de uma entidade ativa e respeitada, a Redes de Maré. Detalhe
importante: o Maré de Notícias não é um “boletim” da entidade, e nunca se
propôs a ser, mas um veículo a serviço da população. E isso está no seu projeto
editorial.
A equipe – amor pelo veículo e
pelo território
Em 24 anos de jornalismo, o Maré de Notícias foi a primeira experiência de edição num jornal impresso de Dani Moura, que hoje é Coordenadora de Comunicação da Redes da Maré. “Além do ineditismo da edição de um impresso, o jornal era comunitário. Uau! Um baita desafio! Mas nunca irei me esquecer. Ali começou meu caso de amor com a Maré.”
O
repórter Hélio Euclides, morador da
Maré, é um dos fundadores do Jornal. Conhece o território e seus habitantes
como ninguém. “Minha primeira matéria no Maré de Notícias foi sobre dois
atletas da Maré. Muito bom saber como eles estão hoje, Vinícius Souza, que
naquela época dava os primeiros passos na natação, hoje é dono de alguns
títulos. E Priscila Xavier, faixa marrom de caratê, que falava da outra paixão,
o jornalismo, hoje, atua como jornalista, e já abrilhantou as páginas do Maré
de Notícias”.
Filipe
Mendonça é o encarregado de dar forma ao nosso Jornal e se encantou, desde
o início, com o desafio de fazer um produto popular e moderno visualmente, “Trabalhamos
dia e noite, finais de semana e feriados para que a leitura do texto seja clara
e objetiva, que contenha elementos que prestem serviço e conversem com todos os
moradores da Maré”.
“A Maré é o meu lugar” diz orgulhosa Jéssica Pires, que escreve e fotografa.
A jornalista não teve dúvidas em trocar de emprego, ao ser selecionada para
trabalhar no Maré de Notícias. “Contamos histórias de
afirmação, positivas e que não se esgotam na Maré. Cobramos e prestamos
serviços sabendo da importância que isso tem para os mais de 130 mil moradores
dessas favelas”.
Outra integrante da equipe é Camille Ramos, uma apaixonada por jornalismo comunitário. “A gente se divide pra dar conta das muitas funções que temos, respeitamos compromissos e particularidades, e nos apoiamos para encontrar o nosso melhor”.
O fotógrafo Douglas Lopes
é outro “mareense” na equipe. “Ser morador da Maré e fotografar, documentar,
registrar o cotidiano deste território, suas paisagens, pessoas e suas
particularidades me fascina e me reconstrói a cada dia”.
E vem das Minas Gerais a nossa revisora, Elizete Munhoz, com sua leitura atenta e rigorosa das matérias do
Jornal, conosco há mais de 2 anos, e que, embora não viva aqui, traz a Maré no
coração, como é próprio dos mineiros.
Eliane Salles é a editora-chefe do Maré de Notícias. Com mais de 25 anos de experiência, poucas vezes viu um jornal da dita imprensa alternativa seguir tão rigorosamente os critérios de noticiabilidade, periodicidade e compromisso com sua função social e com o leitor. E isso, obviamente a encantou. “Editar o Maré de Notícias é como tudo na Maré: simples e complexo ao mesmo tempo”.
Á frente desse time de craques, está o diretor da Redes da Maré, o filósofo Alberto Aleixo, que acompanha o Eixo de Arte e Cultura e, há dois anos, o Setor de Comunicação. Neste período, ele tem sido responsável por conduzir a equipe no direcionamento editorial e ético. Sob sua batuta, chegamos à 100ª edição. Que venham outras 100!