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Um verão daqueles

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A pergunta, certamente, foi uma das mais formuladas neste verão, um dos mais quentes e secos dos últimos anos; na Maré, moradores usam a criatividade para amenizar os efeitos das altas temperaturas

Maré de Notícias #97 – fevereiro de 2019

Por: Hélio Euclides

O Carnaval só será em março, mas o morador da Maré já pode andar pelas ruas no ritmo da marchinha de Haroldo Lobo e Nássara: “Allah-la-ô, ô ô ô ô ô ô. Mas que calor, ô ô ô ô ô ô. Atravessamos o deserto do Saara. O Sol estava quente. Queimou a nossa cara…”. No início de dezembro, era possível ver cariocas de casacos, mas depois dessa fase o calor veio com toda a força. De todas as formas, os moradores da Maré tentam driblar o verão, até agora com poucas chuvas.

Com o sol forte, dois artigos que eram usados para se proteger da chuva reapareceram nas ruas: o guarda-chuva e a sombrinha. “Está muito calor! Por isso que minha filha utiliza sombrinha para proteger minha neta. Este verão está muito quente, nem dá para ficar em casa, pois o ar-condicionado não dá vazão”, desabafa a moradora do Parque Maré, que se identificou apenas como Débora.

A filha de Débora não é a única a incorporar o uso de sombrinhas no dia a dia. Outros moradores também não saem de casa sem o item. “Está muito quente, por isso, ao sair, uso sombrinha para me proteger do sol. Para piorar, lá em casa o ar-condicionado quebrou”, conta Maria Mourão, moradora da Nova Holanda.

Algo que também tomou conta da paisagem da Maré foram as piscinas e chuveiros. Um destes é de Joyce Luzia, moradora da Baixa do Sapateiro, que tem um filho de dois anos. “Para enfrentar esse calor, uma boa opção é banho na criançada. Dentro de casa o ventilador não é o suficiente para enfrentar o ambiente quente”, conta Joyce, que instalou o chuveiro em frente de casa.

A criatividade é ilimitada e alguns aproveitam até as caixas d’água vazias. “Acredito que a Baixada Fluminense é mais quente. Mas sempre que visito os meus familiares na Nova Maré utilizo protetor solar nos meus filhos e os coloco numa caixa d’água, que virou piscina para a criançada”, diz Stephanie Ultramar, moradora de São João de Meriti.

O mar: uma alternativa gratuita

Apesar da moda das piscinas, muitos aproveitam o mar no seu quintal. Para moradores da Praia de Ramos e Roquete Pinto, além do lazer, o Piscinão é uma alternativa para fugir do calor. “Penso que este ano o calor veio muito mais forte. O Piscinão é a melhor opção nas folgas, por ser ao lado de casa e uma atividade de graça. Aproveito para trazer filhos e sobrinhos, e ofereço bastante suco, sorvete e água”, conta Daiane Lino, moradora de Roquete Pinto.

Nabilla Lacerda, moradora do Morro do Timbau, acredita que, no verão, a palavra-chave é criatividade. “Para amenizar esse calor, a minha opção é procurar outros locais da cidade, como o Parque da Tijuca”. Mas Nabilla não descarta o Piscinão como opção para se refrescar. “Outra alternativa é a praia, como o Piscinão de Ramos, que é perto de casa. Aqui, não demora para chegar, o que melhora a qualidade de vida”, diz.

Bicicletas

Mas nem todos podem aproveitar a praia ou o Piscinão. O jeito, então, é enfrentar o sol para ir ao batente de uma forma que sinta menos calor. “Moro próximo à Linha Vermelha, na Vila do Pinheiro, e com o calor muito forte, a forma para driblar a longa caminhada é ir até a Avenida Brasil com o uso da bicicleta. É uma opção para chegar mais rápido ao destino, a bicicleta ajuda muito, é um adianto”, relata Roberval Luna. Ele é um dos trabalhadores que deixam todos os dias sua bike no bicicletário da passarela da Vila do João. Algo que se repete nas passarelas do Conjunto Esperança, Bahia, Posto Saci e Marcílio Dias.

?A Redes da Maré seleciona Instrutora de Gênero para atuar no projeto Casa das Mulheres da Maré

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Inaugurada em outubro de 2016, a Casa das Mulheres da Maré é um espaço concebido pela Redes da Maré para fomentar o protagonismo das mulheres da região, contribuindo para a melhoria da condição de vida delas e, consequentemente, de todos que as cercam.

As atividades oferecidas na casa no Parque União, se encaixam em diferentes frentes de trabalho: qualificação profissional, enfrentamento das violências contra as mulheres, atendimento sociojurídico e psicológico e a articulação territorial para a criação de uma agenda positiva nas políticas públicas para as mulheres.

A Instrutora atuará nas aulas de Gênero para as alunas dos cursos de qualificação profissional oferecidos pelo espaço, além de participar em reuniões de equipe. As aulas acontecem às quartas-feiras e às sextas-feiras, de manhã e à tarde.

