Home Blog Page 462

Sinal positivo ao sistema de cotas

0

O reconhecimento de Maia à efetividade da política de cotas foi sinal relevante e alentador

Por: Flávia Oliveira – Ao Jornal O Globo

http://oglobo.globo.com/opiniao/sinal-positivo-ao-sistema-de-cotas-23558663

A semana absolutamente caótica na política e na economia eclipsou um capítulo relevante da política de ações afirmativas no Brasil. Num intervalo da queda de braço que travou com Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recebeu parlamentares e representantes do movimento negro para ouvir sobre os impactos das reformas na população afro-brasileira. O ponto central do encontro foi o projeto de lei da deputada Dayane Pimentel (PSL-BA) para revogar a Lei 12.711, conhecida como Lei das Cotas. Promulgada em 2012, a legislação instituiu nas universidades públicas federais a reserva de 50% das vagas para estudantes que tenham cursado o ensino médio em escolas públicas; metade deve ser destinada a pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência.

Representantes de Uneafro Brasil, Movimento Negro Unificado, Geledés, Unegro, Ceert, Marcha de Mulheres Negras e Educafro, entre outras entidades, receberam na reunião a garantia de que a revogação da lei não será examinada. “No passado, sempre defendi as cotas pelos cortes socioeconômicos, mas foi vitoriosa no Brasil nos últimos anos a cota racial, que deu resultados positivos. E eu não acho que é a hora de a gente fazer uma inversão nesse encaminhamento”, disse o presidente da Câmara. Também participaram as deputadas Benedita da Silva (PT-RJ), Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Áurea Carolina (PSOL-MG) e o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

O reconhecimento de Rodrigo Maia à efetividade da política de cotas foi sinal tão relevante quanto alentador. Foi o DEM, partido do deputado, que arguiu a constitucionalidade do sistema no Supremo Tribunal Federal, em 2009. Três anos depois, os ministros validaram a reserva de vagas por dez votos a zero. Mais tarde, aprovaram o sistema também nos concursos para servidores civis e militares.

No Brasil, 55% dos habitantes se autodeclaram pretos ou pardos. O grupo é também maioria nos indicadores socioeconômicos precários (desemprego, analfabetismo, baixa renda, informalidade, escassez de serviços básicos), mas quase invisível nos espaços de poder. Nos três primeiros anos da lei federal de cotas, 150 mil estudantes negros ingressaram em universidades públicas, segundo a antiga Secretaria de Políticas de Igualdade Racial. No último censo do ensino superior (2016) do Ministério da Educação, mais de 2,4 milhões de negros e indígenas estavam matriculados, 30% dos universitários. Em dois anos, a proporção aumentou oito pontos percentuais. Os critérios de reserva de vagas certamente contribuíram para o resultado.

“A política de cotas raciais é uma conquista que não permitiremos perder. É responsabilidade não só do movimento negro, mas de toda a sociedade, defender umas das políticas mais efetivas e eficazes, no sentido de diminuir desigualdades sociais, que o pais já experimentou”, disse o historiador Douglas Belchior, representante do Uneafro na reunião.

O Rio de Janeiro foi pioneiro no sistema de cotas raciais, implementado no vestibular 2003 da Uerj e da Universidade do Norte Fluminense (Uenf). Em 2008, entrou em vigor a lei que instituiu 20% das vagas para alunos da rede pública, 20% para negros ou indígenas, 5% para pessoas com deficiência e filhos de policiais, bombeiros ou inspetores de segurança mortos ou incapacitados. No ano passado, o então governador Luiz Fernando Pezão encaminhou à Assembleia Legislativa projeto de lei recomendando a renovação.

A proposta tomou por base uma avaliação da Procuradoria Geral do Estado (PGE). O documento mostrou que a proporção de estudantes negros na Uerj saiu de 7% em 2007 para 13% em 2016; na Uenf, estabilizou-se em 21%; na Universidade da Zona Oeste (Uezo), 33%. O coeficiente de rendimento dos cotistas (nota 7) se assemelha ao dos não cotistas; nos cursos de Matemática e Física são 20% maiores. A evasão é menor entre os cotistas: 26% tinham desistido até metade do curso, contra 37% dos que entraram por livre concorrência.

A PGE recomendou a prorrogação da lei por mais dez anos por considerar que, no Rio, o sistema de cotas “tem se mostrado bem-sucedido na alteração das profundas distorções históricas na distribuição de oportunidades no quadro econômico, social e político brasileiro”. A lei foi aprovada na Alerj e sancionada pelo governador em setembro passado. As cotas seguem.

