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A favela recebe a 1ª Mostra Maré de Música

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Moradores terão a oportunidade de assistirem a bons shows. E melhor: gratuitos. Mostra é patrocinada pelo Projeto Natura Musical

Maré de Notícias #98 – março de 2018

Por: Hélio Euclides

Quem nunca ouviu a expressão “colírio para os meus olhos”? Mas quando se fala de música, poderíamos muito bem dizer que é um “colírio para os nossos ouvidos”. A música nos traz diversos benefícios: alivia a dor emocional, melhora a qualidade do sono, reduz o estresse e a ansiedade, facilita a produção e o aprendizado, melhora a performance nos exercícios e nos deixa felizes. Imagina, então, poder desfrutar da boa música em 16 shows gratuitos. Esse é um dos objetivos da Mostra Maré de Música, que vai reunir artistas da Maré e visitantes a outros, já consagrados, revelando aos cariocas a efervescência cultural e artística da periferia. A Mostra será realizada de março a outubro, no Centro de Artes da Maré e na Lona Herbert Vianna.

A Mostra Maré de Música levará aos moradores da Maré e de outras partes da cidade, várias atrações musicais e pretende, com isso, revelar estilos e conceitos musicais, conectar artistas de diferentes origens e mostrar os novos sons do Brasil. “A ideia é muito boa, promover um encontro do artista da periferia com aquele que já tem uma visão do cenário musical. Acredito que o desdobramento será interessante, por não ser um evento pontual, vai crescer a cada mês”, exalta Rodrigo Maré, ator e músico. A Mostra apresentará, mensalmente, dois shows e cada um deles contará com duas atrações – sendo uma delas um artista de território popular, potencializando a cena musical carioca e trazendo à tona a riqueza musical da Maré.

Efervescência cultural da Maré

Administrada pela Redes da Maré e patrocinada pelo projeto Natura Musical, a Mostra Maré de Música é uma excelente oportunidade para que os cariocas conheçam a efervescência cultural local, que reúne diversos ritmos. “Vamos mostrar que a favela produz, e tem direito à cultura. Apagar aquela visão de que na favela só se cria produto amador ou secundário. Aqui dentro se produz coisas muito boas, de qualidade, com muito mais potência, já que vem carregada de resistência, unidade, reflexão e diálogo”, detalha Rodrigo. Ele acredita que é sempre bom se criar novas opções culturais, pois ainda há poucas formas de entretenimento para um mundo de gente, que é a Maré.

O projeto vai contra a ideia de que nos territórios favelados há apenas violência, não havendo programações ligadas à arte e à cultura. Ele fomenta a produção cultural nas favelas, ajudando a população a expandir o sentido de cidade, deslocando-se de regiões centrais em direção às periferias, contribuindo para a construção de redes de valorização e democratização cultural, por meio da música. “Um evento como esse significa um incentivo do movimento da galera daqui e de outras partes da cidade. Vai mostrar que a Maré é ampla, com diversas cenas e movimentos musicais. O que precisamos é de políticas públicas que fomentem isso, e que todos tenham acesso, já que é direito do cidadão”, finaliza Rodrigo Maré.

Não perca: a programação da Mostra será divulgada na próxima Edição do Maré de Notícias.

Prevenir é a palavra de ordem

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Segundo o portal data_labe, jovens nascidos nos anos 1990 já são os mais afetados pelo HIV na história do País.

Maré de Notícias #98 – março de 2018

Por: Camille Ramos

Precisamos falar sobre prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) nos grupos de amigos, com a família e, principalmente, com os parceiros sexuais. E isso é urgente! Fazer sexo sem proteção tem aumentado o número de ISTs entre jovens de 25 a 39 anos, segundo dados do Ministério da Saúde. Causada por vírus, bactérias ou outros microrganismos transmitidos, principalmente, por meio do contato sexual, IST é a nova sigla que o Ministério da Saúde adotou para substituir o termo DST (Doença Sexualmente Transmissível). A mudança aconteceu porque o “D” de DST estava relacionado à doença, que necessita de sintomas e sinais visíveis no organismo para ser detectada.

HIV: sobe em 590% entre homens de 15 a 19 anos

Independentemente de toda a informação que se tem, o aumento de jovens infectados não para de crescer. Segundo pesquisa recente do portal data_labe (laboratório de dados e narrativas na favela), jovens nascidos nos anos 1990 já são os mais afetados pelo HIV na história do País, superando as gerações anteriores. Entre 2007 e 2017, o número de casos subiu quase 140% na população em geral, de acordo com o mais recente Boletim Epidemiológico de HIV/Aids lançado pelo Ministério da Saúde. Entre jovens de 15 a 19 anos do sexo masculino, o aumento chegou a 590%.

Para a enfermeira Sara Mançano, que atua na Clínica da Família Jeremias Morais da Silva, na Nova Holanda, essa geração tem um modo diferente de encarar as ISTs. “Quando os jovens chegam aos consultórios, eles já sabem sobre as infecções porque, geralmente, fizeram pesquisas pela internet. Mas quando recebem o resultado de sorologia positiva, o susto é muito grande. A questão é que eles acreditam que só acontece com o outro. Antigamente, nos anos 1980, os jovens viam as pessoas morrendo. Hoje já não é assim. O HIV não tem cara”, conta.