Requisitos para concorrer à vaga: 

– Ter formação em áreas sociais e humanas;

– Ter experiência comprovada em atividades educativas para mulheres;

– Ter disponibilidade de 16 horas semanais, sendo obrigatoriamente quarta e sexta-feira;

– Boa capacidade de trabalho em equipe;

– Boa capacidade de trabalhar em rede;

– Compreensão sobre teoria da interseccionalidade;

– Habilidades em elaborar atividades e desenvolver planos de aulas criativos. 

A Redes da Maré é uma instituição que busca garantir a diversidade étnico-racial e a equidade de gênero em sua atuação. Encorajamos a candidatura de mulheres negras e/ou transgênero.

Cronograma:

Enviar currículo e carta de motivação até 13/02/2019 para: [email protected]

Vaga para contratação a partir de Março/2019.

Lista de selecionados para o preparatório para o Ensino Médio e 6º Ano 2019

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Confira a lista de aprovados no processo seletivo para os Preparatórios para o 6º ano e Ensino Médio da Redes da Maré.

As matrículas serão realizadas entre os dias 04 e 08 de fevereiro de 2019 no prédio central da Redes da Maré – Rua Sargento Silva Nunes, nº 1012. Os candidatos classificados que não realizarem a matrícula no período referido serão, automaticamente, eliminados e suas vagas serão preenchidas pelos candidatos da lista de espera, já no primeiro dia de aula. No ato da matrícula, o candidato deve apresentar:

• Cópia da identidade e CPF (quem não tiver, é fundamental que tire – os processos seletivos exigem);

• Comprovante de residência;

• Comprovante de escolaridade;

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Começa formação sobre segurança promovida pelo Eixo de Acesso à Justiça e Segurança Pública da Redes da Maré

Sistema de Segurança Pública e Atuação em Favelas é tema do primeiro encontro; segunda aula acontecerá na próxima quinta, 31

A primeira aula do curso Falando sobre Segurança Pública reuniu nessa terça-feira, 29, moradores da Maré e interessados na questão. O tema do encontro foi ‘Sistema de Segurança Pública e Atuação em Favelas: Impactos, Desafios e Dilemas’.  “Só podemos pensar em uma cidade melhor, quando ela deixar de ter uma diferença tão grande de mortes entre territórios. Mais de 40 mortes em um ano, em um ponto; e uma morte em outro. Mesma cidade, mesma polícia”, comentou Edson Diniz, diretor da Redes da Maré, que conduziu a aula.

Foi apresentado o histórico da construção das favelas do Rio de Janeiro; possíveis explicações para a atual crise de segurança e as consequências dessa crise; dados sobre a Intervenção Militar na Maré de 2014; dados sobre a Intervenção Federal e saídas possíveis com modelos existentes como o da cidade de Medellín, na Colômbia.

Estigma

Um dos pontos abordados sobre o histórico das favelas diz respeito à maneira com que os veículos de comunicação fortaleceram o estigma desses territórios como locais apenas de violência e ausência. A consequência disso foi a instauração da ‘guerra às drogas’, conhecida por todos os habitantes das favelas e que tem como consequência a morte de jovens pobres e negros, perdas econômicas e ainda o medo, a angústia e a insegurança, sobretudo, em regiões que têm a atuação de grupos civis armados que concentram a venda de drogas.

A segunda aula, que será realizada no dia 31 de janeiro, quinta-feira, terá como tema “Favela e Território: a História da Maré”, com o professor Ernani Alexandre, da Redes da Maré. Nela, será trabalhado o contexto de construção da favela enquanto território que pertence à cidade, as lutas e as conquistas dos moradores da Maré, além dos impactos das intervenções de Segurança Pública.

Serão 10 encontros com convidados da Maré, especialistas e ativistas de Segurança Pública. Saiba tudo sobre a programação aqui.

Chacina também é sinônimo de barbárie

Por: Camille Ramos

No dicionário, o significado original da palavra chacina é abate ou esquartejamento de porcos e bois para consumo. No entendimento popular, chacinas são assassinatos que acontecem em massa. Os dois significados se aproximam pelo ato de tirar vidas em série e por também ter pré-definido o alvo a ser morto. De acordo com o Atlas da Violência de 2018, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em 2016 foram cometidos 62.517 assassinatos no país, colocando o Brasil em um patamar 30 vezes maior do que o da Europa. Dessas mortes, 71,5% das pessoas eram pretas ou pardas.

A chacina de São Gonçalo e Itaboraí, que aconteceu na madrugada do último dia 20, traz à tona uma série de assassinatos coletivos que ficaram na memória da cidade. E em comum, eles têm o mesmo alvo: negros, jovens e periféricos. Dados de 2018 apontam que 189 pessoas foram mortas em chacinas no Rio de Janeiro, destas, 105 aconteceram durante confrontos com policiais. 

Foram nove assassinatos em São Gonçalo, como houve sete na Maré em junho do ano passado, incluindo um adolescente que estava a caminho da escola. No mesmo ano aconteceram mais cinco mortes na Maré, em uma operação que durou mais de 17 horas. É difícil imaginar doze mortes no mesmo ano em um bairro com cerca de 140 mil pessoas, como na Barra da Tijuca. Da mesma forma que é difícil lidar com cinco jovens mortos em Maricá, dentro do condomínio que davam aulas e, ainda, com 111 tiros disparados em um carro com cinco jovens negros em Costa Barros, como aconteceu em 2015.