Seleção do Curso de Drywall da Redes da Maré 2019

0

Mais uma turma de jovens da Maré irá iniciar em abril a formação na técnica drywall. O curso, promovido pela Redes em parceria com a Knauf do Brasil e a Ireso, é composto por 280 horas e oferece aulas teóricas e práticas. Seu objetivo é proporcionar aos jovens qualificação técnica e teórica em drywall e gestão,  ampliando, assim, oportunidades profissionais.

Além de garantir qualificação técnica a jovens da Maré, a formação tem mudado a característica das construções e reformas no território. A técnica garante benefícios ao consumidor e ao meio ambiente. Saiba mais sobre o curso e a técnica Drywall na matéria do Maré de Notícias de novembro de 2018. (link pra matéria: https://mareonline.com.br/?p=39597 )

1.    Cleiton Peixoto

2.    Fabio Campos de Pontes

3.    Higor Pablo de Oliveira dos Santos

4.    Ícaro Miguel de Souza Costa

5.    Jonathan Bispo dos Santos

6.    Livian Regina do Nascimento Ferreira

7.    Lucas Bahia Santana

8.    Marciele da Silva dos Santos

9.    Matheus Conceição da Silva

10. Michael Douglas Souza dos Santos

11. Rafael de Freitas Mota

12. Ricardo Santos Porto

13. Taiane Marcela Silva Alves

14. Taluan José De Lira

15. Thaís dos Santos

16. Vitoria Regina Correia dos santos

17. Wallace da Silva Chaves

18. Wellington de Souto Silva

19. Wilson Ribeiro dos Santos da Silva

20. Zé Alexandre Viana Santos

ATENÇÃO!

Pedimos aos alunos selecionados que compareçam ao galpão RITMA, no dia 1º de abril, às 13h, na Rua Teixeira Ribeiro, nº 521, Nova Holanda.

Alunos protagonizam o combate à dengue na Maré

0

Atuação é feita através do projeto Heróis Contra a Dengue

Por: Camille Ramos

Elas têm idade entre 12 e 17 anos e já entendem a importância da mobilização coletiva para defender causas importantes. Um grupo formado por alunos da Escola Municipal Escritor Millor Fernandes, no Salsa e Merengue, e do Colégio Estadual Professor João Borges de Moraes, na Nova Holanda, formam os Heróis contra Dengue. O projeto é uma iniciativa da associação alemã IRESO e.V. em parceria com a Redes da Maré, apoiado e financiado pela IRESO e.V. e Kindermissionswerk e.V. Neste momento, contam ainda com a colaboração do World Mosquito Program (WMP) da Fiocruz. O objetivo é incentivar ações de conscientização contra as arboviroses dengue, zika, chikungunya e febre amarela, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.  

O projeto-piloto nasceu no ano passado e já contou com a participação de cerca de 60 adolescentes. Este ano, aproximadamente 40 alunos, 20 em cada escola, atuam no Heróis Contra a Dengue. As aulas são semanais e em parceria com as escolas, que liberam os alunos um pouco antes do horário para os encontros. A ideia é ensinar de forma lúdica e artística os cuidados necessários para impedir a ação do mosquito. Os estudantes recebem formação básica sobre as arboviroses para depois multiplicarem pelo território, visitando casas e fazendo um balcão de informações. “As pessoas só ficam doentes por falta de informação, elas precisam se conscientizar e, nós, fazemos isso na rua, entregando panfletos e alertandoo sobre os perigos. Entrego também para a minha família. Dei um para minha tia que está grávida para ela se prevenir contra as doenças e a microcefalia”, conta Afra Vitória, de 13 anos.

Outras duas escola, em Maricá e Teresópolis, recebem o projeto. Em 2017, uma equipe de tutores foi capacitada sobre as infecções, prevenção, tratamento e comunicação, e agora, debatem com os alunos temas e problemática sociais em comum nos quatro territórios selecionados. “Trabalhamos junto aos alunos não só a prevenção ao mosquito vetor, mas pensamos na falta de assistência como um todo. Por que a Maré é um dos territórios com maior incidência de focos coletivos? Temos aí uma questão particular de falta de saneamento e trabalhamos essa mobilização coletiva no Heróis Contra a Dengue”, conta Joelma de Souza, tutora na escola João Borges.                                     

O projeto ainda é experimental, com previsão até 2019, mas segundo Joelma existe, já em andamento, uma proposta de continuação e ampliação para mais alunos. “A ideia é que sejamos uma referência a partir do território para toda a cidade”, finaliza Joelma.