Nas clínicas da família é oferecido serviço gratuito e rápido com testes de HIV, sífilis e hepatites B e C, com resultado em 15 minutos, diagnóstico e acompanhamento na própria clínica. Outro teste gratuito e instantâneo é o de gravidez. É importante frisar que algumas ISTs não apresentam sintomas, mas podem ser detectadas por meio de exames laboratoriais, o que aumenta a importância de se manter uma rotina de acompanhamento médico regular, com a realização de exames. 

Casa das Mulheres recebe curso de Capacitação Profissional em Cabelos Naturais

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Por: Camille Ramos

Doze moradoras da Maré estão recebendo capacitação profissional na Casa das Mulheres para atuar no mercado de cabelos naturais. O curso está na sua terceira semana e é uma iniciativa de Renata Varella e Andressa Abreu, criadoras do Clube das Pretas, que presta consultoria especializada em cabelos crespos e cacheados naturais. Ao todo, serão oferecidas 200 horas de aula sobre corte, penteado e auxílio na transição capilar.
O projeto é uma criação piloto que tem por objetivo inserir mulheres em situação de vulnerabilidade social no mercado de trabalho, direcionando-as para a área de cabelos naturais, que conta com uma demanda crescente e poucos profissionais preparados. “Trabalhamos uma forma específica para cuidar do cabelo de mulheres negras, então montamos o curso pensando em falar também sobre desenvolvimento pessoal, cidadania, trato com a mulher, como entrar no campo do outro, como estar preparada para tocar na cabeça do outro. É um conteúdo bem completo. E elas estão no caminho da desconstrução, encantadas com a possibilidade de ver os resultados que conseguimos atingir de forma natural. É importante repassar esse conhecimento e mostrar que a mulher negra merece um atendimento digno”, conta Renata Varella.  
As aulas acontecem todos os dias e o conteúdo foi pensado e estudado pelo Clube das Pretas. A ideia é que o curso circule por mais favelas do Rio. Para viabilizar o material, que é todo oferecido por Renata e Andressa, foi criada uma vaquinha online disponibilizada no link abaixo. Contribua! bit.ly/doeclubedaspretas

Fotos: Camille Ramos


Tiros vindo do alto transformam em alvo moradores

Policiais são acusados de atirar a esmo de torre, resultando em mortes e medo

Por: Hélio Euclides

Moradores de Manguinhos denunciam ao Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública, a atuação de atiradores de elite, na torre que fica dentro da Cidade da Polícia, no complexo da Polícia Civil, a cerca de 250 metros da Praça do Flamenguinho. A acusação é de tiros desferidos a esmo, com dois mortos só no mês de janeiro, na esquina da Rua São Daniel em circunstâncias parecidas. Em dias calmos, sem tiroteio nem operações policiais.

O Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (GAESP/MPRJ), em conjunto com a 23ª Promotoria de Investigação Pena (PIP/MPRJ), instaurou procedimento investigatório criminal para buscar de maneira independente as circunstâncias da morte de Rômulo Oliveira da Silva. No mesmo sentido, foi regularmente instaurado inquérito policial na Delegacia de Homicídios da Capital; inquérito este que está sendo acompanhado pelo Ministério Público Estadual. Todas as diligências técnicas indispensáveis, bem como a obtida de todas as testemunhas, tem sido realizadas de forma coordenada entre o MPRJ e a Polícia Civil.

Os mortos foram Rômulo Oliveira da Silva, de 37 anos, e Carlos Eduardo dos Santos Lontra, de 27 anos. Relatos obtidos pela Defensoria Pública apontam para outras três execuções ocorridas no mesmo local no fim do ano passado. Um sobrevivente, de 22 anos, que prefere não identificar, foi atingido por disparos ao passar de moto pelo mesmo local.

Primeira mulher negra a presidir a Comissão de Direitos Humanos da Alerj é mareense

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Renata foi uma das 10 deputadas mais votadas no Rio, com 63.937 votos e era chefe de gabinete da vereadora Marielle Franco

Por: Camille Ramos

A deputada Estadual Renata souza, nascida e criada na Nova Holanda, uma das 16 favelas do Complexo da Maré, assume hoje o posto de Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Eleita por unanimidade, Renata inaugura o posto como primeira mulher negra a presidir a Comissão, que há cerca de 20 anos atende vítimas de violações de Direitos Humanos. Além de atendimento a vítimas, a Comissão analisa e discute propostas dos deputado e políticas públicas.
“Por dez anos, trabalhei nesta comissão ao lado da minha amiga e vereadora Marielle Franco. Assumir a presidência hoje é ter a certeza de que nosso trabalho, construído na última década junto com o deputado Marcelo Freixo, terá continuidade. Quando uma mulher negra ocupa um lugar que socialmente foi negado para nós, ela representa todas as mulheres. Mães que perderam seus filhos para a violência do estado, esposas que perderam seus maridos em serviço, mães que não conseguem matricular seus filhos na escola por não ter vaga e tantas outras mulheres negras que batalham diariamente para sobreviver”, diz a deputada Renata Souza em matéria do Jornal O Dia.