África, Brasil: Abdias Nascimento na Maré

0

Mostra revela um pouco das lutas e trajetória do multi-artista e ativista negro

Por: Hélio Euclides

Escritor, Ativista, ator, artista plástico, poeta, dramaturgo, docente, formado em economia, político: esse é Abdias Nascimento, que completaria 105 anos em 2019. Para comemorar a data, o Centro de Artes da Maré recebe a história de Abdias, sua trajetória de lutas no movimento social negro no Brasil e seu legado como defensor dos direitos das populações negras na exposição “Abdias Nascimento, a arte de um guerreiro”. A mostra é parte do acervo do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro) e reúne três entrevistas, um filme, 29 painéis e o quadro da linha do tempo dos povos africanos.

“A exposição mostra a importância de Abdias para a valorização da cultura negra. Muitas vezes, não temos a dimensão, e essas obras retratam o caminho que ele traçou. Percebemos que o que ele defendia na década de 1950, são as mesmas demandas até hoje: da valorização do negro. Abdias estava à frente de seu tempo”, conta Karla Rodrigues, assistente de coordenação do Núcleo de Memória e Identidade dos Moradores da Maré (Numim) e pesquisadora.

Para Davi Nascimento, mediador da exposição, a mostra é um incentivo a conhecer ainda mais a vida de Abdias. “A exposição retrata o potencial do negro. Até na cadeia, Abdias não perdeu a oportunidade de mobilização: criou o Teatro do Sentenciado, um grupo em que os atores eram os próprios presos. Ele mostra que todos somos negros, nascemos dos ancestrais que foram retirados à força da África. Esse território é a mãe da humanidade, um lugar que produz cultura. Esperamos que os visitantes possam absorver o conteúdo dessa exposição”, diz.

A exposição foi aberta no dia 14 de março, no evento “Carolina, Abdias e Marielle – Vida, Ancestralidade e Continuação”. Desde a abertura diversos moradores da Maré já a visitaram, mas a mostra não se limita à favela. A exposição já foi vista por pessoas de outros territórios, como estudantes de Campo Grande e Duque de Caxias. A exposição é uma parceria da Redes da Maré, Ipeafro, Criola, Editora Perspectiva, 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo e o Fórum Permanente pela Igualdade Racial (Fopir) e conta com o apoio do Itaú Cultural.

A exposição está em exibição no Centro de Artes da Maré, na Rua Bitencourt Sampaio, 181 (acesso pela pista lateral da Avenida Brasil, sentido Ilha do Governador, próximo à passarela 10) e pode ser conferida até 14 de junho, de segunda a sexta-feira, das 9h às 21h (visitas guiadas até às 17h), e, aos sábados, das 9h às 12h. Se o visitante desejar se aprofundar na obra de Abdias Nascimento, a pesquisadora e o mediador indicam os livros Quilombismo, que teve lançamento da nova edição na abertura da exposição, e O Genocídio do Negro Brasileiro.

Mais um dia de operação policial e negação de direitos na Maré

Por: Jéssica Pires

A rotina dos moradores da Maré, na tarde desta quarta-feira, seguia como de costume. Crianças na escola, comércios funcionando e pessoas circulando em seu território e desfrutando do simples direito de ir e vir. Até que, por volta de 13h, o cotidiano de algumas das favelas da Maré mais uma vez é brutalmente interrompido.
Nesta tarde, o som do helicóptero, que fazia voos rasantes e disparava tiros entre as favelas do Parque União e Nova Holanda, foi ouvido pelos moradores que alertaram a Redes da Maré, e dos próprios tecedores da organização que puderam ouvir de perto o som. Foram identificadas marcas de tiro na Praça do Parque União, onde as quartas-feiras acontece uma grande feira livre de frutas e verduras e também é um ponto conhecido pela variedade de bares e restaurantes, sempre com muita circulação de pessoas; na Rua Bittencout Sampaio, que recebe importantes espaços culturais da Maré – o Galpão Bela Maré e o Centro de Artes da Maré; e na Rua Teixeira Ribeiro, que além de ser um importante centro comercial da região, abriga ONGs, uma Clínica da Família e um núcleo de escolas. Momentos antes, o Centro de Artes da Maré recebia, inclusive, o Ministério Público Federal, órgãos de justiça e representantes de movimentos sociais para uma visita a pontos importantes da Maré. Moradores e comerciantes também relataram a presença de um carro blindado na Rua Bittencourt Sampaio.
De acordo ainda com os relatos de moradores, as escolas foram fechadas, colocando em risco não apenas mais um dia de ensino, mas a vida dessas crianças, jovens e dos profissionais da rede de ensino que se veem sem opção a não ser enfrentar esse cenário para buscar segurança. Os equipamentos da Redes da Maré (o prédio central, o Espaço Normal e a Casa das Mulheres da Maré) acolheram cerca de duzentas pessoas que procuravam abrigo no momento mais tenso da operação. Além disso, recebemos informações sobre carros, ar condicionados, entre outros bens de moradores e comerciantes depredados por tiros.
Segundo a assessoria da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, a operação resultou em dois mortos, um preso e um policial militar ferido. A PCERJ informou ainda, em nota, que a operação foi comandada pela Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA). Segundo eles, agentes que passavam pela Avenida Brasil, na altura de Bonsucesso, foram informados sobre um roubo na região e seguiram para a Maré para a incursão. A Delegacia de Homicídios está responsável pelo fato e segue em investigação. A pergunta que fica é: até quando a política de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro vai seguir desconsiderando os direitos das vidas nas favelas?

Justiça expede mandado de prisão para DJ Rennan da Penha

0

Criador do Baile da Gaiola é condenado a mais de 6 anos; fãs e artistas protestam contra decisão judicial

Por: Camille Ramos

No último dia 20, a internet quebrou com a expedição do mandado de prisão para o criador do Baile da Gaiola, o DJ Rennan da Penha. Realizador de um baile na Vila Cruzeiro para mais de 250 mil pessoas e precursor do funk 150 BPM que acelerou (e muito) o ritmo, Rennan Santos da Silva, foi condenado a 6 anos e 8 meses em regime fechado, juntamente com mais 10 pessoas, por associação ao tráfico de drogas.

O DJ já tinha sido inocentado em primeira instância da acusação, mas, após recurso do Ministério Público do Rio de Janeiro, foi condenado em segunda instância. No processo, o desembargador responsável pelo caso afirma que o DJ Rennan atuava como “olheiro” do tráfico, relatando “a movimentação dos policiais por meio de redes sociais e contatos no aplicativo WhatsApp”.

Em nota de esclarecimento divulgada no Instagram, a defesa de Rennan afirma que”Tal acusação é tão estapafúrdia que beira a inocência, eis que tal função demandaria discrição”, e os advogado concluem: “Rennan da Penha representa a cultura negra da periferia do Rio de Janeiro, e justamente por isso sofre amplo preconceito fora do ambiente onde nasceu e foi criado.

Encontra-se pendente de análise perante o STF, o pedido de habeas corpus para que Rennan aguarde em liberdade a apreciação de seus recursos nos tribunais superiores. “O mandado será expedido oficialmente esta semana e a defesa estuda apresentar o Rennan de maneira menos danosa possível”, contou Nilsomaro Rodrigues em entrevista ao jornal O Dia: “Ele não vai ficar foragido. Vamos apresentá-lo e buscar que o caso seja julgado rapidamente”.

Não é a primeira vez que um músico de favela é associado ao tráfico. Mc Smith, também da Vila Cruzeiro, chegou a ser preso em 2010 e depois foi liberado por falta de provas. “Nós perturbamos o ouvido de muita gente com as nossas músicas porque elas tinham o teor de revolta, de desabafo, de reivindicação. O que é crime? Roubar dinheiro público ou cantar proibidão? O proibidão é reflexo do que acontece aqui na favela. Se nosso país tivesse uma economia boa, saúde e educação perfeitas, eu não cantaria o proibidão. O proibidão nem existiria”, desabafou o cantor anos depois, em entrevista ao jornal Voz das Comunidades. Ontem, em duas redes, Smith se pronunciou novamente em defesa de funk e de Rennan. “Eu passei por isso em 2010, mas consegui sair ileso, mas sei que o DJ Rennan é um cara forte e vai superar. É isso, estamos com você, irmão!”, desabafou em seu Instagram.

Para reduzir questões de preconceito que são acentuadas pela desigualdade racial e social presentes em nosso país, foi criada uma plataforma de sustentabilidade social independente chamada O Nosso Legado, que atua por meio de criação de conteúdo audiovisual. Inúmeros artistas e ativistas ‘compraram’ a ideia e estão dando forma ao projeto.  “A ideia é um manifesto pensando pelo Junior Vieira e a Larissa Lopes que busca dar voz aos invisibilizados pela sociedade, que é um problema grande no nosso país”, conta Rene Silva, criador do Voz das Comunidades e ativista convidado a integrar o projeto. Ele ainda acrescenta “O caso do DJ Rennan se enquadra na proposta do projeto porque ele é um artista negro, favelado, que chegou no topo. As duas músicas mais ouvidas do carnaval eram do Baile da Gaiola. Então, a criminalização do favelado, do negro e do pobre, é muito grande.  Mesmo o funk sendo reconhecido como patrimônio cultural do Estado, ainda assim sofre um preconceito muito grande, principalmente por parte da polícia”, explica. Para conhecer melhor o trabalho da plataforma, acesse o site nossolegado.org.